Chidiock Tichborne |
Tichborne era cristão em um tempo
em que a Inglaterra era governada pela protestante Elizabeth I, que proibira o
cristianismo em todo o seu reino. Sua desgraça veio quando ele se envolveu na Conspiração Babington, que planejava
assassinar a rainha e libertar sua sobrinha católica Mary Stuart, Rainha da
Escócia e herdeira legítima do trono. Os conspiradores foram presos e
condenados à morte por enforcamento, estripamento e tiveram seus corpos
esquartejados em praça pública. Elegy
teria sido escrito na noite anterior à aplicação da terrível sentença.
O poema é uma elegia, ou seja,
composto por grupos de seis versos de dez palavras (hexâmetros e pentâmetros),
que tentei manter em minha tradução. É um comovente relato que nos convida à reflexão
sobre nossas vidas e o que fizemos dela até o presente momento.
Elegy, by Chidiock Tichborne
My prime of youth is but a frost
of cares,
My feast of joy is but a dish of
paine,
My Crop of corne is but a field
of tares,
And all my good is but vaine
hope of gain;
The day is past, and yet I saw
no sun,
And now I live, and now my life
is done.
My tale was heard, and yet it
was not told,
My fruit is fallen, and yet my
leaves are green,
My youth is spent, and yet I am
not old,
I saw the world, and yet I was
not seen;
My thred is cut, and yet it is
not spun,
And now I live, and now my life
is done.
I sought my death, and found it
in my womb,
I looked for life, and saw it
was a shade,
I trod the earth, and knew it
was my tomb,
And now I die, and now I was but
made.
My glass is full, and now my
glass is run,
And now I live, and now my life
is done.
Elegia, de Chidiock Tichborne
Meu apogeu da juventude, nada além da frieza dos cuidados,
Meu banquete de prazer, nada exceto um prato de dor,
Meu plantio, nada além de um campo de ervas daninhas
Todos os meus bens, nada exceto vã esperança de ganho;
O dia já passou, e ainda não vi o sol,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.
Meu conto foi ouvido, ainda que não tenha sido contado,
Meu fruto está caído, ainda que minhas folhas sejam verdes,
Minha juventude se foi, ainda que eu não seja velho,
Eu vi o mundo, ainda que não tenha sido visto;
Meu fio está cortado, ainda que não tenha sido fiado,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.
Eu busquei a minha morte, e a encontrei no útero,
Eu procurei a vida, e vi que era uma sombra,
Eu marchei pela terra, e soube que era meu túmulo
E agora eu morro, ainda que eu não estivesse pronto;
Minha taça está cheia, e agora minha taça está vazia,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.
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