terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os melhores livros de ficção científica militar

Ficção científica militar é um subgênero da ficção científica com tramas que se passam em guerras, sejam no espaço ou na Terra, em que os protagonistas lutam em exércitos regulares. Desta forma, histórias sobre grupos rebeldes lutando contra regimes galácticos opressores, como em Star Wars, não se encaixam nesta categoria, sendo classificadas mais adequadamente como Space Operas.

Este ramo da ficção científica não deve ser acusado de propaganda à guerra e ao militarismo – livros como Forever War fazem críticas contundentes à guerra. São histórias que exaltam a luta pela sobrevivência nos campos de batalha, o companheirismo entre os soldados, a defesa da humanidade, e a coragem, determinação e união que são exigidas para derrotar inimigos muito mais poderosos.

A lista segue a ordem cronológica de lançamento. Os que estão com o título em português foram publicados no Brasil.


1) Tropas Estelares (Starship Troopers), de Robert Heinlein, 1959

Livro que inaugurou o gênero, mostra a humanidade representada pela Confederação Terrestre em uma guerra interestelar contra alienígenas com formato de insetos do planeta Klendathu. O protagonista é Juan “Johnnie” Rico, um recruta da Infantaria Móvel de um exército futurista de soldados equipados com poderosas armaduras de combate, as Jump Suits. A trama acompanha sua ascensão de soldado até oficial nas fileiras do exército e suas diversas batalhas contra os bugs.

É o livro mais controverso da lista, pois mostra um futuro em que só é cidadão com direito ao voto aquele que serve nas forças armadas da Confederação Terrestre. O livro também toca em temas como pena de morte, castigos físicos, militarismo, democracia e liberdade. Seu autor, Robert Heinlein, foi oficial da Marinha dos Estados Unidos e é considerado um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos, sendo sempre colocado ao lado de nomes como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. Ele foi acusado diversas vezes de fascismo por Tropas Estelares, mas é curioso como anos mais tarde este mesmo autor escreveu Stranger In a Strange Land, livro se tornou inspiração para os hippies e a geração Sexo, Drogas e Rock ’n’ Roll.

O livro ganhou o prêmio Hugo de melhor romance em 1960 e foi adaptado para o cinema por Paul Verhoeven em 1997. O filme não respeita muito a história original e não fez muito sucesso nas bilheterias, mas é considerado um cult e foi muito elogiado pela crítica como uma sátira fascista do militarismo americano. O filme teve duas continuações horrorosas de baixo orçamento, Starship Troopers 2: Hero of the Federation, de 2004, e Starship Troopers 3: Marauder, de 2008; uma série de animação com 37 episódios, Roughnecks: Starship Troopers Chronicles; um longa em animação gráfica chamado Starship Troopers: Invasion; e várias minisséries em quadrinhos pela editora Dark Horse Comics. Há planos para uma nova adaptação para o cinema, desta vez mais fiel ao material original.


2) Guerra Sem Fim (Forever War), de Joe Haldeman, 1974

Mais um clássico da ficção científica militar, neste livro acompanhamos a história do recruta William Mandela, que se alista nas forças armadas das Nações Unidas para lutar em uma guerra interestelar contra alienígenas conhecidos como Taurianos. Para viajar as vastas distâncias interestelares as naves viajam através de portais chamados colapsares, que permitem viajar muitos anos-luz em segundos, mas com pesados efeitos relativísticos – no planeta Terra se passam décadas ou até séculos a cada viagem.

Este livro não é apenas uma imitação de Tropas Estelares ou uma Space Opera qualquer. O recruta William Mandela não é um herói que salva o dia com grandes atos de heroísmo e bravura, mas sim, uma pessoa comum relutando em lutar uma guerra que não entende e está mais preocupado em sobreviver e voltar para casa. Ele continua vivo mais por sorte do que por sua habilidade como guerreiro ou da estratégia adotada por seus comandantes, em uma guerra onde milhares morrem no interior das naves sem sequer ter a chance de lutar contra o inimigo.

O foco da história é nas mudanças ocorridas na sociedade terrestre após as décadas que se passam até o seu retorno – devido à dilatação temporal – e em sua dificuldade de adaptação aos novos tempos. Com a economia mundial cada vez mais destroçada por causa da guerra, o planeta é um local cada vez mais perigoso, com a ruas dominadas por bandidos; governos racionam alimentos e tentam conter o crescimento populacional incentivando cada vez mais o controle de natalidade e as relações homossexuais. Com o passar dos séculos praticamente todo cidadão é gay, e os costumes e a linguagem mudam tanto que nosso protagonista quase não consegue se comunicar com outras pessoas. A cada retorno o mundo se torna um lugar tão diferente que ele se sente cada vez mais deslocado e sem vontade de se adaptar, à vontade somente na presença de outros veteranos, o que faz ele continuar na carreira militar.

Um alerta: não há nenhuma crítica ao homossexualismo nesta história! O autor foi veterano da guerra do Vietnã, sendo ferido em combate e condecorado com uma das mais altas comendas das forças armadas americanas. Guerra Sem Fim é uma metáfora da situação daqueles que lutaram nesta guerra e voltaram para a casa no final dos anos 60 e início dos anos 70 – época de algumas das maiores transformações culturais já vistas na história da humanidade – e encontravam uma sociedade muito diferente daquela que deixaram. Foi a época dos grandes protestos contra a guerra, os arsenais nucleares, o preconceito racial e sexual; e pelos direitos civis, a liberação sexual, a liberalização das drogas e a paz mundial.

Guerra Sem Fim ganhou o prêmio Nebula em 1975, e os prêmios Hugo e Locus em 1976. Teve duas continuações: Forever Free, de 1997 e Forever Peace, de 1999. Em 2008 o cineasta Ridley Scott anunciou ter comprado os direitos para adaptar o livro para o cinema.


3) Armor, de John Steakley, 1984

O menos badalado da lista – mas nem por isso de qualidade inferior –, este livro pode parecer à primeira vista uma imitação barata de Starship Troopers se você ler desatentamente alguma resenha sobre ele, mas esta impressão é desfeita logo nas primeiras páginas. No futuro a humanidade está envolvida até o pescoço na Antwar, uma guerra contra alienígenas de três metros de altura em formato de insetos conhecidos como ants. Para combatê-los, os soldados humanos lutam com super-armaduras que são o produto de centenas de anos de evolução tecnológica. Felix é um soldado batedor enviado para Banshee, planeta de origem dos alienígenas, em uma grande ofensiva da humanidade em território inimigo. Os humanos são emboscados e massacradas pelos insetos, que estão em esmagadora maioria e contam com armas desconhecidas que pegam as tropas de surpresa. Em meio ao enxame de inimigos uma estranha entidade chamada engine assume o comando da mente de Felix e ele começa a lutar com uma ferocidade e habilidade jamais vistos em um ser humano, transformando-se em uma máquina de matar. Após uma verdadeira carnificina em meio a milhares de inimigos, Felix se vê como o único sobrevivente das tropas enviadas ao planeta, e logo depois de ser resgatado é enviado novamente ao front. Ele sobrevive batalha após batalha, suportando as mais duras provações, sempre salvo nos momentos cruciais pela engine; com o tempo ele acaba se questionando sobre a razão desta guerra e como ele se tornou o ser humano com mais combates no currículo, além da misteriosa natureza da entidade que o comanda quando ele está em perigo.

Em outra trama paralela, um pirata espacial que adotou a alcunha de Jack Crow consegue fugir de uma prisão alienígena e se junta à tripulação da nave de um grupo de desertores da Antwar. A nave do grupo vai até Sanction, um distante planeta com uma colônia de pesquisa onde Jack terá de se infiltrar entre os pesquisadores e traí-los para roubar seu combustível para a nave. Mas conforme ele vai vivendo o dia a dia da colônia e se envolvendo cada vez mais com seus habitantes, sua lealdade começa a mudar de lado. Enquanto isso, em uma nave perdida no espaço, uma armadura carrega as lembranças de um soldado que lutou diversas batalhas na Antwar. Esta é a armadura de Felix, o melhor mais experiente soldado da humanidade.

Que fim levou Felix e como sua armadura foi parar em uma nave perdida no espaço? Quem terá a lealdade de Jack Crow? As duas tramas se unem em um dos finais mais eletrizantes que eu já li.


4) All You Need Is Kill (Ōru Yū Nīdo Izu Kiru), de Hiroshi Sakurazaka, 2004

Único livro da lista de um autor que não é americano – Hiroshi Sakurazaka é japonês, como o nome já indica – e o único que se passa na Terra. Neste a humanidade luta há anos contra uma horda de alienígenas conhecidos como mimics. Acompanhamos o soldado Keiji Kiriya, um recruta da divisão de armaduras de combate do exército japonês que morre em poucos minutos na sua primeira batalha, mas acorda no dia anterior à sua morte. Antes de morrer ele encontra a lendária Full Metal Bitch, uma supersoldado das forças especiais americanas que luta com um machado gigantesco e é a melhor combatente da humanidade.

Ele então percebe que sempre que morre, acaba retornando à mesma hora do dia anterior à batalha e decide então aproveitar a situação para melhorar suas habilidades de combate, como em um grande jogo de vídeo game. Em seu novo treinamento ele é ajudado pelo Sargento Ferrell Bartolome, um veterano de muitas batalhas contra os mimics – e que curiosamente é brasileiro – e por Rita Vrataski, a Full Metal Bitch.

O livro é muito bom e tem batalhas sensacionais. Apesar de narrar uma guerra contra alienígenas, a forma como são descritos o relacionamento entre os soldados e as batalhas é bem realista. A história nos passa algo próximo ao que deve ser lutar em uma guerra e perder companheiros em combate. A explicação do loop temporal em que o soldado Keiji Kiriya está preso e a origem e dos mimics são bem criadas e fundamentais no desenvolvimento da trama. O desfecho é arrasador.

Gostei muito da Rita Vrataski/Full Metal Bitch e de sua opção, em meio de uma guerra com armaduras tecnológicas de última geração, pelo uso do milenar machado e sua justificativa bem sensata para tal. Esta personagem rouba a cena!

O livro foi adaptado para o cinema americano sob o nome Edge of Tomorrow (No Limite do Amanhã por aqui), com Tom Cruise no papel principal e Emily Blunt como Rita Vrataski/Full Metal Bitch. Há ainda uma adaptação para mangá desenhada por Takeshi Obata, conhecido pelos desenhos de Hikaru No Go, Death Note e Bakuman, que será lançado ainda este ano no Brasil pela JBC. Também existe uma adaptação horrorosa para os quadrinhos nos Estados Unidos.


5) Old Man’s War, de John Scalzi, 2005

“Eu fiz duas coisas em meu aniversário de setenta e cinco anos. Visitei o túmulo de minha esposa. Então me alistei no exército.”

Com esta fantástica abertura começa o mais recente livro desta lista. Esta é a história de John Perry, que aos 75 anos decide entrar para as Forças de Defesa Colonial em um futuro onde a humanidade está se espalhando entre vários sistemas estelares na galáxia. Mas em seu caminho há várias espécies alienígenas que não estão dispostas a dividir seu espaço, e há guerra em muitas frentes. A FDC não está interessada em recrutas jovens, ela prefere pessoas experientes dispostas a abandonar suas vidas na Terra, lutar por um período e depois colonizar um planeta distante, sem jamais voltar ao planeta de origem da humanidade. Para isso elas ganham corpos geneticamente alterados e modificados com nanotecnologia que lhes dão força, velocidade e resistência amplificados, para poderem lutar contra as mais diversas raças alienígenas que encontrarão na expansão e defesa das colônias humanas. Todos também possuem um implante neural que funciona como dispositivo de comunicação e computador pessoal, que realiza comunicação diretamente com o cérebro do combatente e serve de tradutor, mapa, controle de armamento entre outros.

Romance de estreia do escritor John Scalzi, Old Man’s War é marcada por um excelente protagonista, com personagens coadjuvantes muito interessantes – muitos dos quais infelizmente morrem – e, principalmente, muito bom humor. Há passagens muito hilárias, com destaque para o período de recrutamento e o Sargento que fica responsável pelo treinamento dos futuros soldados. O livro brinca com nossos preconceitos quando mostra espécies alienígenas de aparência ameaçadora, mas que são superavançados e pacíficos; enquanto outras tem uma aparência amigável mas são inimigos letais. A cada batalha milhares de soldados podem morrer antes mesmo de sequer compreender o que é o inimigo contra o qual estão lutando, como em uma batalha onde uma espécie controlava a forma da água e mata milhares de soldados afogados; ou outra que não passava de um fungo subterrâneo que mata uma colônia inteira com dezenas de milhares de humanos antes que estes pudessem entender o que estava acontecendo. Há também inimigos hilários como os covandu, seres humanoides minúsculos que podem ser mortos simplesmente pisando-se neles.


A série Old Man’s War conta atualmente com cinco livros e segue em The Ghost Brigades, The Last Colony, Zoe's Tale, e The Human Division. Está previsto para 2015 o lançamento do sexto livro, The End of All Things. Há também duas histórias curtas: The Sagan Diary, e After the Coup. Existem planos para uma série de TV no canal SyFy e a Paramount comprou os direitos para uma futura adaptação cinematográfica.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

The Martian, de Andy Weir

Me desculpem Arthur C. Clarke, Kim Stanley Robinson, Robet Zubrin, e outros grandes escritores do gênero – gosto muito de vocês, mesmo –, mas esta é a melhor ficção científica hard sobre Marte já escrita! O novato Andy Weir criou um carismático astronauta que está encalhado em Marte; sozinho, sem comunicação com a Terra e que só pode contar com sua engenhosidade, força de vontade e bom humor para vencer o ambiente hostil de um planeta que pode matá-lo de todas as formas imagináveis. Cada detalhe da história, cada reviravolta na trama e cada solução encontrada está firmemente baseada na realidade. Esta com certeza será uma leitura obrigatória para todos os técnicos, engenheiros e astronautas que estarão envolvidos nas futuras missões tripuladas à Marte.

Andy Weir
O autor Andy Weir é um programador que criou a história despretensiosamente, liberando periodicamente os capítulos em sua página na internet. Depois de vários pedidos de seus leitores ele publicou um ebook na Amazon através da plataforma Kindle Direct Publishing. O ebook foi um sucesso e rapidamente vendeu dezenas de milhares de cópias. Weir foi procurado então por um agente de uma grande editora dos Estados Unidos que republicou o livro de forma profissional nos formatos impresso e digital, e este chegou ao topo da lista dos livros mais vendidos de ficção científica da Amazon, chegando até mesmo a figurar na lista dos mais vendidos do jornal New York Times. Os direitos foram comprados para uma adaptação cinematográfica que está sendo produzida diretor Ridley Scott, com Matt Damon no papel principal. A previsão de estreia é para novembro de 2015.

Capa da edição brasileira
Na história o botânico e engenheiro Mark Watney é um astronauta da terceira missão tripulada à Marte, que é abortada após uma colossal tempestade de areia que destrói a antena de comunicação do módulo de habitação e atravessa um pedaço de metal em seu corpo. Seus companheiros decolam às pressas achando que ele está morto, e ele fica ferido, com suprimentos limitados e sem ter como se comunicar com a Terra para avisar que está vivo, em um ambiente totalmente hostil à qualquer forma de vida. Marte tem uma temperatura de dezenas de graus abaixo de zero, atmosfera equivalente a menos de 1% da atmosfera terrestre (quase vácuo) e com água quase inexistente; o planeta é mais gelado que a Antártida e mais seco que o deserto mais estéril aqui da Terra; qualquer ser vivo exposto à estas condições morreria instantaneamente fora de um ambiente pressurizado. Mesmo contra todos estes obstáculos, Mark Watney não desiste e segue em uma obstinada luta pela sobrevivência.

Sua única esperança é sobreviver até a chegada da próxima missão tripulada, prevista para chegar quase quatro anos depois. Ele então contabiliza minuciosamente seus suprimentos, como água, alimentos, etc e traça um plano para viver até lá. Cada obstáculo apresentado pelo planeta vermelho é superado com soluções bem engenhosas, como sua ideia de criar uma plantação no módulo de habitação utilizando uma mistura de solo terrestre, solo marciano e suas próprias fezes, que servem como adubo para cultivar batatas e estender seu suprimento de alimentos – apesar do cheiro horrível!  Eventualmente a Nasa descobre que ele está vivo ao detectar suas atividades na superfície, e um ousado plano é iniciado para trazê-lo de volta. Mas Marte é muito mais perigoso que Watney e os cientistas da Nasa imaginam, e muitos imprevistos mortais surgirão.

O livro é de tirar o fôlego. Mark Watney é como um MacGyver do espaço, adaptando o que tem à sua disposição para inventar uma solução criativa para cada desafio que Marte o faz encarar. A história tem muito suspense a cada página; o azarado astronauta tem que lutar o tempo todo para sobreviver aos perigos do planeta e às falhas nos equipamentos em momentos cruciais. Cada solução é genial e firmemente calcada na realidade; as descrições da missão e seus equipamentos são impressionantes. Com o sucesso das primeiras versões do livro, Andy Weir recebeu sugestões de alguns cientistas e técnicos que o ajudaram a corrigir algumas falhas técnicas na história.

A história lembra muito o épica resgate dos astronautas da Apollo 13 na década de 70, quando parte desta nave foi danificada em uma explosão quando viajava à Lua. Nesta história real a tripulação, engenheiros e técnicos da Nasa somaram forças e também criaram soluções engenhosas para trazer todos vivos para a Terra, em um evento que causou comoção mundial.

O livro foi traduzido para o português e lançado pela editora Arqueiro em outubro deste ano com o horroroso título “Perdido em Marte”. A capa é a mesma da edição americana. Torço outros livros do gênero como Red Mars, de Kim Stanley Robinson, ou First Landing, de Robert Zubrin, também sejam lançados por aqui.

Não perca por nada este livro!


Website do autor:

Página onde o autor comenta a criação do Livro:

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Fase 3 da Marvel nos Cinemas


Depois de deixar todos com água na boca com o trailer de Vingadores: A Era de Ultron, a Marvel Studios deixa todos loucos novamente com o anúncio dos filmes da fase 3 de seu universo cinematográfico. Veja os lançamentos previstos:







Avengers: Infinity War - Part I - 4 de maio de 2018
Avengers: Infinity War - Part II - 3 de maio de 2019
Finalmente os Vingadores enfrentarão o vilão Thanos. Muito provavelmente eles somarão forças com os Guardiões da Galáxia, no terceiro e quarto filmes da superequipe da Marvel.



Captain America: Civil War - 6 de maio de 2016
Capitão América e Homem de Ferro se enfrentam no terceiro filme do Sentinela da Liberdade. Evento especulado há anos para o terceiro filme dos Vingadores acontecerá na verdade no terceiro Capitão América.



Doctor Strange - 4 de novembro de 2016
A magia entra no universo cinematográfico da Marvel no filme do maior mago dos quadrinhos, que provavelmente será vivido pelo ator inglês Benedict Cumberbatch.



Guardians of the Galaxy 2 - 5 de Maio de 2017
O segundo filme dos Guardiões da Galáxia é antecipado para uma nova data.



Thor: Ragnarok - 28 de julho de 2017
O terceiro filme do deus do trovão finalmente é anunciado e será a adaptação da saga Ragnarok dos quadrinhos do Thor.



Black Panther - 3 de novembro de 2017
A DC Comics anunciou o filme do Ciborgue, que seria o primeiro filme de um super-herói negro nesta nova fase de adaptações de quadrinhos, mas a Marvel foi lá e anunciou o filme do Pantera Negra que será lançado antes do filme da rival. O ator Chadwick Boseman viverá o herói no cinema, e também foi apresentada uma arte conceitual:





Captain Marvel - 6 de julho de 2018
A DC Comics anunciou o filme da Mulher-Maravilha e em resposta a Marvel anuncia a Capitã Marvel. A Capitã Marvel será a Carol Denvers.



Inhumans - 2 de novembro de 2018

Quem não tem X-Men vai de Inumanos mesmo! O filme tão especulado dos Inumanos vai finalmente acontecer e talvez eles ainda farão uma participação no quarto filme dos Vingadores.


Mas o próximo filme é o Vingadores: A Era de Ultron. Confira o trailer:



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Censura de biografias e as liberdades de expressão e informação

Em 2006 o jornalista Paulo Cesar de Araújo publicou o livro “Roberto Carlos em detalhes”, sucesso de público e crítica que foi censurado e retirado das prateleiras após uma ação criminal e outra cível propostas no judiciário pelo cantor. Desde então o assunto da censura às biografias tem sido muito debatido no país. Atualmente há um projetode lei que se arrasta no Congresso Nacional, propondo uma mudança no Código Civil, que atualmente permite a censura à um escritor que escreva uma obra sobre a vida de uma pessoa pública, que pode ser processado civil e criminalmente por ela ou seus herdeiros – oposto ao que ocorre em qualquer país democrático que valha a menção, onde biografias não autorizadas são muito comuns apesar de aborrecerem muita gente. O caso mostra que no Brasil muita gente boa ainda não tolera, não se acostumou ou não sabe o que são a liberdade de expressão e a liberdade de informação.

Capa do livro censurado "Roberto Carlos
em detalhes", que iniciou o maior debate
sobre censura do Brasil
A liberdade de expressão é um dos direitos mais caros a uma democracia e está prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e basicamente é a possibilidade de se expressar sobre qualquer assunto sem a ameaça de represálias. A liberdade de informação é outra que também é prevista nesta declaração e é o direito que qualquer um tem de ter acesso e divulgar qualquer informação de interesse público – por mais bizarra, idiota, inútil ou excêntrica que seja. Elas são vias de mão dupla, e o que muita gente não entende é que elas permitem que se diga e se tenha acesso àquelas coisas com as quais não concordamos e nos deixa furiosos também. Liberdade de expressão e informação não são só os direitos de dizer e ouvir coisas belas e legais que todo mundo – incluindo você – concorda e elogia: o direito de um às vezes é a perda do direito de outro, e para que possamos criticar e nos informar, também temos que nos permitir ser criticados e expostos.

Há um aparente conflito entre a liberdade de expressão e a liberdade de informação com outro direito sagrado: o direito à privacidade. Aqueles que defendem a censura às biografias alegam que elas violam a privacidade quando expõem momentos dolorosos e a intimidade destas pessoas ao público, e que podem provocar danos à imagem do biografado ou de seus familiares e amigos. Mas as coisas não são assim tão simples. Notícias veiculadas na mídia sobre a morte, divórcio, ou doença de uma pessoa pública, ou um crime praticado por ela, também expõem a dor, a intimidade e provocam danos à imagem desta pessoa e de sua família e amigos; o jornalista que publica esta notícia deveria ser censurado e processado então? Pessoas públicas já sofrem várias restrições em sua privacidade devido ao seu próprio modo de vida – a maioria até estimula e lucra com isso – e um biógrafo não revelará muito mais do já é público e notório, e que elas mesmas já revelam diariamente nos meios de comunicação.

O famigerado grupo "Procure Saber"reunido com membros do
Congresso Nacional. O grupo defende a censura prévia de biografias

É claro que a liberdade de expressão não é autorização para a calúnia, injúria ou difamação. Qualquer um que se sentir ofendido tem o direito a procurar o judiciário – favor não confundir o termo com justiça. Aí então vem a alegação de que quando o estrago a uma reputação já está feito, não há volta, e que um processo no judiciário pode se arrastar por anos e não ter a condenação dos culpados. Mas se o poder judiciário brasileiro é incompetente, lento, ineficaz e injusto, este é um outro problema bem diferente; o direito à liberdade de expressão e o direito à informação não podem ser censurados por causa dele. É como querer proibir as pessoas de dirigir automóveis para evitar que aconteçam os acidentes de trânsito, ou proibir a venda de facas para evitar assassinatos; o mau uso não pode servir de justificativa para proibir até mesmo o bom uso.

E finalmente há também o interessante argumento de que os biógrafos ganham dinheiro com suas biografias. É verdade e concordo. Assim como o padre e o pastor são pagos pelas igrejas para celebrar as missas e os cultos, os pintores vendem seus quadros, os cozinheiros são pagos por sua comida, os cantores vendem CDs e DVDs, e todo trabalhador é pago por seu trabalho e têm que manter as contas em dia; o escritor é pago por todo o trabalho de pesquisar e escrever com a venda dos seus livros. Não sabia? O altruísmo e o trabalho voluntário existem, mas seres vivos tem que se alimentar diariamente para sobreviver, afinal, dizem por aí que saco vazio não para em pé. Mas sejamos sinceros: no Brasil há alguém – com exceção do Paulo Coelho – que fica milionário vendendo livros?

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Alguns links interessantes sobre censura de biografias no Brasil:








segunda-feira, 21 de julho de 2014

ComiXology

O ComiXology é uma loja virtual de quadrinhos com aplicativos para Android, iOS e Windos 8, que permite a compra de dezenas de milhares de revistas em quadrinhos digitais de dezenas de editoras. Além das grandes editoras dos Estados Unidos, como Marvel Comics, DC Comics, Image, e várias outras, você encontra muitas editoras menores e publicações independentes também. São séries mensais, edições especiais, graphic novels, arcos de histórias fechadas, coletâneas, singles, e muitos outros quadrinhos, novos e antigos, disponíveis para compra a um bom preço e até alguns gratuitos.


Agora podemos ler aqueles quadrinhos que nunca chegarão ao Brasil, mas que morremos de vontade de ler, ou não precisaremos esperar anos para que eles sejam publicados por aqui – apesar do sensacional trabalho que a Panini está realizando com as grandes editoras. A edições são vendidas a um bom preço, variando entre $0,99 a $5,00 para as edições mensais e $8,99 a $16,00 para as coletâneas, arcos fechados e graphic novels.

Aplicativo ComiXology em um smartphone

Há uma impressionante quantidade de títulos, novos e clássicos. A maioria está disponível em HD com qualidade excelente, e particularmente o que mais gostei foi da leitura no modo comics, muito boa para dispositivos de tela pequena, onde a cada toque são apresentadas as imagens e o texto quadro a quadro.

A grande desvantagem é o preço em dólar, sujeito às flutuações do câmbio, além das compras só poderem ser realizadas com cartão de crédito internacional. Para os amantes dos quadrinhos, ou aqueles que estudando uma língua estrangeira, o ComiXology é um excelente aplicativo gratuito para leitura. Se você ama os quadrinhos e não quer ver esta arte acabar, compre quadrinhos originais de vez em quando, impressos ou digitais, e pare de apenas baixar scans na internet!

Da esquerda para a direita, leitura em modo comics em uma tela de smartphone

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Elegy, de Chidiock Tichborne

Chidiock Tichborne
Elegy é um belíssimo poema escrito pelo poeta inglês Chidiock Tichborne (1562–1586), em sua última carta à esposa antes de sua execução aos 24 anos, ocorrida em 20 de setembro de 1586. É uma ótima poesia para se ler em seu aniversário de 34 anos.

Tichborne era cristão em um tempo em que a Inglaterra era governada pela protestante Elizabeth I, que proibira o cristianismo em todo o seu reino. Sua desgraça veio quando ele se envolveu na Conspiração Babington, que planejava assassinar a rainha e libertar sua sobrinha católica Mary Stuart, Rainha da Escócia e herdeira legítima do trono. Os conspiradores foram presos e condenados à morte por enforcamento, estripamento e tiveram seus corpos esquartejados em praça pública. Elegy teria sido escrito na noite anterior à aplicação da terrível sentença.

O poema é uma elegia, ou seja, composto por grupos de seis versos de dez palavras (hexâmetros e pentâmetros), que tentei manter em minha tradução. É um comovente relato que nos convida à reflexão sobre nossas vidas e o que fizemos dela até o presente momento.


Elegy, by Chidiock Tichborne

My prime of youth is but a frost of cares,
My feast of joy is but a dish of paine,
My Crop of corne is but a field of tares,
And all my good is but vaine hope of gain;
The day is past, and yet I saw no sun,
And now I live, and now my life is done.

My tale was heard, and yet it was not told,
My fruit is fallen, and yet my leaves are green,
My youth is spent, and yet I am not old,
I saw the world, and yet I was not seen;
My thred is cut, and yet it is not spun,
And now I live, and now my life is done.

I sought my death, and found it in my womb,
I looked for life, and saw it was a shade,
I trod the earth, and knew it was my tomb,
And now I die, and now I was but made.
My glass is full, and now my glass is run,
And now I live, and now my life is done.


Elegia, de Chidiock Tichborne

Meu apogeu da juventude, nada além da frieza dos cuidados,
Meu banquete de prazer, nada exceto um prato de dor,
Meu plantio, nada além de um campo de ervas daninhas
Todos os meus bens, nada exceto vã esperança de ganho;
O dia já passou, e ainda não vi o sol,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.

Meu conto foi ouvido, ainda que não tenha sido contado,
Meu fruto está caído, ainda que minhas folhas sejam verdes,
Minha juventude se foi, ainda que eu não seja velho,
Eu vi o mundo, ainda que não tenha sido visto;
Meu fio está cortado, ainda que não tenha sido fiado,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.

Eu busquei a minha morte, e a encontrei no útero,
Eu procurei a vida, e vi que era uma sombra,
Eu marchei pela terra, e soube que era meu túmulo
E agora eu morro, ainda que eu não estivesse pronto;
Minha taça está cheia, e agora minha taça está vazia,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Zinio

O Zinio é uma loja virtual com aplicativos para Android, iOS, e Windos 8, que permite a compra de mais de 5 mil revistas do mundo todo, em diversas línguas, entre elas o inglês, português, espanhol, francês, alemão, chinês, japonês, coreano, e outras. A loja é dividida em 11 categorias: Masculino, Feminino, Notícias, Ciência e Tecnologia, Estilo de Vida, Diversão, Desporto, Viagens, Motores, Ao Ar Livre, e Fotografia e Arte.

São grandes revistas do mundo inteiro, como por exemplo a Vogue, The Economist, Forbes, Outside, Astronomy, National Geographic, Wired, Newsweek, New Scientist, entre muitas outras, com versões em diversas línguas, disponíveis para compra em edições individuais ou assinaturas anuais, com preços bem em conta. Só para se ter uma ideia dos preços, uma assinatura anual com 52 edições da revista brasileira Veja, em sua versão digital, custa a bagatela de R$ 423,00 (à vista, com 25% de desconto), enquanto a assinatura anual com 54 edições da similar Newsweek custa R$ 77,75 ($34,99).

Categorias do Zinio

A desvantagem é que o preço é em dólar, e, sendo assim, sujeito às flutuações do câmbio, além das compras só poderem ser realizadas com um cartão de crédito internacional. Mas para quem quer se manter informado sobre qualquer assunto, ou está estudando uma língua estrangeira, o Zinio é um excelente aplicativo gratuito para ficar atualizado, estudar e se divertir. O aplicativo também roda em smartphones mas é mais recomendado para quem tenha um tablet, preferencialmente um de 8 ou 10 polegadas.

Aplicativo Zinio para Android

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Melhor Amigo do Homem

Minha vira-lata Valentina. Esta pestinha
é a melhor amiga do homem...
O cão é o melhor amigo do homem e é uma pena que muitas vezes a reciproca não seja verdadeira. Há mais de dez mil anos atrás, em uma época em que ainda não existiam as cidades, carros, o Facebook e o WhatsApp – e que muita gente acha que o mundo estava sendo criado – nossos ancestrais começaram a adotar variedades mais dóceis de lobos e perceberam sua grande utilidade na caça e na segurança do grupo. Desde então eles têm sido nossos mais fiéis e valorosos companheiros, estando ao nosso lado na alegria e na desgraça, na fartura ou na miséria, na segurança e no perigo. Nos amam mais que que a mais apaixonada esposa/marido, que nosso melhor amigo, e até mais que nossos filhos. O amor do cão pelo seu dono é o verdadeiro amor incondicional. De ferramenta de caça e arma de guerra se tornaram um membro da família. E o que temos dado em troca? Muitas das vezes uma vida miserável de sofrimentos e maltratos inimagináveis; um tratamento que se fosse dado a outro ser humano, após denunciados seríamos presos e condenados por tortura e cárcere privado.

Se você pensa em ter um cachorro ou viu uma gracinha de filhote e quer dá-lo ao seu filho, algumas recomendações:

1) O cão não é uma planta, que você coloca em um vaso, dá água, fertilizante, algumas horas ao sol e ela cresce saudável e viçosa. Viver preso a uma corrente de cinquenta centímetros por 24h por dia, sete dias por semana, 30 dias por mês e 365 dias por ano, não é uma vida muito agradável para um animal, por mais bem alimentado que ele esteja. Basta você se imaginar vivendo nestas condições para entender o que eu digo, afinal, também somos animais.

2) Sabe aquele filhote lindo que você quer dar para o seu filho? Ele vai crescer! Durante o processo ele também precisa de comida, vacinas, remédios, espaço, uma casa; tudo muito caro. E se você não der atenção a ele, ele vai destruir todos os seus chinelos, tênis, sapatos, sandálias e outros objetos que estiverem ao seu alcance.

3) Sabe aqueles momentos em que você brigou com a esposa/marido, não há nada para ver na televisão, a internet caiu, não há nada para se fazer em casa e a vida parece sem sentido? Pegue o seu cão e vá dar uma volta na rua! É um exercício relaxante para o dono e para o cachorro, além de contribuir para sua própria boa forma física e mental. Cães precisam dar uma volta pelo menos duas vezes ao dia, se você não quiser que ele destrua tudo dentro de casa.

4) Não sabe o que fazer com todos aqueles filhotes que a sua cachorra pariu? Então para começo de conversa, não deixe ela engravidar! Há métodos anticoncepcionais para cães também. Uma simples injeção baratinha quando você sentir que a cachorrada está “se chegando” perto dela e você evita o problema por um ano.

5) Cães, como todo animal, fazem cocô – e muito. Às vezes parece que eles fazem três vezes o seu peso em merda diariamente, e se você não está disposto a limpar, então não tenha um. Se você deu um ao seu filho, é uma ótima oportunidade para ensinar o que é responsabilidade, delegando a ele tarefas para cuidar do cão. Mas se você é um pai ou mãe despreparados que dá tudo de mão beijada para o seu filho, não consegue ensiná-lo a ter responsabilidades, nem consegue dizer não, um conselho: não tenha nem cão nem crianças!


Meus vira-latas adotados Nina e Zezinho, provando que  as mulheres
são espaçosas e empurram seus maridos para fora da cama...


sexta-feira, 4 de julho de 2014

O Neymar vale mais que um professor?

Na verdade ele vale mais que mil professores, se usarmos como parâmetro os ganhos dele e os compararmos com os de um professor da rede estadual de ensino do estado do Rio de Janeiro, por exemplo. Absurdo? Não, afinal o esporte em que ele é o mais valioso craque brasileiro da atualidade movimenta bilhões todos os anos. Por que? Porque eu, você, dezenas de milhões de pessoas no Brasil e centenas de milhões de pessoas ao redor no mundo adotam um time/seleção do coração e vamos aos estádios assistir e torcer por nossa equipe ou assistimos as partidas pela televisão – e também ao marketing de centenas de marcas e produtos –, compramos camisas e outros produtos, pagamos o jornal somente para ler o caderno de esportes, clicamos naquela notícia sobre futebol da internet, visitamos o blog daquele comentarista de futebol, conversamos e discutimos com os amigos e às vezes chegamos até as vias de fato! Seja no bar, no trabalho, na rua, na festa; na fila do banco, barbeiro, restaurante, médico, metrô, trem ou ônibus; dedicamos muito de nosso tempo para falar de futebol. O Neymar vale mais que mil professores do Brasil porque nós – eu, você e uns 200 milhões de brasileiros – valorizamos mais o futebol do que a escola; valorizamos mais o entretenimento que o conhecimento.

Tempo é realmente dinheiro e na disputa pelo nosso aqui no Brasil, o futebol ganha de goleada – é difícil até se comunicar sem uma analogia fulebolística! Sentimos tanto orgulho da seleção brasileira, que já ganhou 5 vezes a Copa do Mundo de Futebol, e dos nossos times de futebol, que já ganharam 17 vezes a Copa Libertadores da América e 10 vezes a Copa Intercontinental e o Campeonato Mundial de Clubes, entre tantas outras competições internacionais; mas nunca um brasileiro ganhou um Prêmio Nobel ou Oscar, nosso número de patentes registradas é irrisório e no ranking das melhores universidades do mundo, não temos nenhuma nem entre as cem primeiras, apesar de sermos a 7ª maior economia do planeta. Jogadores profissionais de futebol são milionários, moram em mansões e desfilam pelas ruas com carros de luxo, além de namorar atrizes, modelos e algumas das mulheres mais lindas e desejadas do momento que nos são apresentadas pela grande mídia. Em dias de jogos da Copa do Mundo ou finais de campeonatos, as ruas ficam desertas e feriados são decretados informalmente – e até oficialmente. O sonho de uma criança crescendo nesta sociedade certamente não será o de se tornar um grande cientista ou um grande escritor; e o professor certamente não será o profissional mais valorizado e admirado.

E o pior é que como vivemos em uma democracia e em uma sociedade democrática a vontade do povo tem que ser respeitada (para bem ou para o mal), bilhões de reais (públicos e privados) são gastos na construção de estádios e na criação e manutenção de uma enorme estrutura de transporte público, segurança e atendimento ao torcedor. Dinheiro jogado fora? Não, pois tudo isto é investimento, e o retorno aos cofres públicos – e às contas bancárias de entidades privadas – é alto, afinal, futebol no Brasil dá dinheiro, muito dinheiro. Não vamos jogar no governo nossa culpa pelo futebol ser um esporte tão popular e rentável. Se as Olimpíadas Internacionais de Astronomia movessem multidões e despertassem tanta paixão no Brasil, muitos e muitos bilhões seriam investidos nesta área em nosso país, alguns dos melhores astrônomos seriam brasileiros e teríamos o maior telescópio do mundo na cidade do Rio de Janeiro, que se chamaria “Grande Telescópio Maracanã”.


Cabe ao governo mudar esta situação? Sim, mas e nós, também não? O governo não é o pai dos nossos filhos, não liga e sintoniza nossas TVs, não escolhe os livros, jornais e websites que lemos, nem administra nossas agendas e rendas familiares. Se você não consegue fazer estas coisas direito sozinho e deseja que alguém o faça por você, sinto muito informar mas você é um idiota e provavelmente morrerá um idiota; se a grande massa é igual a você e também não consegue... então, pobres gerações futuras, que continuarão a viver em uma sociedade em que um jogador de futebol vale muito mais que um professor.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Surfista Prateado: Parábola, de Stan Lee e Moebius

Surfista Prateado: Parábola (Panini Books, 2013) é uma Graphic Novel publicada originalmente em 1988 pelo selo Epic Comics da Marvel Comics, escrita por Stan Lee e desenhada por Moebius, pseudônimo do escritor/desenhista francês Jean Giraud, falecido em 2012.
Stan Lee é o lendário fundador da Marvel Comics e cocriador de incontáveis personagens desta editora como Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Quarteto Fantástico, entre outros, que hoje geram bilhões de dólares através de adaptações cinematográficas que se tornaram as franquias mais lucrativas da história do cinema mundial. Jean Giraud, mais conhecido como Moebius, é um famoso artista francês cocriador da famosa revista em quadrinhos Métal Hurlant – mais conhecida pelo seu nome em inglês Heavy Metal –, que desenhou/criou alguns dos mais famosos quadrinhos europeus, como o faroeste Blueberry, e as ficções científicas Arzak, Incal, The Airtight Garage, entre outros. Também trabalhou desenhando storyboards e conceitos para diversos filmes de ficção científica, como Alien: O Oitavo Passageiro, O Quinto Elemento, Tron e Star Wars V.

Stan Lee
Em Surfista Prateado: Parábola o devorador de mundo Galactus invade novamente a Terra em uma aparente violação de sua promessa de nunca mais atacar o planeta, mas desta vez, ao invés de atacar a humanidade ele se apresenta como um deus e salvador dos seres humanos. Milhões de pessoas ao redor do mundo começam então a venerá-lo e líderes religiosos oportunistas se apressam em se apresentar como seu profeta. Para impedi-lo, ressurge o ex-arauto exilado pelo próprio Galactus no planeta Terra: o Surfista Prateado; que o enfrentará em uma épica batalha para desmascará-lo e salvar a humanidade de sua própria estupidez coletiva em adorar aquele que quer destruir o planeta.

Moebius
Uma excelente história que trata de temas bem atuais como o fanatismo religioso e o populismo, em uma valiosa reflexão sobre o fato de que talvez nosso maior inimigo seja nós mesmos e nossa propensão a seguir líderes nem sempre bem intencionados. Magistralmente escrita e desenhada por duas lendas dos quadrinhos mundiais, em uma edição caprichada em capa dura com a qualidade de sempre das edições da Panini Books.







sexta-feira, 20 de junho de 2014

Daytripper, de Fábio Moon & Gabriel Bá

Daytripper (Panini Books, 2011) é o volume único encadernado  com as 10 edições da minissérie da Vertigo de mesmo nome de autoria dos irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá. A série ganhou o Eisner Awards – o mais prestigiado prêmio do mundo dos quadrinhos – de “Melhor série limitada” em 2011. Os dois são os escritores/desenhistas brasileiros de quadrinhos mais prestigiados da atualidade. Gabriel Bá é conhecido pelos desenhos de Casanova, de Matt Fraction, e Umbrella Academy, de Gerard Way (ganhadora do Eisner Awards de “Melhor série limitada” em 2007). Fábio Moon também desenhou Casanova, assumindo a série após seu irmão, e junto com ele ganhou outro Eisner Awards, de “Melhor antologia”, pela antologia em quadrinhos 5, em 2008.

Em Daytripper eles contam a história de Brás de Oliva Domingos – uma referência clara ao personagem Brás Cubas, do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis –, filho de um famoso escritor e que escreve obituários para um jornal enquanto sonha em ser um escritor de sucesso como o pai. Ele tenta ser um bom pai e marido enquanto enfrenta suas dúvidas e angústias existenciais. Ao longo de cada uma das dez edições conhecemos uma época diferente da vida de Brás e uma questão existencial revelada em cada uma das dez vezes em que ele morre. A cada edição ele morre enquanto reflete sobre a efemeridade da vida e a urgência de encontrarmos a razão de nossa existência e a realização de nossos sonhos em um mundo onde o fim pode estar tão próximo.

Queríamos aquela sensação de que a vida está acontecendo aqui, bem à nossa frente, e a estamos vivendo.
E como vivemos.
E às vezes morremos para provar que vivemos.
Fábio Moon


Gabriel Bá e Fábio Moon
Uma história sensacional sobre o sentido da vida e a necessidade de assumirmos os riscos inerentes à busca pela felicidade e a realização de nossos sonhos. Sonho e realidade se misturam e é inevitável não refletimos durante a leitura se estamos vivendo plenamente nossas vidas ou fugindo de nossos sonhos; infelizes e presos em nossa falsa zona de segurança. A edição da Panini está caprichada como sempre, com capa dura e papel especial, e ainda pode ser encontrada nas melhores livrarias ou pelas lojas virtuais. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Arte: Conversas imaginárias com minha mãe, de Juamjo Sáez

A Arte: Conversas imaginárias com minha mãe (WMF Martins Fontes, 2013), é um livro sobre arte escrito e ilustrado pelo espanhol Juamjo Sáez. Através de um diálogo fictício entre o autor e sua mãe, ele tenta explicar a arte para o público leigo, destacando grandes artistas do século XX, como Pablo Picasso, Andy Warhol, Salvador Dalí, Alexander Calder, Antoni Tàpies, Eduardo Chillida, Joan Miró, entre outros.

Se você não entende nada de arte (como eu) e deseja começar a compreender o deslumbramento causado por todos aqueles montes de rabiscos e manchas de tinta; aquelas pilhas de metal retorcido; ou aquelas esculturas geométricas em posições impossíveis – que às vezes custam milhões de dólares! –, este livro é um bom começo. O livro é ilustrado em um estilo que é algo entre o infantil e o cartunesco, intencionalmente amador; o texto são garranchos que mantém os erros ocorridos durante a escrita com rabiscos por cima, dando a aparência de um rascunho.

Juamjo Sáez
O livro é bem divertido e mostra que para admirar a arte – e fazer arte também – não é preciso ser um especialista, nem ter uma ampla bagagem cultural. Apesar do conhecimento ajudar, ele não é estritamente necessário para despertar a emoção – ou perplexidade – diante de um belo quadro ou escultura. Para fazer arte precisamos apenas de criatividade, sensibilidade e intuição, coisas que fazem parte de todos os seres humanos e que não aprendemos na escola ou universidade. Mas apesar de defender a liberdade artística e a criatividade, o autor também faz uma crítica bem humorada ao rumo que a arte vem por vezes tomando: um vale-tudo em que o dedo do artista prestigiado a apontar qualquer bizarrice é o que define algo como arte.


sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Onda (The Wave, 1981)

Curta metragem A Onda

A Onda (The Wave, 1981) é um curta-metragem para a televisão dirigido por Alex Grasshoff e estrelado pelo ator Bruce Davison (o Senador Robert Kelly nos primeiros filmes dos X-Men). O filme é baseado em uma história real sobre um experimento realizado por um professor de história americano em sala de aula, que ficou conhecido como A Terceira Onda.

Bruce Davison
A Terceira Onda foi um experimento social realizado pelo professor de história e escritor americano Ron Jones, que em abril de 1967 dava aula para alunos do segundo ano da Cubberley High School, na cidade de Palo Alto, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Esta experiência fez parte das aulas de Jones naquele ano sobre o mundo contemporâneo, como parte dos estudos sobre a Alemanha nazista.  Teve o objetivo de mostrar como uma população inteira foi praticamente hipnotizada pelos nazistas, provando que mesmo em uma sociedade democrática as pessoas não estão livres da conversão ideológica por líderes carismáticos.

Die Welle, filme alemão baseado em A Onda
Jones começou seu experimento sugerindo aos seus alunos que a democracia possui vários problemas, decorrentes do fato de valorizar em demasia o indivíduo e sua liberdade, o que incentivaria o egoísmo; e que o segredo para se conseguir uma sociedade mais justa e forte era a disciplina e o espírito de grupo. Através da adoção de um cumprimento que diferenciava os seus estudantes dos demais – que lembrava o saudação fascista de Mussolini –, a utilização de um uniforme pelos integrantes, e o desprezo ao alunos que não eram da turma, ele criou um grupo coeso e disciplinado, atento e receptivo a qualquer ideia que lhes fosse transmitida por seu líder – o próprio professor Jones. O lema criado foi “força através da disciplina, força através da comunidade, força através da ação, força através do orgulho”. Repetido à exaustão, este mantra deu as linhas mestras para os integrantes do grupo e se tornou o dogma a ser seguido sem contestação – quem questionasse algo era excluído. No fim o professor dissolveu o grupo e revelou aos alunos que tudo não passou de um experimento, e eles não acreditaram em como puderam ser manipulados tão facilmente.

A história também deu origem ao filme alemão Die Welle, de 2008, um longa-metragem com um enredo bem parecido, mas com uma conclusão mais trágica. A história de Jones também deu origem ao livro The Wave, do escritor Todd Strasser, que é a romantização dos eventos ocorridos durante A Terceira Onda.

Manifestantes da Marcha da Família com Deus no ano de 2014


The Wave, livro de Todd Strasser
Em nossos tempos onde tanta gente participa de passeatas pedindo a volta da ditadura militar no Brasil – como vimos recentemente na marcha da família e no aniversário de 50 anos do golpe militar de 1964 – é sempre bom refletir sobre os perigos do autoritarismo e da conversão ideológica. Muitos reclamam da democracia e tem sido muito difundida no Brasil hoje a ideia de que a corrupção é exclusiva do novo regime democrático brasileiro. Alega-se uma suposta inversão de valores e clama-se pela imposição de códigos morais mais rígidos na sociedade; mas tudo tem o seu preço, e o preço da liberdade é a convivência com valores diferentes dos nossos; mas o seu oposto – o autoritarismo – é um pesadelo em que a individualidade é sufocada em nome da ideologia oficial, concorde você ou não. E nesta distopia a corrupção encontra um terreno fértil e seguro para se disseminar (inúmeros escândalos de corrupção também ocorreram durante a ditadura militar). Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar aterrorizantes relatos sobre fatos ocorridos em regimes totalitários como o da China, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Norte, Cuba, entre tantos outros; países onde não há liberdade de expressão, a internet e a mídia são controladas, e governos autoritários controlam rigidamente todos os aspectos da vida dos cidadãos; censurando abertamente livros, filmes, teatro, notícias, discursos, artigos científicos e qualquer coisa que seja considerada subversiva e contra os ideais do governo, regime, revolução, líder, entre outros; criados para serem adorados e obedecidos sem questionamento, sob o risco de prisão, tortura e até morte.


A Onda (legendado)


A Onda (dublado)

A Onda (Die Welle)