sexta-feira, 18 de julho de 2014

Elegy, de Chidiock Tichborne

Chidiock Tichborne
Elegy é um belíssimo poema escrito pelo poeta inglês Chidiock Tichborne (1562–1586), em sua última carta à esposa antes de sua execução aos 24 anos, ocorrida em 20 de setembro de 1586. É uma ótima poesia para se ler em seu aniversário de 34 anos.

Tichborne era cristão em um tempo em que a Inglaterra era governada pela protestante Elizabeth I, que proibira o cristianismo em todo o seu reino. Sua desgraça veio quando ele se envolveu na Conspiração Babington, que planejava assassinar a rainha e libertar sua sobrinha católica Mary Stuart, Rainha da Escócia e herdeira legítima do trono. Os conspiradores foram presos e condenados à morte por enforcamento, estripamento e tiveram seus corpos esquartejados em praça pública. Elegy teria sido escrito na noite anterior à aplicação da terrível sentença.

O poema é uma elegia, ou seja, composto por grupos de seis versos de dez palavras (hexâmetros e pentâmetros), que tentei manter em minha tradução. É um comovente relato que nos convida à reflexão sobre nossas vidas e o que fizemos dela até o presente momento.


Elegy, by Chidiock Tichborne

My prime of youth is but a frost of cares,
My feast of joy is but a dish of paine,
My Crop of corne is but a field of tares,
And all my good is but vaine hope of gain;
The day is past, and yet I saw no sun,
And now I live, and now my life is done.

My tale was heard, and yet it was not told,
My fruit is fallen, and yet my leaves are green,
My youth is spent, and yet I am not old,
I saw the world, and yet I was not seen;
My thred is cut, and yet it is not spun,
And now I live, and now my life is done.

I sought my death, and found it in my womb,
I looked for life, and saw it was a shade,
I trod the earth, and knew it was my tomb,
And now I die, and now I was but made.
My glass is full, and now my glass is run,
And now I live, and now my life is done.


Elegia, de Chidiock Tichborne

Meu apogeu da juventude, nada além da frieza dos cuidados,
Meu banquete de prazer, nada exceto um prato de dor,
Meu plantio, nada além de um campo de ervas daninhas
Todos os meus bens, nada exceto vã esperança de ganho;
O dia já passou, e ainda não vi o sol,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.

Meu conto foi ouvido, ainda que não tenha sido contado,
Meu fruto está caído, ainda que minhas folhas sejam verdes,
Minha juventude se foi, ainda que eu não seja velho,
Eu vi o mundo, ainda que não tenha sido visto;
Meu fio está cortado, ainda que não tenha sido fiado,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.

Eu busquei a minha morte, e a encontrei no útero,
Eu procurei a vida, e vi que era uma sombra,
Eu marchei pela terra, e soube que era meu túmulo
E agora eu morro, ainda que eu não estivesse pronto;
Minha taça está cheia, e agora minha taça está vazia,
E eu vivo agora, e agora a minha vida acabou.




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