Antes de começar esta postagem
gostaria de deixar registrada minha estranheza ao interessante fenômeno que é a
tendência de muitas pessoas a considerar homossexual todos aqueles que ousam
defender publicamente algum direito dos homossexuais. É estranho como você pode sair em defesa das
crianças sem ser chamado de bebê, defender os indígenas sem ser chamado de índio,
ou mostrar seu repúdio à forma como se tratam os animais sem ser chamado de
bicho, mas quando você fala sobre homossexualismo, sempre se escuta em algum
momento: seu gay! Não sou homossexual, mas caso algum homofóbico leia esta
postagem e quiser me chamar de gay nos comentários, tudo bem, sinta-se à
vontade pois não me ofenderei, assim como espero que você também não se ofenda
ao lhe informar que você é um doente mental (me perdoem por favor todos aqueles
que sofrem de doenças, distúrbios e transtornos mentais pelo mau uso que faço
aqui do termo, associando-o a um tipo tão desprezível de sujeito), pois não há
outro termo que eu pense no momento para definir adequadamente uma pessoa que
se incomode tanto com o que outras façam ou deixem de fazer com suas vidas
privadas.
Vejo a homossexualidade como uma
questão de preferências. Por exemplo, eu torço para o Flamengo e não torceria
para o Vasco, Fluminense ou Botafogo, mas acho que todos tem o direito de
torcer para o time de sua preferência, e que se todos torcessem para o mesmo
time, o mundo seria uma merda. Dentro desta analogia, se alguém é vascaíno,
tricolor ou botafoguense, não vejo nenhum motivo para espancar, humilhar,
privar de algum direito ou tentar criar alguma lei no Congresso Nacional para
considerar alguém doente. Todos tem o direito a ter o seu gosto ou mau gosto.
Na noite de 27 para 28 de
novembro vi uma entrevista muito boa que o apresentador Jô Soares fez com a
cantora Daniela Mercury, onde também apareceu a esposa desta, a jornalista Malu
Verçosa. Para quem não sabe ou não se lembra, em 2011 os Ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) reconheceram por unanimidade o direito à união estável
entre pessoas do mesmo sexo com todos os direitos de um casamento, e em 2013 o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução obrigando todos os
cartórios do país a realizarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O
casamento de Daniela Mercury, mais do que uma cerimônia, foi um marco e um
símbolo da consolidação do direito de milhões de brasileiros, por se tratar de
uma celebridade e de ter tido grande repercussão na mídia.
Apesar de ser uma conquista, o
fato de ter sido uma imposição do Poder Judiciário, e não uma mudança na
legislação de iniciativa do Poder Legislativo (que em teoria representa o
interesse de todos os brasileiros através de integrantes eleitos pelo voto), é
uma coisa muito triste. Muito pelo contrário, nadando na contramão da sociedade,
parte do legislativo ainda escolhe um fanático religioso para a presidência da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (não citarei o
nome porque acho que ele já teve publicidade demais em outros meios e não darei
mais esta ajuda, pois já saquei a estratégia: falem mal mas falem de mim pois a
eleição está chegando e meu nome precisa estar em evidência pois muitos milhões
concordam comigo!). Mas não seria de outra forma em um país onde o voto tem que
ser obrigatório para que a população vá às urnas votar e onde o assunto seja um
tabu tão forte.
Um dos argumentos mais utilizados
por quem é contra a decisão, é que a legislação brasileira definiria como casal
a união entre o homem e mulher. Bom, assim como o cavalo já foi a definição de
meio de transporte rápido, o arco e flecha era uma arma eficiente e mortífera,
o escravo era uma propriedade e a monarquia sinônimo de estado moderno, a
definição de casal também deve mudar. Não dá mais para negar o fato que milhões
pessoas mantém relacionamentos afetivos estáveis com outras do mesmo sexo, vivento
sob um mesmo teto, dividindo as despesas, dormindo na mesma cama e muitas vezes
até mesmo criando filhos. A definição de casal já mudou e se achamos estranho
que ela abranja o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, imagine se as
possibilidades que o futuro nos reserva com androides, inteligências
artificiais, mutantes, melhoramentos genéticos, alienígenas, etc. se tornarem
realidade! Mas até lá acredito que nossos descendentes serão bem mais sábios
para tratarem do assunto, e a homofobia será apenas mais uma chaga vergonhosa
na história humana, como foram a escravidão, a inquisição o holocausto e tantos
outros absurdos.
Para ver a entrevista com Daniela Mercury no Programa do Jô, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário