How We’ll Live On Mars é um interessante livro sobre a
possibilidade de uma missão tripulada ao planeta Marte ainda na próxima década.
O autor Stephen L. Petranek é um recordista de visualizações do TED talks, e neste trabalho do selo A TED Original, apresenta algumas
possibilidades para a realização de tal projeto, dando ênfase à exploração
privada do espaço.
As dificuldades para se levar
seres humanos para o planeta vermelho são muitas. Começando pela viagem de
aproximadamente 8 meses de ida pelo espaço profundo, sem a proteção da magnetosfera
terrestre contra o vento solar, recebendo por este tempo prolongado todo o
poder destrutivo dos raios cósmicos, além dos efeitos da falta de gravidade, e
tendo que contar somente com os suprimentos de ar, comida e água da nave. O
total da viagem contando o tempo de permanência no planeta e a viagem de volta,
ultrapassaria 2 anos. Tal projeto, além de arriscado, custaria dezenas de
bilhões de dólares, e nestes tempos de crise econômica mundial, poucos países
parecem dispostos a bancar tal empreitada. É aí que entra a iniciativa privada.
Stephen L. Petranek
Novos empreendedores da indústria
astronáutica, em especial o sul africano naturalizado americano Elon Musk,
parecem dispostos a tal. Musk e sua empresa Space X já fornecem transporte de
suprimentos à Estação Espacial Internacional com sua nave Dragon e seu foguete Falcon,
em um contrato bilionário com a NASA. Até o final da década a nave Falcon também fará o transporte de
astronautas, tornando os EUA novamente independentes no setor, já que desde a
aposentadoria dos ônibus espaciais, dependem das naves Soyuz russas. Ele também está desenvolvendo o Falcon Heavy, que será o maior foguete em operação no mundo, e que
poderia levar ao espaço uma Falcon
aprimorada para a viagem ao planeta vermelho. O empresário já declarou que o
objetivo final de sua empresa é a exploração e colonização de Marte, e dados os
seus fantásticos avanços, poucos duvidam de que irá conseguir.
Elon Musk, da Space X
Mais que um sonho, a exploração
de Marte é uma necessidade para a humanidade. É essencial que nos tornemos uma
civilização multiplanetária para a sobrevivência da vida da Terra no longo
prazo, e nos livrar de vez do risco de extinção por alguma catástrofe na
biosfera terrestre. Uma colônia no planeta vermelho poderia se tornar um novo
polo de desenvolvimento tecnológico e servir de base avançada da humanidade na
exploração dos recursos minerais quase ilimitados do cinturão de asteroides e
do Sistema Solar exterior. A busca de vida em Marte e em outros planetas e luas
também poderia nos responder à pergunta fundamental se estamos sozinhos no
universo.
A NASA, que sempre projetou para
20 ou 30 anos no futuro a realização de tal missão tripulada, pela primeira vez
corre o risco de ser ultrapassada; não por outra agência espacial, mas sim, por
uma nova geração de visionários da iniciativa privada, livres das limitações
orçamentárias, políticas e burocráticas dos governos.
Veja a palestra no TED em que o
autor fala sobre o assunto:
Também é possível ver a palestra
no website do TED, basta configurar as legendas em português, clicando aqui.
Eu, Lápis (I, Pencil), é um famoso ensaio escrito pelo economista Leonard Read,
fundador da Foundation for Economic
Education (FEE) [Fundação para a Educação Econômica], sobre a complexidade
e, por que não dizer, da beleza do livre mercado. É uma fantástica metáfora
sobre o funcionamento da economia moderna, explicando para o público leigo como
são complexas as interações entre os diversos agentes econômicos e a
impossibilidade do planejamento central de uma economia, tudo através da
genealogia de um simples lápis.
Nunca paramos para pensar, mas é
impossível para um ser humano sozinho fabricar um simples lápis. É atordoante
pensar na quantidade de pessoas que trabalharam para fabricar este simples
objeto feito de madeira, grafite, borracha e metal: o lenhador que derrubou a
árvore, quem fabricou as ferramentas e quem preparou o almoço do lenhador; os
mineiros que retiraram o grafite das minas, aqueles que transportaram o grafite
para a fábrica, os que fabricaram o caminhão que transportou a carga e os que
prepararam o grafite e o moldaram no formato correto; aqueles que extraíram o
metal de uma mina, a siderúrgica que preparou a liga metálica; os que extraíram
a borracha de uma seringueira, e a prepararam, moldaram, transportaram e a encaixaram
em seu lugar; são milhões de pessoas espalhadas por vários países do mundo!
Leonard E. Read
A esmagadora maioria destas
milhões pessoas não tem a menor ideia de que uma ínfima, ainda que fundamental
parte de seu tempo está sendo usado na fabricação de um mero lápis. Ninguém
coordena, nem muito menos comanda esta multidão de pessoas e este gigantesco
aparato logístico; somente as forças do mercado, que guiam os interesses individuais
de cada envolvido na fabricação deste simples objeto, que compramos por um preço
irrisório em uma papelaria.
O escrito de Read ficou famoso ao
ser citado pelo economista Milton Friedman no documentário Free to Choose [Livre para Escolher] e é mais atual do que nunca
nestes tempos em que os governos interferem cada vez mais na economia sob o
pretexto de corrigir as falhas de mercado, com resultados catastróficos no
desenvolvimento econômico, nas liberdades individuais e no bem-estar da
população.
O artigo pode ser lido na íntegra
no website da FEE (em inglês) clicando aqui.
Se preferir, o artigo pode ser
lido também na íntegra e traduzido para o português na página do Instituto Ludwig
von Mises Brasil clicando aqui.
Este é o vídeo feito pela FEE,
dublado em português pelo Instituto Rothbard Brasil:
Este é um trecho do documentário
Free to Choose, de Milton Friedman, que tornou famoso o ensaio de Leonard Read:
A Onda (The Wave, 1981) é um curta-metragem para a televisão dirigido
por Alex Grasshoff e estrelado pelo ator Bruce Davison (o Senador Robert Kelly
nos primeiros filmes dos X-Men). O filme é baseado em uma história real sobre
um experimento realizado por um professor de história americano em sala de aula,
que ficou conhecido como A Terceira Onda.
Bruce Davison
A Terceira Onda foi um experimento social realizado pelo professor de
história e escritor americano Ron Jones, que em abril de 1967 dava aula para
alunos do segundo ano da Cubberley High
School, na cidade de Palo Alto, no estado da Califórnia, nos Estados
Unidos. Esta experiência fez parte das aulas de Jones naquele ano sobre o mundo
contemporâneo, como parte dos estudos sobre a Alemanha nazista. Teve o objetivo de mostrar como uma população
inteira foi praticamente hipnotizada pelos nazistas, provando que mesmo em uma
sociedade democrática as pessoas não estão livres da conversão ideológica por
líderes carismáticos.
Die Welle, filme alemão baseado em A Onda
Jones começou seu experimento sugerindo
aos seus alunos que a democracia possui vários problemas, decorrentes do fato
de valorizar em demasia o indivíduo e sua liberdade, o que incentivaria o
egoísmo; e que o segredo para se conseguir uma sociedade mais justa e forte era
a disciplina e o espírito de grupo. Através da adoção de um cumprimento que
diferenciava os seus estudantes dos demais – que lembrava o saudação fascista
de Mussolini –, a utilização de um uniforme pelos integrantes, e o desprezo ao alunos
que não eram da turma, ele criou um grupo coeso e disciplinado, atento e
receptivo a qualquer ideia que lhes fosse transmitida por seu líder – o próprio
professor Jones. O lema criado foi “força através da disciplina, força através
da comunidade, força através da ação, força através do orgulho”. Repetido à
exaustão, este mantra deu as linhas mestras para os integrantes do grupo e se
tornou o dogma a ser seguido sem contestação – quem questionasse algo era
excluído. No fim o professor dissolveu o grupo e revelou aos alunos que tudo
não passou de um experimento, e eles não acreditaram em como puderam ser
manipulados tão facilmente.
A história também deu origem ao filme
alemão Die Welle, de 2008, um
longa-metragem com um enredo bem parecido, mas com uma conclusão mais trágica.
A história de Jones também deu origem ao livro The Wave, do escritor Todd Strasser, que é a romantização dos
eventos ocorridos durante A Terceira
Onda.
Manifestantes da Marcha da Família com Deus no ano de 2014
The Wave, livro de Todd Strasser
Em nossos tempos onde tanta gente
participa de passeatas pedindo a volta da ditadura militar no Brasil – como
vimos recentemente na marcha da família e no aniversário de 50 anos do golpe militar
de 1964 – é sempre bom refletir sobre os perigos do autoritarismo e da conversão
ideológica. Muitos reclamam da democracia e tem sido muito difundida no Brasil
hoje a ideia de que a corrupção é exclusiva do novo regime democrático
brasileiro. Alega-se uma suposta inversão de valores e clama-se pela imposição
de códigos morais mais rígidos na sociedade; mas tudo tem o seu preço, e o
preço da liberdade é a convivência com valores diferentes dos nossos; mas o seu
oposto – o autoritarismo – é um pesadelo em que a individualidade é sufocada em
nome da ideologia oficial, concorde você ou não. E nesta distopia a corrupção
encontra um terreno fértil e seguro para se disseminar (inúmeros escândalos de
corrupção também ocorreram durante a ditadura militar). Basta uma pesquisa
rápida na internet para encontrar aterrorizantes relatos sobre fatos ocorridos
em regimes totalitários como o da China, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Norte,
Cuba, entre tantos outros; países onde não há liberdade de expressão, a
internet e a mídia são controladas, e governos autoritários controlam
rigidamente todos os aspectos da vida dos cidadãos; censurando abertamente livros,
filmes, teatro, notícias, discursos, artigos científicos e qualquer coisa que
seja considerada subversiva e contra os ideais do governo, regime, revolução,
líder, entre outros; criados para serem adorados e obedecidos sem
questionamento, sob o risco de prisão, tortura e até morte.
The Mars Underground é um documentário sobre a possibilidade de
futuras missões tripuladas ao planeta Marte utilizando o Mars Direct, criado pelo engenheiro aeroespacial Robert Zubrin. O
vídeo questiona os motivos de missões tripuladas à Marte ainda não terem
acontecido, discute a necessidade da exploração e colonização humana do planeta
vermelho e sua importância para o futuro da humanidade. Outro assunto discutido
no documentário é a atual estagnação do programa espacial americano. Após o sucesso
total do Programa Apollo, que colocou os primeiros seres humanos na Lua, a NASA
optou pelo desenvolvimento dos ônibus espaciais e a construção da Estação
Espacial Internacional, em detrimento de uma missão tripulada à Marte.
Planeta Marte
Marte é o quarto planeta do
Sistema Solar e fica distante entre 206 e 249 milhões de quilômetros do Sol, bem
mais afastado que a Terra, que fica entre 147 e 152 milhões de quilômetros. Ele
possui 6.792 Km de diâmetro, pouco mais da metade do diâmetro da Terra, que tem
12.756,2 Km. A atmosfera é constituída em cerca de 95% por dióxido de carbono,
mas a pressão atmosférica equivale a menos de 1% da terrestre, com temperaturas
baixíssimas de até -143 0C, mas que podem chegar acima de 20 0C
durante o verão equatorial. Ele possui um dia de 24 horas e 40 minutos, quase o
mesmo que o dia terrestre. Apesar da atmosfera extremamente rarefeita e das
baixas temperaturas, é o local mais parecido com a Terra em todo o Sistema
Solar e possui uma área de terra firme maior que a de nosso planeta, pelo fato
de não possuir oceanos. Devido a todas essas características, Marte tem o
melhor potencial para se tornar o segundo lar dos seres humanos. Robert Zubrin
argumenta que com a tecnologia atual, uma missão tripulada poderia ser
desenvolvida num prazo de 10 anos, caso houvesse recursos financeiros e vontade
política.
Robert Zubrin
Robert Zubrin faz duras críticas
à NASA, que segundo ele, estaria sem rumo desde os últimos pousos na Lua no
início dos anos 70. Após o Programa Apollo, ao invés de investir em uma missão
à Marte, a opção pelo desenvolvimento dos Ônibus Espaciais e posteriormente a
construção da Estação Espacial Internacional, e desde então nenhum ser humano deixou
a órbita baixa terrestre nas últimas 4 décadas. Em 1989, durante o governo
Bush, houve uma tentativa de se criar um programa espacial que levaria o homem
à Marte, que resultou em um projeto orçado em 450 bilhões de dólares e que
envolvia a construção de uma gigantesca estação espacial, instalações industriais
na Lua e a montagem de uma enorme nave com propulsão nuclear que faria uma
viagem de ida e volta ao planeta vermelho com a previsão de apenas alguns dias de
estada na superfície. Este projeto foi imediatamente rejeitado pelo congresso
americano devido ao seu custo astronômico.
Ônibus Espacial
Após a rejeição do projeto,
Robert Zubrin e alguns colaboradores que trabalhavam na empresa Martin Marietta Astronautics (atual Lookhed Martin) desenvolveram um projeto
de missão que ficou conhecido como Mars
Direct, cuja filosofia era viajar leve, rápido e barato. Diferentemente da
gigantesca nave nuclear prevista no plano proposto durante a administração do presidente
Bush, uma nave pequena aproveitaria o melhor alinhamento entre a Terra e Marte viajando
apenas com o combustível de ida. Um módulo lançado previamente produziria o
combustível da viagem de retorno utilizando como matéria prima a própria
atmosfera marciana na superfície. Como mais de 90% do peso de um foguete é o
seu combustível, o peso da nave seria bem menor, ela poderia viajar mais rápido
e o seu custo seria bem mais baixo. A tripulação ficaria um ano e meio
explorando a superfície e por fim aproveitaria o melhor alinhamento entre os
planetas para realizar a viagem de retorno.
Estação Espacial Internacional
Zubrin faz uma defesa apaixonada
da exploração humana de Marte e sua colonização, como forma de se criar um novo
e dinâmico ramo da civilização, que poderia trazer benefícios para toda a
humanidade. Além das novas tecnologias para o dia a dia que surgiriam no
desenvolvimento da missão, se criaria um capital incalculável através da
inspiração dos mais jovens a se tornarem engenheiros e cientistas, que
desenvolveriam as novas tecnologias a serem utilizadas pelas futuras gerações.
Além disso, aqueles que realizassem tais missões gravariam eternamente seus
nomes como heróis na história da humanidade. Outra ideia, esta mais
especulativa, seria a possibilidade de “terraformar” Marte, tornando o planeta
mais parecido com Terra e habitável para os seres humanos.
Excelente documentário.
Inspirador na forma como mostra que o futuro pode ser belo e vibrante se
investirmos agora em grandes projetos para o bem das gerações futuras. Como
citado no documentário, daqui a alguns séculos ninguém saberá quais eram as
crises econômicas, as disputas políticas e as guerras da década de 60, mas
todos se lembrarão dos primeiros passos do homem na Lua. Muita gente acha que
investimentos em ciência e exploração são gastos desnecessários que poderiam
ser usados melhor na solução dos problemas atuais da humanidade. Mas as soluções
dos problemas atuais virão do futuro, e o futuro tem que ser construído no
presente, e envolve novas tecnologias e a distribuição e o aperfeiçoamento das
que já existem.
Esta é a transcrição da palestra para
o TED do cineasta James Cameron, responsável pelos dois filmes de maior
bilheteria da história do cinema: Avatar
e Titanic. Ele também tem diversos outros
filmes de sucesso em seu currículo, como Exterminador
do Futuro (The Terminator, 1984), Aliens
– O resgate (Aliens, 1986), O Segredo
do Abismo (The Abyss, 1989), Exterminador
do Futuro 2 – O Julgamento Final (Terminator 2: Judgement Day, 1991), True Lies (1994), entre outros. Aqui ele
faz um resumo de sua vida, de um garoto fã de ficção científica à cineasta de
sucesso e explorador. Além de filmes, ele também fez diversos documentários,
principalmente no longo período entre os filmes Titanic, lançado em 1997, e
Avatar, em 2009. Deste período vem o sensacional documentário Criaturas das Profundezas (Aliens of the Deep),
onde ele, juntamente com alguns astrobiólogos da NASA, exploram em um submarino
russo, fontes termais nas profundezas do Oceano Atlântico em busca dos
estranhos seres vivos que ali vivem em um ecossistema totalmente independente
do Sol.
Alguns filmes de James Cameron
Para ver o vídeo legendado clique
aquie em Show transcript
acione as legendas Portuguese, Brazilian.
James
Cameron: Antes de Avatar... um garoto curioso
Cresci sob uma dieta regular de ficção
científica Durante o segundo grau tomava um ônibus para escola era uma hora de
ida, outra de volta, todos os dias e eu estava sempre absorto em um livro um
livro de ficção científica, que transportava minha mente a outros mundos, e
satisfazia, de uma forma narrativa, esta curiosidade insaciável que eu tinha
E vocês sabem que a curiosidade também se
manifestava no fato de que sempre que eu não estava na escola eu estava ao ar
livre, no mato, fazendo excursões e coletando "amostras", sapos e
cobras e insetos e água das poças, e trazendo-os de volta, examinando-os no
microscópio Vocês sabem, eu era realmente um fanático por ciência Mas tudo isso
se tratava de tentar entender o mundo, entender os limites das possibilidades.
E minha paixão por ficção científica de fato
parecia se refletir no mundo ao meu redor, por causa do que estava acontecendo,
isso era no fim dos anos 60, estávamos indo à lua, estávamos explorando os
oceanos profundos, Jacques Cousteau estava em nossas salas de estar com seus
programas especiais fantásticos que nos mostravam animais e lugares e um mundo
incrível que nunca poderíamos ter imaginado antes Então, isso parecia estar de
acordo com toda essa parte de ficção científica.
E eu era um artista. Eu desenhava. Eu
pintava. E eu descobri já que não havia video games e esse excesso de filmes feitos
por computador e todo esse imaginário no cenário da mídia, eu tinha que criar
essas imagens em minha cabeça. Vocês sabem, todos passamos por isso, quando
crianças tínhamos que ler um livro e através da descrição do autor criar algo
na tela da nossa mente Então, minha resposta era pintar, desenhar criaturas
alienígenas, mundos extra-terrestres, robôs, espaçonaves, todas essas coisas.
Eu era constantemente pego na aula de matemática rabiscando atrás do livro. Ou
seja, a criatividade tinha que encontrar um escape.
E uma coisa interessante aconteceu, os
programas de Jacques Cousteau realmente me deixaram muito entusiasmado sobre o
fato de que havia um mundo alienígena aqui na Terra Talvez eu realmente não vá
a um mundo extra-terrestre em uma espaçonave um dia. Isso parecia realmente
muito pouco provável. Mas havia um mundo que eu podia visitar, bem aqui na
Terra, que era rico e exótico como tudo que eu havia imaginado ao ler esses
livros.
Então eu decidi que seria um mergulhador
quando tinha 15 anos. O único problema é que eu vivia em uma cidadezinha do
Canadá, a 1000 km do oceano mais próximo. Mas não deixei que isso me
desanimasse. Insisti com meu pai até que ele finalmente encontrou aulas de
mergulho em Buffalo, Nova Iorque, cruzando a fronteira onde morávamos. E eu
realmente recebi meu certificado em uma piscina da ACM em pleno inverno em
Buffalo, Nova Iorque. E não vi um oceano, um oceano de verdade, por mais 2
anos, até que nos mudamos para Califórnia.
Desde então, nos próximos 40 anos, passei cerca
de 3.000 horas embaixo d´água, E 500 dessas horas foram em submersíveis. E
aprendi que o ambiente de um oceano profundo, e mesmo dos oceanos mais rasos,
são completamente ricos com uma vida incrível que está realmente além da nossa
imaginação. A imaginação da natureza é tão ilimitada comparada com nossa pobre
imaginação humana. Até hoje, ainda fico totalmente surpreso com o que vejo em
meus mergulhos. E minha história de amor com o oceano continua, tão forte como
sempre foi.
Mas, quando escolhi uma carreira, já adulto,
foi fazer filmes. E esta parecia ser a melhor maneira de conciliar minha
necessidade de contar histórias, com minha necessidade de criar imagens. E
quando criança eu estava sempre desenhando histórias em quadrinhos e coisas do
tipo. Então, fazer filmes era a maneira de colocar imagens e histórias juntos.
E isso fazia sentido. E claro que as histórias que escolhi contar eram
histórias de ficção científica: "Exterminador do Futuro",
"Aliens" e "O Abismo". E com "O Abismo", eu
estava juntando minha paixão pelo mundo aquático e mergulho, com a produção de
filmes. Então, vocês sabem, fundindo as duas paixões.
Algo interessante surgiu de "O
Abismo", que era resolver um problema específico de narrativa neste filme
que era criar um tipo de criatura aquática líquida, nós realmente abraçamos a
animação gerada por computador. E isso resultou na primeira superfície macia de
um personagem, de animação por computador que jamais existiu em um filme.
Apesar do filme não ter dado lucro, por pouco ficamos quites, devo dizer, fui
testemunha de algo incrível, que foi o público, o público global ficou
boquiaberto com esta aparente magia.
Vocês sabem, é a lei de Arthur Clarke de que
qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia. As pessoas
estavam vendo algo mágico. E isso me deixou muito entusiasmado. E pensei,
"Uau, isso é algo que precisa ser incorporado à arte
cinematográfica." Então, com "Exterminador do Futuro 2", que foi
meu próximo filme, levamos isso muito mais além. Trabalhando com ILM, criamos
uma figura de metal líquido no filme. O sucesso dependia do efeito funcionar ou
não. E funcionou. E criamos mágica outra vez. E tivemos o mesmo resultado com o
público. Apesar de que faturamos um pouco mais nesse filme.
Então, traçando uma linha entre esses dois
pontos de experiência, chegamos ao ponto de que seria um mundo totalmente novo,
era um mundo totalmente novo de criatividade para os artistas da indústria de
cinema. Então, comecei um negócio com Stan Winston, meu grande amigo Stan
Winston, que era número um em maquiagem e desenho de criaturas naquela época, e
se chamava Digital Domain. E o conceito da empresa era que pularíamos a fase
dos processos analógicos das impressoras ópticas e iríamos direto para produção
digital. E realmente fizemos isso, o que nos deu uma vantagem competitiva por
um tempo.
Mas, nos encontramos atrasados no meio dos
anos 90 no negócio de desenho de criaturas e personagens que era para o que
havíamos criado a empresa. Então, escrevi este texto chamado "Avatar",
que tinha a intenção de absolutamente inovar em efeitos visuais, de efeitos
gerados por computador, ir além com personagens realistas com emoções humanas
gerados por computador e os principais personagens seriam gerados por
computador e o mundo seria gerado por computador Mas era avançado demais. E
meus funcionários me disseram que não poderíamos fazer isso por algum tempo.
Então, arquivei a idéia, e fiz esse outro
filme sobre um enorme navio que afunda. (Risos) Vocês sabem, fui ao estúdio e
lancei essa idéia como " 'Romeu e Julieta' em um navio" Vai ser um
romance épico, um filme ardente. Secretamente, o que eu queria fazer era
mergulhar no mundo real do "Titanic". E foi por isso que eu fiz o
filme. (Aplausos) E essa é a verdade. Bem, o estúdio não sabia disso. Mas eu os
convenci. Eu disse, "Vamos mergulhar até o naufrágio. Vamos filmá-lo de
verdade. Vamos usar na abertura do filme. Vai ser muito importante. Será um
grande gancho de marketing." E eu os convenci a custear uma expedição.
(Risos)
Parece loucura. Mas isso nos faz voltar ao
assunto de que a sua imaginação cria a realidade. Porque nós realmente criamos
uma realidade onde seis meses depois eu me encontrei num submersível russo a 4
Km de profundidade no Atlântico norte, olhando para o verdadeiro Titanic
através de uma escotilha, não era filme, não era alta definição, era real.
(Aplausos)
Bem, aquilo foi impressionante. E exigiu
muita preparação, tivemos que construir câmeras e luzes e todo tipo de coisas.
Mas, me dei conta do quanto esse mergulho, esses mergulhos profundos eram como
uma missão espacial. Vocês sabem, onde tudo era altamente técnico, e exigia
muito planejamento. Você entra nessa cápsula, desce a essa escuridão um
ambiente hostil onde não existe possibilidade de salvamento se você não
conseguir voltar sozinho. E eu pensava, "Uau, estou vivendo um filme de
ficção científica. Isso é realmente fantástico."
E então, eu realmente fui contagiado pela
febre da exploração de oceanos profundos. Claro, a curiosidade, o componente
científico. Era tudo. Era aventura, Era curiosidade. Era imaginação. Era uma
experiência que Hollywood não podia me dar. Porque, vocês sabem, eu podia
imaginar uma criatura e podia criar um efeito visual para ela. Mas eu não podia
imaginar o que estava vendo por aquela janela. A medida que fazíamos nossas
futuras expedições Eu estava vendo criaturas em fontes hidrotermais e às vezes
coisas que eu nunca tinha visto antes, às vezes coisas que ninguém tinha visto
antes, que realmente não haviam sido descritas pela ciência no momento em as
vimos e as imaginamos.
Então, eu estava completamente fascinado com
isso e tinha que fazer mais. Então, eu de fato tomei uma decisão um tanto
curiosa. Após o sucesso de "Titanic," Eu disse, "Ok, vou dar uma
pausa em meu trabalho como criador de filmes de Hollywood, e vou ser explorador
por tempo integral durante um período." E então, começamos a planejar essas
expedições. E acabamos indo até o Bismark, e explorando-o com veículos
robóticos. Voltamos ao naufrágio do Titanic. Levamos pequenos robôs que
havíamos criado que desenrolavam uma fibra óptica. E a idéia era ir entrar e
fazer um levantamento interno uma pesquisa daquele navio, que nunca havia sido
feito. Ninguém nunca havia estado dentro do naufrágio. Eles não tinham os meios
para fazer isso, então criamos a tecnologia para isso.
Então, vocês sabem, aí estou, no deck do
Titanic, sentado em um submersível, e olhando para tábuas de madeira que se
pareciam muito com o local onde eu sabia que a banda havia tocado. E estou
conduzindo um pequeno veículo robótico pelo corredor do navio. Quando penso, eu
o estou conduzindo, mas minha mente está no veículo. Eu sentia que estava
fisicamente presente dentro do naufrágio do Titanic. E foi o tipo mais surreal
de experiência de deja vu que eu já tive, porque eu já sabia antes de virar em
alguma esquina o que ia estar lá antes que as luzes do veículo realmente a
revelassem, porque eu havia andado pelo set de filmagem por meses quando
estávamos fazendo o filme. E o set estava baseado em uma réplica exata dos
desenhos do navio.
Então, foi uma experiência absolutamente
impressionante. E me fez entender que a experiência de telepresença que você de
fato pode ter com esses avatares robóticos, que sua consciência é projetada
nesses veículos, nessa outra forma de existência. Foi realmente muito, muito
profundo. E pode ser que tenha sido uma pequena idéia do que poderá vir a acontecer
em algumas décadas ao começarmos a ter ciborgues para exploração ou para outros
fins em muitos tipos de futuros pós-humanos que eu posso imaginar, como fã de
ficção científica.
Então, ter feito essas expedições, e
realmente começar a apreciar o que estava lá, como por exemplo as fontes nas
fendas do fundo do mar onde temos esses animais fantásticos, fantásticos. Eles
são basicamente alienígenas aqui na Terra. Eles vivem em um ambiente de
quimiosíntese. Eles não sobrevivem com sistemas baseados na luz do sol, como
nós. Assim, você está vendo animais que vivem junto a jorros de água a 500
graus. Você acha que é impossível que eles existam.
Ao mesmo tempo Eu estava me interessando
muito por ciência espacial também, novamente, é a influência da ficção
científica, desde criança. E acabei me envolvendo com a comunidade espacial,
realmente envolvido com a NASA, participando do Conselho da NASA, planejando
missões espaciais reais, indo para Rússia, assistindo os protocolos biomédicos
pré-cosmonáuticos todo esse tipo de coisas, para realmente voar até à estação
espacial internacional com nosso sistema de câmeras 3D. E era fascinante. Mas o
que eu acabava fazendo era levar cientistas espaciais conosco para o fundo do
mar. E levá-los ao fundo para que eles tivessem acesso astrobiologistas,
cientistas planetários, pessoas interessadas nesses ambientes extremos,
levando-os para as fontes nas fendas para verem, e pegar amostras e levar
instrumentos para testes, e assim por diante.
Então, por fim estávamos fazendo
documentários, mas fazendo ciência de verdade, e de fato fazendo ciência
espacial. Eu havia fechado o círculo completamente entre ser um fã de ficção
científica, vocês sabem, quando criança, e fazer essas coisas de verdade. E
vocês sabem, durante esta jornada de descoberta, eu aprendi muito. Aprendi
muito sobre ciência. Mas também aprendi muito sobre liderança. Bem, você
imagina que um diretor tem que ser um bom líder, líder, capitão do navio, todo
esse tipo de coisa.
Eu realmente não tinha aprendido sobre
liderança até fazer essas expedições. Porque eu tinha, num certo ponto, dizer
"O que estou fazendo aqui? Por que estou fazendo isso? O que eu ganho com
isso?" Não fazemos dinheiro com esses benditos shows. Quase nem chegamos a
empatar. Não tem fama nisso. As pessoas pensaram que eu tinha desaparecido
entre "Titanic" e "Avatar" e estava curtindo em algum
lugar, numa praia. Fiz todos esses filmes, todos esses filmes documentais para
um público muito limitado.
Nada de fama, glória, dinheiro. O que você está
fazendo? Você está fazendo isso pela tarefa em si, pelo desafio e o oceano é o
ambiente mais desafiador que existe, pela emoção da descoberta, e pelo estranho
laço que se forma quando um pequeno grupo de pessoas forma uma equipe bem
ajustada. Pois fazíamos essas coisas com 10-12 pessoas trabalhando por anos e
por vez As vezes no mar por 2-3 meses.
E nesse laço, você percebe que a coisa mais
importante é o respeito que você tem por eles e que eles têm por você, que
vocês completaram uma tarefa que não tem como explicar para outra pessoa.
Quando você volta para a terra e diz, "Tivemos que fazer isso, e a fibra
ótica, e a atenuação e isso e aquilo outro, e toda tecnologia, e a dificuldade,
os aspectos do desempenho humano no trabalho no mar você não consegue explicar
isso para as pessoas. É uma coisa que talvez os policiais tenham, ou pessoas
que estiveram em combate e passaram por algo juntas e eles sabem que nunca vão
conseguir explicar. Isso cria um laço, cria um laço de respeito.
Então, quando voltei para fazer meu próximo
filme, que era "Avatar," Tentei aplicar os mesmos princípios de
liderança que é de respeito pela sua equipe, e que você ganha o respeito deles
em troca. E isso realmente mudou a dinâmica. Então, lá estava eu novamente com
uma pequena equipe, em um território não mapeado fazendo "Avatar",
trazendo novas tecnologias que não existiam antes. Super excitante. Super
desafiante. E nos tornamos uma família, por um período de quatro anos e meio. E
isso mudou completamente a maneira em que faço filmes. Então, as pessoas
comentaram como, bem, vocês sabem, você trouxe os organismos marinhos e os
colocou no planeta Pandora. Para mim era mais uma maneira fundamental de fazer
negócios, o processo em si mesmo, isso mudou como um resultado do que havia
aprendido.
Então, o que podemos sintetizar disso? Vocês
sabem, quais as lições aprendidas? Bem, acho que a número um é curiosidade. É a
coisa mais poderosa que você tem Imaginação é uma força que pode realmente
manifestar-se em uma realidade. E respeito da sua equipe é mais importante do
que todos as glórias do mundo. Eu conheço jovens cineastas que vem até mim e
dizem, "Qual o seu conselho para fazer isso." E eu digo, "Não
crie limites para você mesmo. Outras pessoas vão fazer isso por você, não o faça
a si mesmo, não aposte contra você mesmo. E arrisque."
A NASA tem uma frase que eles gostam:
"Fracasso não é uma opção." Mas fracassar tem que ser uma opção na
arte e na exploração, porque se trata de fé. E nenhum empreendimento que exigiu
inovação foi feito sem riscos. Você tem que estar disposto a assumir esses
riscos. Então, o pensamento que eu gostaria de deixar com vocês, é que em
qualquer coisa que você faça, fracassar é uma opção, mas o medo não. Obrigado.
Aplausos.
Esta é a transcrição da
fantástica palestra do físico do CERN Brian Cox, um dos melhores divulgadores
da ciência da atualidade, autor de diversos livros e apresentador de diversos
documentários que pretendo divulgar aqui em breve. Nesta palestra ele fala um
pouco sobre a importância da ciência para a humanidade, principalmente as áreas
voltadas para a exploração dos limites do conhecimento, como por exemplo a
exploração do espaço e a física de partículas. São áreas que exigem o trabalho
de milhares de técnicos, engenheiros e pesquisadores e consomem bilhões anualmente,
cujos recursos sempre são diminuídos em tempos de crise. Ele nos mostra como as
descobertas realizadas pela ciência tornam possíveis tecnologias que rendem
muito mais recursos do que aqueles que são aplicados.
Mas infelizmente os governos
ainda consideram os investimentos em ciências como gastos desnecessários e
ainda gastam milhares de vezes mais com gastos militares do que com pesquisa.
Isto falando de países desenvolvidos, que ainda investem, pois se falarmos
sobre países em desenvolvimento como o Brasil...
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as legendas Portuguese, Brazilian.
Brian
Cox: Por que precisamos dos exploradores
Nós vivemos em tempos econômicos difíceis e
desafiadores, é claro. E uma das primeiras vítimas de tempos econômicos
difíceis, é gasto público de qualquer natureza, mas certamente na linha de tiro
no momento é gasto público com ciência, em específico a ciência levada pela
curiosidade e exploração. Então, quero tentar convencê-los em cerca de 15
minutos que isso é uma coisa ridícula de se fazer.
Mas para explicar a situação, quero mostrar
-- o próximo slide não é uma tentativa de mostrar o pior TED slide na história
do TED, mas é um pouco desorganizado. (Risos) Na verdade, não é minha culpa; é
do jornal The Guardian. E é na verdade uma linda demonstração de quanto a
ciência custa. Pois, já que eu quero falar sobre continuar investindo em
ciência pela curiosidade e exploração, devo mostrar o quanto custa. Este é um
jogo chamado "ache o orçamento para a ciência." Este é o gasto governamental
do Reino Unido. Como podem ver, é cerca de 620 bilhões por ano.
O orçamento da ciência está -- se olharem
para a esquerda, tem um conjunto de bolhas roxas e um conjunto de bolhas
amarelas. E é um dos conjuntos de bolhas amarelas em volta da grande bolha
amarela. É cerca de 3,3 bilhões de libras por ano dos 620 bilhões. Isso
financia tudo no Reino Unido de pesquisa médica, exploração espacial, aonde eu
trabalho, na CERN em Genebra, física de partículas, engenharia, até mesmo artes
e humanitárias, financiados pelo orçamento da ciência, que é minúscula bolha
amarela de 3,3 bilhões em volta da bolha laranja no canto esquerdo da tela. É
sobre isso que estamos discutindo. Aquela porcentagem, na verdade, é mais ou
menos a mesma nos EUA, na Alemanha e na França. Pesquisa e Desenvolvimento na
economia, financiado pelo governo, consiste em cerca de 0,6% do PIB. Então é
isso que estamos discutindo.
A primeira coisa que quero dizer, e isso vem
direto do [programa da BBC] "Maravilhas do Sistema Solar," é que nossa
exploração do sistema solar e do universo nos mostrou que é indescritivelmente
lindo. Esta é uma foto que foi mandada pela sonda espacial Cassini em Saturno,
depois que filmamos "Maravilhas do Sistema Solar." Então não está na
série. É da lua Encélado. Então aquela esfera grande no canto é Saturno, que
está no fundo da foto. E aquela crescente ali é a lua Encélado, que é tão
grande quanto às Ilhas Britânicas. Tem cerca de 500 km de diâmetro. Lua
minúscula. O que é fascinante e lindo... esta é uma foto não processada, devo
dizer. É preta e branca, direto da órbita de Saturno.
O que é lindo é -- vocês podem ver ali na
borda tufos de uma quase fumaça bem fraca saindo da borda. É assim que
visualizamos isso no "Maravilhas do Sistema Solar." É uma imagem linda.
Descobrimos que aqueles tufos fracos são na verdade fontes de gelo saindo da
superfície desta lua minúscula. É fascinante e lindo por si só, mas achamos que
o mecanismo que que dá força a essas fontes requer a existência de lagos de
água líquida embaixo da superfície desta lua. E o importante nisso é que, no
nosso planeta, na Terra, aonde encontramos água líquida, encontramos vida.
Então, encontrar fortes evidências de líquido, poças de líquido, abaixo da
superfície de uma lua a mais de um bilhão de quilômetros da Terra é realmente
impressionante. O que estamos dizendo essencialmente é que talvez haja um
habitat para vida no sistema solar. Bom, isso foi um gráfico. Eu quero mostrar
esta foto. É mais uma foto de Encélado. Foi quando Cassini voou embaixo de
Encélado. Foi um voo bem baixo, somente alguns quilômetros acima da superfície.
E, de novo, uma foto real das fontes de gelo levantando para o espaço,
absolutamente fascinante.
E este não é o primeiro candidato à vida no
sistema solar. Existe um lugar, que é uma lua em Júpiter, Europa. E tivemos que
voar até o sistema Joviano para ter uma ideia de que esta lua, assim como
outras luas, não era apenas uma bola morta de rochas. É na verdade uma lua de
gelo. Estamos olhando para a superfície da lua Europa, que é uma camada grossa
de gelo, provavelmente uns 100 km. Mas ao medir a maneira que Europa interage
com o campo magnético de Júpiter, e ao observar como as rachaduras no gelo que
vocês veem ali naquele gráfico se movem inferimos enfaticamente que existe um
oceano de líquido envolvendo toda a superfície de Europa. Então abaixo do gelo,
existe um oceano de líquido em volta da lua. Achamos que poderia ter
quilômetros de profundidade. Achamos que é água salgada, e isso significa que
existe mais água nessa lua de Júpiter do que existe em todos os oceanos da
Terra juntos. Então esse lugar, uma lua ao redor de Júpiter, é provavelmente o
primeiro candidato para achar vida numa lua ou num corpo fora da Terra, que
temos conhecimento. Uma descoberta enorme e linda.
Nossa exploração do sistema solar nos
ensinou que o sistema solar é lindo. Também pode ter indicado o caminho para
responder uma das questões mais profundas que podemos imaginar, "Estamos
sozinhos no universo?" Existe algum outro uso para exploração e ciência
além de questionamentos? Bem, existe sim. Esta é uma foto muito famosa tirada
na minha primeira véspera de Natal, 24 de dezembro de 1968, quando eu tinha
mais ou menos oito meses. Foi tirada pela Apollo 8 à medida que passava por
trás da Lua. O "nascer da Terra" da Apollo 8. Uma foto famosa; muitos
dizem que foi a foto que salvou 1968, que foi um ano turbulento -- a revolta
dos estudantes em Paris, o auge da Guerra do Vietnã. A razão porque muitas
pessoas pensam isso desta foto, e Al Gore disse isso muitas vezes no palco do
TED, é que esta foto foi, possivelmente, o começo do movimento ambientalista.
Porque, pela primeira vez, nós vimos nosso mundo não como um lugar sólido,
imóvel e meio que indestrutível, mas um mundo muito pequeno e frágil pendurado
na escuridão do espaço.
O que geralmente não é dito sobre exploração
espacial, sobre o programa Apollo, é a sua contribuição econômica. Ao mesmo
tempo que você argumenta que foi uma façanha tremenda e maravilhosa e
proporcionou fotos como esta, foi muito caro, certo? Na verdade, muitos estudos
foram feitos sobre a efetividade econômica, o impacto econômico do [programa]
Apollo. O maior deles foi em 1975 pela Chase Econometrics. E mostrou que para
cada dólar gasto no Apollo, 14 dólares retornaram para economia dos EUA. Então
o programa Apollo se pagou em inspiração, em engenharia, conquistas e ao
inspirar jovens cientistas e engenheiros 14 vezes mais. Então exploração pode
se pagar.
E quanto à descoberta científica? E quanto
ao incentivo à inovação? Isto parece uma foto de quase nada. Isto é uma foto do
espectro de hidrogênio. Nos anos 1880, 1890, muitos cientistas, muitos
observadores, olharam para a luz que saía dos átomos. E eles viram imagens
estranhas como esta. O que você vê quando coloca isso através de um prisma é
que você esquenta hidrogênio e isso não brilha como uma luz branca, isso emite
luz em cores específicas, vermelho, azul claro, alguns azuis escuros. Isso
levou a um entendimento da estrutura atômica pois isso explica que o átomo é um
núcleo singular com elétrons movendo-se ao seu redor. E os elétrons só podem
estar em lugares específicos. E quando eles pulam para o próximo lugar possível
e voltam para o lugar anterior, eles produzem luz de cores específicas.
Então o fato de que os átomos quando
aquecidos emitirem luz de cores muito específicas, foi um dos incentivos chave
que levou ao desenvolvimento da teoria quântica, a teoria das estruturas dos
átomos. Eu gostaria de mostrar esta foto pois isso é extraordinário. Esta é uma
foto do espectro do Sol. E esta é uma foto de átomos na atmosfera do Sol
absorvendo luz. E novamente, eles só absorvem luz em cores diferentes quando
elétrons pulam e voltam, pulam e voltam. Mas olhem para o número de linhas
pretas naquele espectro. E o elemento Hélio foi descoberto somente por observar
a luz do Sol porque algumas das linhas pretas vistas não correspondiam a um
elemento existente. E é por isso que Hélio é chamado de Hélio. É chamado
"helios" -- helios do Sol.
Isso pode parecer esotérico, e na verdade
foi uma busca esotérica, mas a teoria quântica rapidamente levou ao
entendimento dos comportamentos dos elétrons em matérias, como o silício, por
exemplo. A maneira como o silício se comporta, o fato de podermos construir
transístores, é um fenômeno puramente quântico. Então sem o entendimento levado
pela curiosidade da estrutura dos átomos, que resultou nessa teoria esotérica,
mecânica quântica, não teríamos os transístores, não teríamos chips de silício,
não teríamos o que é simplesmente a base da nossa economia moderna.
Tem mais uma surpresa neste conto
maravilhoso. Em "Maravilhas do Sistema Solar," enfatizamos várias
vezes que as leis da Física são universais. Uma das coisas mais incríveis sobre
a Física e a compreensão da natureza que temos na Terra, é que podemos
transportar, não somente aos planetas, mas até as estrelas e galáxias mais
distantes. E uma das previsões surpreendentes da mecânica quântica, somente ao
olhar para estrutura dos átomos -- a mesma teoria que descreve os transístores
-- é não existem estrelas no universo que atingiram o fim de sua vida que são
maiores que, especificamente, 1,4 vez a massa do Sol. Este é o limite imposto à
massa das estrelas. Você pode calcular num pedaço de papel no laboratório,
pegar um telescópio, apontar para o céu e descobrir que não há estrelas mortas
maiores do que 1,4 vez a massa do Sol. Esta é uma previsão incrível.
O que acontece quando se tem uma estrela
quase no limite dessa massa? Bem, esta é uma foto. Esta é uma foto de uma
galáxia, uma galáxia típica "nosso jardim" com, o quê?, 100 bilhões
de estrelas como nosso Sol. É somente uma das bilhões de galáxias no universo.
Existem bilhões de estrelas no centro galático, e é por isso que brilha tão
intensamente. Está distante cerca de 50 milhões de anos-luz, então é uma das
nossas galáxias vizinhas. Mas aquela estrela brilhante ali é uma das estrelas da
galáxia. Então aquela estrela também está distante 50 milhões de anos-luz. É
parte da galáxia, e brilha tão intensamente quanto o centro da galáxia com um
bilhão de estrelas. É uma explosão supernova Tipo 1a. É um fenômeno incrível
porque é uma estrela que só está lá. É chamada de anã carbono-oxigênio. Ela é
mais ou menos 1,3 vez a massa do Sol. E tem uma companhia binária que move ao
seu redor, então uma estrela grande, uma grande bola de gás. E o que ela faz é
sugar o gás da sua estrela companheira, até chegar ao limite chamado limite
Chandrasekhar, e então ela explode. Ela explode e ela brilha tão intensamente
quanto um bilhão de estrelas por cerca de duas semanas, e ela libera não
somente energia, mas uma quantidade enorme de elementos químicos no universo.
Na verdade, aquela é uma anã carbono-oxigênio.
Agora, não havia carbono e oxigênio no
universo no Big Bang. E não havia carbono e oxigênio no universo durante a
primeira geração de estrelas. Foi produzido em estrelas como esta, aprisionado
e então devolvido ao universo em explosões como essa para então recondensar em
planetas, estrelas, novos sistemas solares e, de fato, pessoas como nós. Acho
que esta é uma demonstração extraordinária do poder e beleza e universalidade
das leis da Física, porque entendemos o processo, porque entendemos a estrutura
dos átomos aqui na Terra.
Esta é uma citação que achei -- estamos
falando sobre acaso aqui -- de Alexander Fleming. "Quando eu acordei logo
após a aurora em 28 de setembro de 1928, certamente não planejei revolucionar
toda a medicina ao descobrir o primeiro antibiótico do mundo." Agora, os
exploradores do mundo do átomo não pretendiam inventar o transístor. E
certamente não pretendiam descrever a mecânica das explosões de supernovas, que
acabou no fim nos dizendo onde os blocos de montar da vida foram sintetizados
no universo. Então, acho que ciência pode ser -- acaso é importante. Pode ser
lindo. Pode revelar coisas surpreendentes. Também pode finalmente revelar as
ideias mais profundas sobre nosso lugar no universo e realmente o valor do
nosso planeta.
Esta é uma foto espetacular do nosso
planeta. Não parece ser o nosso planeta. Parece ser Saturno porque, é claro, é
Saturno! Foi tirada pela sonda espacial Cassini. Mas é uma foto famosa, não por
causa da da beleza e majestade dos anéis de Saturno, mas por causa de um
pequeno ponto apagado pendurado embaixo de um dos anéis. E se eu aumentar a
área, vocês podem ver. Parece ser uma lua, mas é na verdade uma foto da Terra.
Foi uma foto da Terra tirada naquela parte de Saturno. Aquele é o nosso planeta
a mais de um bilhão de quilômetros de distância. Acredito que a Terra tem um
estranho fator que quanto mais nos distanciamos dela, mais linda ela se parece.
Mas esta não é a foto mais distante ou mais
famosa do nosso planeta. Foi tirada por essa coisa, que é chamada de nave
Voyager. E esta é uma foto minha na frente da nave para uma ideia de tamanho. A
Voyager é uma máquina minúscula. Está atualmente a 16 bilhões de quilômetros da
Terra, transmitindo com aquela "antena" com uma potência de 20 watts,
e ainda estamos em contato com ela. Visitou Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. E
depois que a nave visitou esses quatro planetas, Carl Sagan, que é um dos meus
maiores heróis, teve a maravilhosa ideia de girar a Voyager e tirar uma foto de
cada planeta visitado. E tirou esta foto da Terra. É difícil ver a Terra ali, é
chamada de foto do "Ponto Azul Fraco", mas a Terra está suspensa
naquela faixa de luz. Esta é a Terra a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros.
E eu gostaria de ler para vocês o que Sagan
escreveu sobre isso, para terminar, porque eu não consigo achar palavras tão
lindas para descrever o que ele viu na foto que ele acabou tirando. Ele disse:
"Considere de novo aquele ponto. Aquilo é aqui. Aquilo é nossa casa.
Aquilo somos nós. Sobre ele, todos que você ama, todos que você conhece, todos
que você já ouvir falar, cada ser humano que já viveu sua vida. O conjunto de
alegria e sofrimento milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas
confiantes, cada um que caça e busca comida, cada herói e covarde, cada criador
e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal apaixonado,
cada mãe e pai, criança esperançosa, inventor e explorador, cada professor de
moral, cada político corrupto, cada celebridade, cada líder supremo, cada santo
e pecador na história de nossa espécie, viveu ali, numa bola de poeira,
suspensa num raio de sol. Foi dito que astronomia é uma experiência humilde e
formadora de caráter. Talvez não haja demonstração melhor da insensatez da
prepotência humana do que esta imagem distante do nosso pequeno mundo. Para
mim, isso destaca nossa responsabilidade em lidar melhor com os outros, e
preservar e estimar o ponto azul fraco, o único lar que conhecemos."
Lindas palavras sobre o poder da ciência e
exploração. O argumento foi sempre dito, e sempre será dito, que conhecemos o
suficiente sobre o universo. Poderia ser dito nos anos 1920; não teríamos tido
a penicilina. Poderia ser dito nos anos 1890; não teríamos o transístor. E é
dito hoje nessa época de dificuldades econômicas. Certamente, sabemos o
suficiente. Não precisamos descobrir mais nada sobre o universo.
Deixarei as últimas palavras para alguém que
está rapidamente se tornando um herói meu, Humphrey Davy, que foi cientista na
virada do século 19. Ele estava claramente sob fogo cruzado o tempo todo.
Sabemos o suficiente na virada do século 19. Apenas explore, apenas construa
coisas. Ele disse isso: "Nada é mais fatal para o progresso da mente
humana do que achar que nossas visões da ciência são definitivas, que nossos
triunfos são completos, que não há mistérios na natureza, e que não há mundos
novos a conquistar."
Antes de começar esta postagem
gostaria de deixar registrada minha estranheza ao interessante fenômeno que é a
tendência de muitas pessoas a considerar homossexual todos aqueles que ousam
defender publicamente algum direito dos homossexuais. É estranho como você pode sair em defesa das
crianças sem ser chamado de bebê, defender os indígenas sem ser chamado de índio,
ou mostrar seu repúdio à forma como se tratam os animais sem ser chamado de
bicho, mas quando você fala sobre homossexualismo, sempre se escuta em algum
momento: seu gay! Não sou homossexual, mas caso algum homofóbico leia esta
postagem e quiser me chamar de gay nos comentários, tudo bem, sinta-se à
vontade pois não me ofenderei, assim como espero que você também não se ofenda
ao lhe informar que você é um doente mental (me perdoem por favor todos aqueles
que sofrem de doenças, distúrbios e transtornos mentais pelo mau uso que faço
aqui do termo, associando-o a um tipo tão desprezível de sujeito), pois não há
outro termo que eu pense no momento para definir adequadamente uma pessoa que
se incomode tanto com o que outras façam ou deixem de fazer com suas vidas
privadas.
Vejo a homossexualidade como uma
questão de preferências. Por exemplo, eu torço para o Flamengo e não torceria
para o Vasco, Fluminense ou Botafogo, mas acho que todos tem o direito de
torcer para o time de sua preferência, e que se todos torcessem para o mesmo
time, o mundo seria uma merda. Dentro desta analogia, se alguém é vascaíno,
tricolor ou botafoguense, não vejo nenhum motivo para espancar, humilhar,
privar de algum direito ou tentar criar alguma lei no Congresso Nacional para
considerar alguém doente. Todos tem o direito a ter o seu gosto ou mau gosto.
Na noite de 27 para 28 de
novembro vi uma entrevista muito boa que o apresentador Jô Soares fez com a
cantora Daniela Mercury, onde também apareceu a esposa desta, a jornalista Malu
Verçosa. Para quem não sabe ou não se lembra, em 2011 os Ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) reconheceram por unanimidade o direito à união estável
entre pessoas do mesmo sexo com todos os direitos de um casamento, e em 2013 o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução obrigando todos os
cartórios do país a realizarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O
casamento de Daniela Mercury, mais do que uma cerimônia, foi um marco e um
símbolo da consolidação do direito de milhões de brasileiros, por se tratar de
uma celebridade e de ter tido grande repercussão na mídia.
Apesar de ser uma conquista, o
fato de ter sido uma imposição do Poder Judiciário, e não uma mudança na
legislação de iniciativa do Poder Legislativo (que em teoria representa o
interesse de todos os brasileiros através de integrantes eleitos pelo voto), é
uma coisa muito triste. Muito pelo contrário, nadando na contramão da sociedade,
parte do legislativo ainda escolhe um fanático religioso para a presidência da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (não citarei o
nome porque acho que ele já teve publicidade demais em outros meios e não darei
mais esta ajuda, pois já saquei a estratégia: falem mal mas falem de mim pois a
eleição está chegando e meu nome precisa estar em evidência pois muitos milhões
concordam comigo!). Mas não seria de outra forma em um país onde o voto tem que
ser obrigatório para que a população vá às urnas votar e onde o assunto seja um
tabu tão forte.
Um dos argumentos mais utilizados
por quem é contra a decisão, é que a legislação brasileira definiria como casal
a união entre o homem e mulher. Bom, assim como o cavalo já foi a definição de
meio de transporte rápido, o arco e flecha era uma arma eficiente e mortífera,
o escravo era uma propriedade e a monarquia sinônimo de estado moderno, a
definição de casal também deve mudar. Não dá mais para negar o fato que milhões
pessoas mantém relacionamentos afetivos estáveis com outras do mesmo sexo, vivento
sob um mesmo teto, dividindo as despesas, dormindo na mesma cama e muitas vezes
até mesmo criando filhos. A definição de casal já mudou e se achamos estranho
que ela abranja o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, imagine se as
possibilidades que o futuro nos reserva com androides, inteligências
artificiais, mutantes, melhoramentos genéticos, alienígenas, etc. se tornarem
realidade! Mas até lá acredito que nossos descendentes serão bem mais sábios
para tratarem do assunto, e a homofobia será apenas mais uma chaga vergonhosa
na história humana, como foram a escravidão, a inquisição o holocausto e tantos
outros absurdos.
Para ver a entrevista com Daniela Mercury no Programa do Jô, clique aqui.