Mostrando postagens com marcador Ficção Científica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ficção Científica. Mostrar todas as postagens

sábado, 24 de setembro de 2016

Trees, de Warren Ellis e Jason Howard

Trees (Image Comics) é uma nova série de quadrinhos de ficção científica escrita por Warren Ellis (Transmetropolitan, Planetary, Global Frequency, RED) e desenhada por Jason Howard (Super Dinosaur, Astonishing Wolf-Man). A série está em andamento e após vários atrasos encontra-se no nº 14 – publicado com 8 meses de atraso em relação ao nº 13! Duas edições encadernadas já foram lançadas.

Warren Ellis
A história se passa em um futuro próximo, 10 anos após uma estranha invasão alienígena. Nada de naves espaciais com ETs malignos matando pessoas com raios laser para destruir a humanidade e conquistar o planeta. Em Trees a descoberta de que não estamos sozinhos no universo veio com o surgimento de gigantescos artefatos alienígenas em forma de haste com vários quilômetros de altura, chegando até o espaço. Estas estruturas foram apelidadas de “árvores” (trees em inglês) e ninguém faz a menor ideia do que são; estão espalhadas pelo globo sem um padrão aparente e ignorando completamente a presença humana no planeta. Após o choque inicial, a humanidade acaba se acostumando à presença das misteriosas estruturas alienígenas – até favelas surgem ao redor delas no Rio de Janeiro! –, quando após anos em silêncio total, coisas estranhas começam a ocorrer e pela primeira vez surgem sinais de atividade nestes intrigantes objetos.

Jason Howard
No início da trama temos uma eletrizante sequência de ação em uma favela carioca ao redor de uma das estruturas, em que traficantes de drogas são perseguidos por uma polícia de pacificação altamente tecnológica, que utiliza drones em suas ações. As outras subtramas se passam em uma Nova York invadida pelas águas após a chegada das árvores; uma área cultural especial criada ao redor de uma árvore, chamada de Cidade de Shu, na China; uma Itália dominada por gangues fascistas, onde vive um misterioso professor aposentado; um incidente internacional envolvendo tropas militares russas nas árvores da Somália; e um grupo de cientistas em uma estação de pesquisas no ártico que parecem estar descobrindo o segredo por trás da recente atividade das árvores ao redor do mundo.

A trama criada por Warren Ellis é instigante e os desenhos de Jason Howard estão fabulosos. Há muitos mistérios na série que prendem completamente nossa atenção, com muitas conspirações e segredos guardados por alguns personagens, mas o principal deles ainda parece longe de uma resposta: afinal, o que são estas malditas árvores e qual é a intenção dos seus criadores? Espero que acabem os atrasos na série e que possamos saber algumas destas respostas em breve. Infelizmente ainda não há previsão de publicação no Brasil, e os interessados em ler a série terão que adquirir a versão digital na Comixology ou loja Kindle da Amazon; ou comprar os encadernados, que podem ser encontrados à venda no site da Amazon.com.br.





quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Ancillary Justice, de Ann Leckie

Ancillary Justice (Orbit, 2013) é um livro de ficção científica escrito pela americana Ann Leckie. É a estreia da autora, que ganhou os principais prêmios de ficção científica de 2014, entre eles o Hugo Award, Nebula Award, BSFA Award, Arthur C. Clarke Award e Locus Award, além de ter sido nomeado para diversas outras premiações.

A história se passa milhares de anos no futuro no espaço Radch, um império em permanente estado de guerra se expandindo por vários sistemas estelares da galáxia, anexando planetas e espalhando sua civilização e religião, apesar de assimilar alguns aspectos da cultura dominada – principalmente religiosos. Este império galáctico lembra muito o Império Romano, herdeiro dos gregos e que também assimilou aspectos culturais de outras civilizações em sua expansão. Já a religião lembra o cristianismo, que no início também assimilou várias características e rituais pagãos, o que facilitava a conversão entre os povos conquistados. Os Radchaai se veem como mais avançados e civilizados, e a assimilação de outras civilizações é violenta cruel, incluindo a transformação de milhares de prisioneiros em ancillaries. Neste processo a consciência é apagada, e através de implantes cibernéticos estes indivíduos passam a ser meros receptáculos das inteligências artificiais que comandam as naves de guerra e estações.

Naves do Império Radch
Acompanhamos então a história de Breq, a inteligência artificial de uma imensa nave estelar de guerra que agora habita apenas uma ancillary humana. Ela foi a única sobrevivente da destruição desta nave em uma conspiração, e se encontra sozinha e abandonada em um planeta gelado. Breq busca vingança contra o Lorde de Radch Anaander Mianaai, o imperador que de alguma forma foi o responsável pela destruição de sua nave. Em capítulos alternados, acompanhamos flashbacks que mostram Breq quando era a nave de guerra Justice of Toren e controlava milhares de ancillaries durante a conquista de um planeta oceânico. Durante o desenrolar das duas linhas narrativas alternando passado e presente, Breq descobre as raízes de uma conspiração que pode ameaçar o futuro do próprio Império Radch.

Ann Leckie
Nos capítulos em flashback a autora encontra uma forma inovadora de contar a história, através do ponto de vista em primeira pessoa da nave Justice of Toren, que se confunde com um ponto de vista em terceira pessoa, já que a consciência dela está espalhada por várias ancillaries, e desta forma, acompanhamos simultaneamente vários personagens em locais diferentes. Outro aspecto singular do romance é o fato de não haver definição de gênero – Breq se refere a todos como she (ela) – e temos muita dificuldade em definir o sexo dos personagens, mas que acaba se provando irrelevante para a história.

O livro Ancillary Justice faz parte da trilogia Imperial Radch e é seguido por Ancillary Sword (2014) e Ancillary Mercy (2015). Já há um projeto de transformar a história em uma série de televisão pela produtora Fabrik, que produz a série The Killing, para o canal Fox Television Studios. A editora Aleph prometeu o lançamento da versão em português para o segundo semestre de 2016.

domingo, 15 de maio de 2016

Guerra do Velho, de John Scalzi

O livro Guerra do Velho (Old Man’s War, 2005), de John Scalzi, é uma das melhores ficções cientificas já publicadas, lançado agora no Brasil pela excelente editora Aleph. A história se passa em um futuro onde a humanidade se espalhou por vários sistemas estelares, e se deparou com várias raças alienígenas no caminho, as vezes cooperando e as vezes guerreando com elas. Mas a Terra permanece mais ou menos como a conhecemos hoje, pois toda tecnologia futurista está nas mãos das Forças de Defesa Colonial, que defende os interesses humanos nas diversas guerras empreendidas em outros planetas no espaço. É aí que vem a ideia central e mais interessante da trama: os soldados recrutados são idosos de 75 anos!

Ao completar a idade de 75 anos, todo cidadão pode escolher se alistar nas Forças de Defesa Colonial e lutar pela humanidade no espaço. Para isso, receberá um novo corpo, jovem e aperfeiçoado, mas deverá servir em um exército e lutar por 2 anos prorrogáveis por mais 8, e nunca mais poderá voltar para a Terra, se tornando um colono em alguma das várias colônias da humanidade no espaço após terminar o seu tempo de serviço – se sobreviver, é claro. O problema é que ninguém na Terra sabe exatamente o acontece lá fora, e as guerras no espaço podem ser bem mais difíceis e sangrentas do que qualquer um pode imaginar, com perigos que ninguém jamais poderá prever.

John Scalzi
Apesar do tema aparentemente lúgubre do livro, sua maior qualidade é o humor. O protagonista John Perry é hilário e tem sempre uma tirada engraçadíssima nas mais variadas situações, seja diante da entediada funcionária do centro de alistamento, no duro treinamento dos futuros soldados – com um instrutor escrotíssimo que lembra aquele do clássico “Nascido para matar”, do Stanley Kubrick –, e até nas batalhas mais bizarras que você já terá visto.

Guerra do Velho é uma história fechada, mas devido ao sucesso estrondoso teve mais seis continuações, e segue em The Ghost Brigades, The Last Colony, Zoe's Tale, The Human Division e The End of All Things; há também duas histórias curtas: The Sagan Diary, e After the Coup. Existe uma série de TV em produção no canal SyFy baseada em The Ghost Brigades, passada no universo do livro, e a Paramount comprou os direitos para uma futura adaptação cinematográfica. Torço para que o livro seja um sucesso de vendas no Brasil e que a editora Aleph possa publicar as continuações em nosso país.

Veja a resenha do livro em um vídeo da equipe da editora Aleph:



Aqui você pode ver uma mensagem do autor John Scalzi para os fãs brasileiros:



Acompanhe também o excelente Canal do YouTube da Editora Aleph, com lançamentos de livros, resenhas, notícias e muita coisa interessante.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os melhores livros de ficção científica militar

Ficção científica militar é um subgênero da ficção científica com tramas que se passam em guerras, sejam no espaço ou na Terra, em que os protagonistas lutam em exércitos regulares. Desta forma, histórias sobre grupos rebeldes lutando contra regimes galácticos opressores, como em Star Wars, não se encaixam nesta categoria, sendo classificadas mais adequadamente como Space Operas.

Este ramo da ficção científica não deve ser acusado de propaganda à guerra e ao militarismo – livros como Forever War fazem críticas contundentes à guerra. São histórias que exaltam a luta pela sobrevivência nos campos de batalha, o companheirismo entre os soldados, a defesa da humanidade, e a coragem, determinação e união que são exigidas para derrotar inimigos muito mais poderosos.

A lista segue a ordem cronológica de lançamento. Os que estão com o título em português foram publicados no Brasil.


1) Tropas Estelares (Starship Troopers), de Robert Heinlein, 1959

Livro que inaugurou o gênero, mostra a humanidade representada pela Confederação Terrestre em uma guerra interestelar contra alienígenas com formato de insetos do planeta Klendathu. O protagonista é Juan “Johnnie” Rico, um recruta da Infantaria Móvel de um exército futurista de soldados equipados com poderosas armaduras de combate, as Jump Suits. A trama acompanha sua ascensão de soldado até oficial nas fileiras do exército e suas diversas batalhas contra os bugs.

É o livro mais controverso da lista, pois mostra um futuro em que só é cidadão com direito ao voto aquele que serve nas forças armadas da Confederação Terrestre. O livro também toca em temas como pena de morte, castigos físicos, militarismo, democracia e liberdade. Seu autor, Robert Heinlein, foi oficial da Marinha dos Estados Unidos e é considerado um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos, sendo sempre colocado ao lado de nomes como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. Ele foi acusado diversas vezes de fascismo por Tropas Estelares, mas é curioso como anos mais tarde este mesmo autor escreveu Stranger In a Strange Land, livro se tornou inspiração para os hippies e a geração Sexo, Drogas e Rock ’n’ Roll.

O livro ganhou o prêmio Hugo de melhor romance em 1960 e foi adaptado para o cinema por Paul Verhoeven em 1997. O filme não respeita muito a história original e não fez muito sucesso nas bilheterias, mas é considerado um cult e foi muito elogiado pela crítica como uma sátira fascista do militarismo americano. O filme teve duas continuações horrorosas de baixo orçamento, Starship Troopers 2: Hero of the Federation, de 2004, e Starship Troopers 3: Marauder, de 2008; uma série de animação com 37 episódios, Roughnecks: Starship Troopers Chronicles; um longa em animação gráfica chamado Starship Troopers: Invasion; e várias minisséries em quadrinhos pela editora Dark Horse Comics. Há planos para uma nova adaptação para o cinema, desta vez mais fiel ao material original.


2) Guerra Sem Fim (Forever War), de Joe Haldeman, 1974

Mais um clássico da ficção científica militar, neste livro acompanhamos a história do recruta William Mandela, que se alista nas forças armadas das Nações Unidas para lutar em uma guerra interestelar contra alienígenas conhecidos como Taurianos. Para viajar as vastas distâncias interestelares as naves viajam através de portais chamados colapsares, que permitem viajar muitos anos-luz em segundos, mas com pesados efeitos relativísticos – no planeta Terra se passam décadas ou até séculos a cada viagem.

Este livro não é apenas uma imitação de Tropas Estelares ou uma Space Opera qualquer. O recruta William Mandela não é um herói que salva o dia com grandes atos de heroísmo e bravura, mas sim, uma pessoa comum relutando em lutar uma guerra que não entende e está mais preocupado em sobreviver e voltar para casa. Ele continua vivo mais por sorte do que por sua habilidade como guerreiro ou da estratégia adotada por seus comandantes, em uma guerra onde milhares morrem no interior das naves sem sequer ter a chance de lutar contra o inimigo.

O foco da história é nas mudanças ocorridas na sociedade terrestre após as décadas que se passam até o seu retorno – devido à dilatação temporal – e em sua dificuldade de adaptação aos novos tempos. Com a economia mundial cada vez mais destroçada por causa da guerra, o planeta é um local cada vez mais perigoso, com a ruas dominadas por bandidos; governos racionam alimentos e tentam conter o crescimento populacional incentivando cada vez mais o controle de natalidade e as relações homossexuais. Com o passar dos séculos praticamente todo cidadão é gay, e os costumes e a linguagem mudam tanto que nosso protagonista quase não consegue se comunicar com outras pessoas. A cada retorno o mundo se torna um lugar tão diferente que ele se sente cada vez mais deslocado e sem vontade de se adaptar, à vontade somente na presença de outros veteranos, o que faz ele continuar na carreira militar.

Um alerta: não há nenhuma crítica ao homossexualismo nesta história! O autor foi veterano da guerra do Vietnã, sendo ferido em combate e condecorado com uma das mais altas comendas das forças armadas americanas. Guerra Sem Fim é uma metáfora da situação daqueles que lutaram nesta guerra e voltaram para a casa no final dos anos 60 e início dos anos 70 – época de algumas das maiores transformações culturais já vistas na história da humanidade – e encontravam uma sociedade muito diferente daquela que deixaram. Foi a época dos grandes protestos contra a guerra, os arsenais nucleares, o preconceito racial e sexual; e pelos direitos civis, a liberação sexual, a liberalização das drogas e a paz mundial.

Guerra Sem Fim ganhou o prêmio Nebula em 1975, e os prêmios Hugo e Locus em 1976. Teve duas continuações: Forever Free, de 1997 e Forever Peace, de 1999. Em 2008 o cineasta Ridley Scott anunciou ter comprado os direitos para adaptar o livro para o cinema.


3) Armor, de John Steakley, 1984

O menos badalado da lista – mas nem por isso de qualidade inferior –, este livro pode parecer à primeira vista uma imitação barata de Starship Troopers se você ler desatentamente alguma resenha sobre ele, mas esta impressão é desfeita logo nas primeiras páginas. No futuro a humanidade está envolvida até o pescoço na Antwar, uma guerra contra alienígenas de três metros de altura em formato de insetos conhecidos como ants. Para combatê-los, os soldados humanos lutam com super-armaduras que são o produto de centenas de anos de evolução tecnológica. Felix é um soldado batedor enviado para Banshee, planeta de origem dos alienígenas, em uma grande ofensiva da humanidade em território inimigo. Os humanos são emboscados e massacradas pelos insetos, que estão em esmagadora maioria e contam com armas desconhecidas que pegam as tropas de surpresa. Em meio ao enxame de inimigos uma estranha entidade chamada engine assume o comando da mente de Felix e ele começa a lutar com uma ferocidade e habilidade jamais vistos em um ser humano, transformando-se em uma máquina de matar. Após uma verdadeira carnificina em meio a milhares de inimigos, Felix se vê como o único sobrevivente das tropas enviadas ao planeta, e logo depois de ser resgatado é enviado novamente ao front. Ele sobrevive batalha após batalha, suportando as mais duras provações, sempre salvo nos momentos cruciais pela engine; com o tempo ele acaba se questionando sobre a razão desta guerra e como ele se tornou o ser humano com mais combates no currículo, além da misteriosa natureza da entidade que o comanda quando ele está em perigo.

Em outra trama paralela, um pirata espacial que adotou a alcunha de Jack Crow consegue fugir de uma prisão alienígena e se junta à tripulação da nave de um grupo de desertores da Antwar. A nave do grupo vai até Sanction, um distante planeta com uma colônia de pesquisa onde Jack terá de se infiltrar entre os pesquisadores e traí-los para roubar seu combustível para a nave. Mas conforme ele vai vivendo o dia a dia da colônia e se envolvendo cada vez mais com seus habitantes, sua lealdade começa a mudar de lado. Enquanto isso, em uma nave perdida no espaço, uma armadura carrega as lembranças de um soldado que lutou diversas batalhas na Antwar. Esta é a armadura de Felix, o melhor mais experiente soldado da humanidade.

Que fim levou Felix e como sua armadura foi parar em uma nave perdida no espaço? Quem terá a lealdade de Jack Crow? As duas tramas se unem em um dos finais mais eletrizantes que eu já li.


4) All You Need Is Kill (Ōru Yū Nīdo Izu Kiru), de Hiroshi Sakurazaka, 2004

Único livro da lista de um autor que não é americano – Hiroshi Sakurazaka é japonês, como o nome já indica – e o único que se passa na Terra. Neste a humanidade luta há anos contra uma horda de alienígenas conhecidos como mimics. Acompanhamos o soldado Keiji Kiriya, um recruta da divisão de armaduras de combate do exército japonês que morre em poucos minutos na sua primeira batalha, mas acorda no dia anterior à sua morte. Antes de morrer ele encontra a lendária Full Metal Bitch, uma supersoldado das forças especiais americanas que luta com um machado gigantesco e é a melhor combatente da humanidade.

Ele então percebe que sempre que morre, acaba retornando à mesma hora do dia anterior à batalha e decide então aproveitar a situação para melhorar suas habilidades de combate, como em um grande jogo de vídeo game. Em seu novo treinamento ele é ajudado pelo Sargento Ferrell Bartolome, um veterano de muitas batalhas contra os mimics – e que curiosamente é brasileiro – e por Rita Vrataski, a Full Metal Bitch.

O livro é muito bom e tem batalhas sensacionais. Apesar de narrar uma guerra contra alienígenas, a forma como são descritos o relacionamento entre os soldados e as batalhas é bem realista. A história nos passa algo próximo ao que deve ser lutar em uma guerra e perder companheiros em combate. A explicação do loop temporal em que o soldado Keiji Kiriya está preso e a origem e dos mimics são bem criadas e fundamentais no desenvolvimento da trama. O desfecho é arrasador.

Gostei muito da Rita Vrataski/Full Metal Bitch e de sua opção, em meio de uma guerra com armaduras tecnológicas de última geração, pelo uso do milenar machado e sua justificativa bem sensata para tal. Esta personagem rouba a cena!

O livro foi adaptado para o cinema americano sob o nome Edge of Tomorrow (No Limite do Amanhã por aqui), com Tom Cruise no papel principal e Emily Blunt como Rita Vrataski/Full Metal Bitch. Há ainda uma adaptação para mangá desenhada por Takeshi Obata, conhecido pelos desenhos de Hikaru No Go, Death Note e Bakuman, que será lançado ainda este ano no Brasil pela JBC. Também existe uma adaptação horrorosa para os quadrinhos nos Estados Unidos.


5) Old Man’s War, de John Scalzi, 2005

“Eu fiz duas coisas em meu aniversário de setenta e cinco anos. Visitei o túmulo de minha esposa. Então me alistei no exército.”

Com esta fantástica abertura começa o mais recente livro desta lista. Esta é a história de John Perry, que aos 75 anos decide entrar para as Forças de Defesa Colonial em um futuro onde a humanidade está se espalhando entre vários sistemas estelares na galáxia. Mas em seu caminho há várias espécies alienígenas que não estão dispostas a dividir seu espaço, e há guerra em muitas frentes. A FDC não está interessada em recrutas jovens, ela prefere pessoas experientes dispostas a abandonar suas vidas na Terra, lutar por um período e depois colonizar um planeta distante, sem jamais voltar ao planeta de origem da humanidade. Para isso elas ganham corpos geneticamente alterados e modificados com nanotecnologia que lhes dão força, velocidade e resistência amplificados, para poderem lutar contra as mais diversas raças alienígenas que encontrarão na expansão e defesa das colônias humanas. Todos também possuem um implante neural que funciona como dispositivo de comunicação e computador pessoal, que realiza comunicação diretamente com o cérebro do combatente e serve de tradutor, mapa, controle de armamento entre outros.

Romance de estreia do escritor John Scalzi, Old Man’s War é marcada por um excelente protagonista, com personagens coadjuvantes muito interessantes – muitos dos quais infelizmente morrem – e, principalmente, muito bom humor. Há passagens muito hilárias, com destaque para o período de recrutamento e o Sargento que fica responsável pelo treinamento dos futuros soldados. O livro brinca com nossos preconceitos quando mostra espécies alienígenas de aparência ameaçadora, mas que são superavançados e pacíficos; enquanto outras tem uma aparência amigável mas são inimigos letais. A cada batalha milhares de soldados podem morrer antes mesmo de sequer compreender o que é o inimigo contra o qual estão lutando, como em uma batalha onde uma espécie controlava a forma da água e mata milhares de soldados afogados; ou outra que não passava de um fungo subterrâneo que mata uma colônia inteira com dezenas de milhares de humanos antes que estes pudessem entender o que estava acontecendo. Há também inimigos hilários como os covandu, seres humanoides minúsculos que podem ser mortos simplesmente pisando-se neles.


A série Old Man’s War conta atualmente com cinco livros e segue em The Ghost Brigades, The Last Colony, Zoe's Tale, e The Human Division. Está previsto para 2015 o lançamento do sexto livro, The End of All Things. Há também duas histórias curtas: The Sagan Diary, e After the Coup. Existem planos para uma série de TV no canal SyFy e a Paramount comprou os direitos para uma futura adaptação cinematográfica.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

The Martian, de Andy Weir

Me desculpem Arthur C. Clarke, Kim Stanley Robinson, Robet Zubrin, e outros grandes escritores do gênero – gosto muito de vocês, mesmo –, mas esta é a melhor ficção científica hard sobre Marte já escrita! O novato Andy Weir criou um carismático astronauta que está encalhado em Marte; sozinho, sem comunicação com a Terra e que só pode contar com sua engenhosidade, força de vontade e bom humor para vencer o ambiente hostil de um planeta que pode matá-lo de todas as formas imagináveis. Cada detalhe da história, cada reviravolta na trama e cada solução encontrada está firmemente baseada na realidade. Esta com certeza será uma leitura obrigatória para todos os técnicos, engenheiros e astronautas que estarão envolvidos nas futuras missões tripuladas à Marte.

Andy Weir
O autor Andy Weir é um programador que criou a história despretensiosamente, liberando periodicamente os capítulos em sua página na internet. Depois de vários pedidos de seus leitores ele publicou um ebook na Amazon através da plataforma Kindle Direct Publishing. O ebook foi um sucesso e rapidamente vendeu dezenas de milhares de cópias. Weir foi procurado então por um agente de uma grande editora dos Estados Unidos que republicou o livro de forma profissional nos formatos impresso e digital, e este chegou ao topo da lista dos livros mais vendidos de ficção científica da Amazon, chegando até mesmo a figurar na lista dos mais vendidos do jornal New York Times. Os direitos foram comprados para uma adaptação cinematográfica que está sendo produzida diretor Ridley Scott, com Matt Damon no papel principal. A previsão de estreia é para novembro de 2015.

Capa da edição brasileira
Na história o botânico e engenheiro Mark Watney é um astronauta da terceira missão tripulada à Marte, que é abortada após uma colossal tempestade de areia que destrói a antena de comunicação do módulo de habitação e atravessa um pedaço de metal em seu corpo. Seus companheiros decolam às pressas achando que ele está morto, e ele fica ferido, com suprimentos limitados e sem ter como se comunicar com a Terra para avisar que está vivo, em um ambiente totalmente hostil à qualquer forma de vida. Marte tem uma temperatura de dezenas de graus abaixo de zero, atmosfera equivalente a menos de 1% da atmosfera terrestre (quase vácuo) e com água quase inexistente; o planeta é mais gelado que a Antártida e mais seco que o deserto mais estéril aqui da Terra; qualquer ser vivo exposto à estas condições morreria instantaneamente fora de um ambiente pressurizado. Mesmo contra todos estes obstáculos, Mark Watney não desiste e segue em uma obstinada luta pela sobrevivência.

Sua única esperança é sobreviver até a chegada da próxima missão tripulada, prevista para chegar quase quatro anos depois. Ele então contabiliza minuciosamente seus suprimentos, como água, alimentos, etc e traça um plano para viver até lá. Cada obstáculo apresentado pelo planeta vermelho é superado com soluções bem engenhosas, como sua ideia de criar uma plantação no módulo de habitação utilizando uma mistura de solo terrestre, solo marciano e suas próprias fezes, que servem como adubo para cultivar batatas e estender seu suprimento de alimentos – apesar do cheiro horrível!  Eventualmente a Nasa descobre que ele está vivo ao detectar suas atividades na superfície, e um ousado plano é iniciado para trazê-lo de volta. Mas Marte é muito mais perigoso que Watney e os cientistas da Nasa imaginam, e muitos imprevistos mortais surgirão.

O livro é de tirar o fôlego. Mark Watney é como um MacGyver do espaço, adaptando o que tem à sua disposição para inventar uma solução criativa para cada desafio que Marte o faz encarar. A história tem muito suspense a cada página; o azarado astronauta tem que lutar o tempo todo para sobreviver aos perigos do planeta e às falhas nos equipamentos em momentos cruciais. Cada solução é genial e firmemente calcada na realidade; as descrições da missão e seus equipamentos são impressionantes. Com o sucesso das primeiras versões do livro, Andy Weir recebeu sugestões de alguns cientistas e técnicos que o ajudaram a corrigir algumas falhas técnicas na história.

A história lembra muito o épica resgate dos astronautas da Apollo 13 na década de 70, quando parte desta nave foi danificada em uma explosão quando viajava à Lua. Nesta história real a tripulação, engenheiros e técnicos da Nasa somaram forças e também criaram soluções engenhosas para trazer todos vivos para a Terra, em um evento que causou comoção mundial.

O livro foi traduzido para o português e lançado pela editora Arqueiro em outubro deste ano com o horroroso título “Perdido em Marte”. A capa é a mesma da edição americana. Torço outros livros do gênero como Red Mars, de Kim Stanley Robinson, ou First Landing, de Robert Zubrin, também sejam lançados por aqui.

Não perca por nada este livro!


Website do autor:

Página onde o autor comenta a criação do Livro:

segunda-feira, 21 de julho de 2014

ComiXology

O ComiXology é uma loja virtual de quadrinhos com aplicativos para Android, iOS e Windos 8, que permite a compra de dezenas de milhares de revistas em quadrinhos digitais de dezenas de editoras. Além das grandes editoras dos Estados Unidos, como Marvel Comics, DC Comics, Image, e várias outras, você encontra muitas editoras menores e publicações independentes também. São séries mensais, edições especiais, graphic novels, arcos de histórias fechadas, coletâneas, singles, e muitos outros quadrinhos, novos e antigos, disponíveis para compra a um bom preço e até alguns gratuitos.


Agora podemos ler aqueles quadrinhos que nunca chegarão ao Brasil, mas que morremos de vontade de ler, ou não precisaremos esperar anos para que eles sejam publicados por aqui – apesar do sensacional trabalho que a Panini está realizando com as grandes editoras. A edições são vendidas a um bom preço, variando entre $0,99 a $5,00 para as edições mensais e $8,99 a $16,00 para as coletâneas, arcos fechados e graphic novels.

Aplicativo ComiXology em um smartphone

Há uma impressionante quantidade de títulos, novos e clássicos. A maioria está disponível em HD com qualidade excelente, e particularmente o que mais gostei foi da leitura no modo comics, muito boa para dispositivos de tela pequena, onde a cada toque são apresentadas as imagens e o texto quadro a quadro.

A grande desvantagem é o preço em dólar, sujeito às flutuações do câmbio, além das compras só poderem ser realizadas com cartão de crédito internacional. Para os amantes dos quadrinhos, ou aqueles que estudando uma língua estrangeira, o ComiXology é um excelente aplicativo gratuito para leitura. Se você ama os quadrinhos e não quer ver esta arte acabar, compre quadrinhos originais de vez em quando, impressos ou digitais, e pare de apenas baixar scans na internet!

Da esquerda para a direita, leitura em modo comics em uma tela de smartphone

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Terra Nova – Antología de Ciencia Ficción Contemporánea

Terra Nova – Antología de Ciencia Ficción Contemporánea (Sportula, 2013) é uma antologia internacional de contos de ficção científica em espanhol organizada pelo espanhol Mariano Villarreal e o argentino Luis Pestarini, com uma belíssima capa do ilustrador espanhol Ángel Benito Gastañaga. Em sua maioria são contos passados em futuros próximos que exploram o impacto social que novas tecnologias – algumas já em desenvolvimento – terão na vida das pessoas e as questões morais e filosóficas decorrentes, mas que também trazem reflexões sobre temas importantes do mundo atual. A difícil adaptação de uma imigrante em um novo país; amantes robóticos sobre encomenda; exploração de zumbis por um governo totalitário; a alienação do indivíduo nas redes sociais do futuro; transferência de mentes para corpos de aluguel em países subdesenvolvido; backup da mente digitalizada de entes queridos; uma revolução de humanos geneticamente modificados durante a terraformação do planeta Marte; e a defesa dos direitos de inteligências artificiais de estimação em um mundo virtual; são apenas alguns dos temas explorados nos sete contos e uma noveleta de autores de países diversos como Espanha, Cuba, Argentina, China, Estados Unidos e Inglaterra.


El zoo de papel, Ken Liu (EUA/China)***** - Excelente conto de fantasia do chinês radicado nos Estados Unidos Ken Liu. Achei estranho este conto estar numa coletânea de ficção científica, mas ninguém poderá reclamar, pois ele é excelente – um dos melhores da antologia. Nele acompanhamos a relação de um garoto nascido nos Estados Unidos da América, filho de um americano com uma imigrante chinesa. Sua mãe tem uma estranha habilidade: insuflar vida em pequenos origamis de papel. Conforme ele vai crescendo, cresce também a vontade de assumir o american way of life e renegar sua herança cultural chinesa – incluindo sua própria mãe. Já adulto ele recebe uma carta de sua falecida mãe, e fica sabendo de sua triste história. Fenomenal!

Deirde, Lola Robles (Espanha) ***** - Conto sobre robôs com temática homossexual da autora espanhola Lola Robles. No melhor estilo Isaac Asimov, a autora nos brinda com um conto sobre um futuro em que uma empresa oferece parceiros robóticos criados a partir das preferências e perfis psicológicos dos clientes. Uma mulher desiludida após várias desilusões amorosas com parceiras diversas resolve encomendar uma robô. Sua parceira robótica é perfeita e lhe ama sem reservas, mas será mesmo amor o sentimento resultante do condicionamento de uma programação? Uma comovente história que atravessa as limitações de gênero em uma reflexão sobre o que é o amor verdadeiro.

Recuerdos de un país zombi, Erick J. Mota (Cuba)**** - Muito bom conto do autor cubano Erick J. Mota. Uma mistura de Walking Dead com Guerra Mundial Z, onde conhecemos um mundo assolado por uma praga zumbi causada por um vírus, e cientistas cubanos descobrem uma vacina que deixa os mortos-vivos dóceis e obedientes mas que contamina pessoas saudáveis. O governo revolucionário cubano começa a usar esta vacina para explorar a mão-de-obra zumbi nas lavouras e no exército, mas secretamente planeja contaminar a população inteira criando o cidadão revolucionário perfeito: totalmente obediente e comprometido com a causa revolucionária cubana.

Enciende una vela solitária, Víctor Conde (Espanha)** - Conto do espanhol Víctor Conde, é o que menos gostei na antologia. Faz uma crítica às redes sociais. Uma história psicodélica sobre um futuro onde as pessoas podem mergulhar em um mundo virtual onde todas as mentes estão unificadas, compartilhando sentimentos, sensações e lembranças; um pesadelo onde não há individualidade. Parece o relato de alguém olhando as postagens de amigos no Facebook após usar LSD.

Cuerpos, Juanfran Jiménez (Espanha)**** - Conto muito bom no estilo ciberpunk do espanhol Juanfran Jiménez sobre um futuro no século XXII, em que uma poderosa empresa explora um inusitado tipo de turismo: a transferência de mentes realizada remotamente entre europeus e latino-americanos. Neste mundo – onde o abismo social entre o velho e o novo mundo se tornou ainda mais largo – a imigração ilegal se tornou impossível, e turistas europeus ricos tem a possibilidade de visitar turisticamente países exóticos – incluindo o turismo sexual – alugando os corpos de pessoas pobres que ganham a vida desta forma. É neste contexto que um revolucionário descendente de indígenas, tenta fugir de seu passado e imigrar ilegalmente para a Europa transferindo definitivamente sua mente para o corpo de um turista sexual europeu.

Um día sin papá, Ian Watson (Inglaterra)*** - Mais um conto ciberpunk, desta vez do escritor inglês Ian Watson, sobre um futuro onde através de uma nova técnica, as pessoas podem compartilhar suas mentes com as mentes digitalizadas de pessoas mortas. Uma atarefada mãe de família hospeda a mente de seu falecido pai e tem que se desdobrar entre as tarefas domésticas e dar atenção à sua filha e marido – e ainda encontrar algum tempo para que seu inquilino mental assuma o controle de seu corpo e aproveite um pouco sua nova condição de existência. Diante de tantas responsabilidades ela ainda tenta cuidar de algo há muito vem negligenciado: sua própria vida.

Memoria, Teresa P. Mira de Echeverría (Argentina)**** - Conto da filósofa e escritora argentina Teresa P. Mira de Echeverría, se passa em um futuro não muito distante em que a humanidade está terraformando o planeta Marte. Para este trabalho é criada uma raça de humanos geneticamente modificados para se adaptar ao ambiente marciano. Uma história com a temática homossexual que mostra a vida de um garoto que cresce e se apaixona por um marciano que se tornará o líder da uma revolução que poderá tornar Marte independente da Terra. Para garantir sua felicidade e o futuro do planeta Marte, ele deverá seguir rigidamente as orientações advindas do um estranho poder premonitório de seu companheiro. Neste novo mundo, um triângulo amoroso e um bizarro ritual podem revolucionar a reprodução humana e criar uma nova raça de pós-humanos em um do futuro onde a autora explora as funções do sexo na sociedade.

El ciclo de vida de los objetos de software, Ted Chiang (EUA)**** - Noveleta do prestigiado escritor americano de descendência chinesa Ted Chiang sobre inteligências artificiais de estimação. Uma empresa cria criaturas virtuais inteligentes chamadas digientes (entes digitais) para serem mascotes em uma realidade virtual do futuro. Estes seres artificiais tem a capacidade de aprendizado, e o desenvolvimento do potencial de cada um depende da dedicação dos donos em ensiná-los. Após a falência da empresa, um grupo de funcionários e proprietários de digientes mantém fóruns na internet e lutam para mantê-los a salvo de ameaças como pirataria, tortura, exploração sexual e o fim do mundo virtual onde vivem – que está sendo substituído por um mais moderno, mas incompatível com a programação ultrapassada dos digientes. Em meio à luta pela emancipação e reconhecimento dos digientes como seres inteligentes, dois ex-funcionários devem decidir se vale a pena aceitar a proposta de uma empresa que propõe utilizar as criaturas como companheiros sexuais virtuais – o que possibilitaria angariar os recursos necessários para salvá-los da extinção e reprograma-los para a nova realidade virtual hegemônica. Ao ler esta sensacional história não pude deixar de refletir sobre a curta duração dos softwares e websites na era da informática – alguém aí lembra do Pegasus Mail, Netscape Navigator, Napster, eMule, Mirc, Kazaa, entre outros? – e da grande migração que aconteceu no mundo das redes sociais dos usuários do Orkut para o Facebook.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Viagem à Lua de Júpiter (Europa Report)


Viagem à Lua de Júpiter (Europa Report, 2013) é um filme de ficção científica de baixo orçamento dirigido pelo equatoriano Sebastián Cordero sobre uma missão tripulada com financiamento privado à Europa, uma lua do planeta Júpiter que tem um imenso oceano submerso onde os astrobiólogos pensam existir vida. É um suspense bem realista com temas atuais como a exploração privada do espaço e a busca por vida fora do planeta Terra, que que fará a alegria dos fãs de 2001: Uma Odisseia no Espaço, o grande clássico de ficção científica de Stanley Kubric e Arthur C. Clarke. O filme foi muito bem recebido pela crítica e surpreendentemente chega agora ao Brasil em DVD.

Júpiter e suas luas são os locais mais interessantes de todo Sistema Solar. O planeta foi visitado pelas sonda Voyager 1 e 2 nas décadas de 70 e 80 e na década de 90 ganhou a missão de uma sonda exclusiva, a Galileu, que fez a exploração mais completa até hoje do sistema jupiteriano. Esta última missão foi batizada em homenagem ao grande cientista Galileu Galilei, que no século XVII descobriu os quatro grandes satélites do planeta Júpiter: Ganimedes, Calisto, Europa e Io. Com os dados destas missões descobrimos que o planeta não é uma simples bola de gás e suas luas estão longe de serem apenas bolas de gelo e rochas sem graça, como se imaginava anteriormente. Júpiter tem uma atmosfera complexa e turbulenta, e suas grandes luas são geologicamente ativas. Destaque para Io, com dezenas de vulcões em atividade que fazem dela o corpo geologicamente mais ativo de todo o Sistema Solar; e Europa, que tudo indica possuir um oceano salgado com centenas de quilômetros de profundidade sob a espessa camada de gelo que compõe sua superfície. Onde há água líquida, substâncias complexas e uma fonte de energia, pode existir vida como a conhecemos aqui na Terra, daí o grande interesse em Europa.

No futuro próximo imaginado por Cordero, uma empresa fictícia, a EuropaVentures, projeta, financia e lança uma missão tripulada para Europa, com o objetivo de investigar se há vida nesta lua do planeta Júpiter. O filme se passa após um aparente fracasso e é contado na forma de documentário. Através de flashbacks e entrevistas fictícias com a CEO da empresa e cientistas da missão, aos poucos vamos sabendo aconteceu à missão Europa One e o que sua tripulação descobriu por lá. Esta descoberta pode ter custado a vida de vários membros da tripulação.

Planeta Júpiter com Europa ao fundo em cena de Europa Report.
Com a ascensão de várias empresas espaciais privadas como a Space X e a Virgin Galactic, o tema da privatização das viagens espaciais mostrada no filme é pertinente e atual. Com o programa espacial tripulado americano patinando após a aposentadoria dos ônibus espaciais, e uma missão tripulada à Marte cada vez mais distante, as maiores esperanças hoje para o avanço da humanidade no espaço são as empresas privadas (e o programa espacial chinês). Hoje os astronautas dos Estados Unidos tem de contar com a carona das naves russas Soyuz para chegar até a Estação Espacial Internacional. Com a atual crise diplomática na Criméia e os pesados embargos impostos à Rússia, esta provavelmente deixará os Estados Unidos “à pé” no espaço em retaliação.

Apesar do baixo orçamento, o filme é muito bem feito. O interior e o exterior da nave são perfeitos, com cenas muito boas em gravidade zero e no espaço. A chegada ao planeta Júpiter e o pouso em Europa são de tirar o fôlego e as tomadas na superfície são bem realistas. Cenas reais do lançamento de um foguete e sua inserção em órbita, além de fotos reais do planeta Júpiter e de Europa tiradas durante a missão Galileu da NASA foram utilizadas, barateando os custos com efeitos especiais e dando ainda mais realismo ao filme. Há muito suspense e a história é contada de uma forma diferente, não linear, com um final surpreendente, realista e satisfatório. Para os fãs de ficção científica hard, um filme imperdível!



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Robocop (2014)

Quem é fã do Robocop de 1987 e está preocupado com o resultado da nova versão de 2014 dirigida por José Padilha, pode ficar despreocupado. Apesar da falta de violência, dos produtores, da maldição dos remakes e da estreia do diretor no cinema americano, o filme é excelente. O original é bem mais violento, e se fosse lançado hoje não seria liberado para menores de 18 anos, o que inviabilizaria uma produção de 100 milhões de dólares como esta. Mas em compensação, o novo filme é mais complexo, trazendo à baila temas bem atuais como a utilização de robôs na guerra, a desumanização de policiais e soldados, a invasão da privacidade e o poder das grandes corporações.

O filme começa mostrando uma ocupação americana em Teerã, no Irã, totalmente realizada por robôs. Gigantescos ED 209 e vários robôs humanoides EM-208 patrulham as ruas e escaneiam os moradores em busca de terroristas. Por ar há drones voadores que dão apoio aéreo, bem parecidos com os que os Estados Unidos utilizam hoje no Afeganistão, Iraque e Paquistão para matar terroristas. Filmes como Matrix e Exterminador do Futuro tratam da ameaça tão explorada na ficção científica que é a guerra das máquinas, que perdem o controle e submetem os seres humanos. José Padilha apresenta uma reciclagem desta ideia ao mostrar que no futuro o que poderá ocorrer é a dominação do homem por máquinas controladas por outros homens.

Robôs patrulhando as ruas de Teerã
Neste novo filme a família do policial Alex Murphy tem papel fundamental, pois é bem explorado o tema da transformação do homem em máquina. Quem está no controle, o homem ou a máquina? É a ilusão do livre arbítrio, como diz um dos personagens. No original, o que movia o Robocop desde o início era a vingança contra aqueles que tentaram assassiná-lo. Neste a vingança tem que aguardar um pouco enquanto é mostrada a adaptação do policial Alex Murphy à sua nova condição, em uma cena chocante.

Outro tema explorado no filme é o da violação de privacidade. Robocop tem acesso a todas as câmeras da cidade e o registro de todos os cidadãos, e através de leitura biométrica pode identificar qualquer um e buscar seus antecedentes criminais e dados biográficos. Em um mundo em que centenas de milhões de pessoas compartilham suas vidas em redes sociais, câmeras de vigilância vigiam as ruas e governos espionam seus cidadãos, o tema é bem oportuno.

José Padilha
Também interessante é o tema da relação promíscua entre a imprensa, a política e as grandes corporações. Como estes grupos conseguem através da mídia manipular a opinião pública, e, desta forma, pressionar os políticos a aprovar leis que os interessam, ou, paralelamente a esta tática, chantagear e/ou subornar os reticentes e os corruptos. Estas relações ameaçam a democracia no mundo ao priorizar os interesses dos grandes grupos econômicos em detrimento das necessidades da população, resultando em graves crises econômicas e violações dos direitos das pessoas.


Segundo José Padilha em entrevistas, não houve muita interferência dos produtores no desenvolvimento do filme por ele ter colocado as cartas na mesa e exigido desde o início fazer o filme à sua maneira, sem menosprezar a inteligência do público. É lógico que não há a violência de um Tropa de Elite ou do filme original, que teve que ser muito bem camuflada com o uso pelo policial do futuro de uma arma de choque nas cenas diurnas e de uma conveniente escuridão quando a arma era verdadeira, culpa da classificação etária de 13 anos do filme. Mas a violência foi substituída pelo drama e a exploração dos limites éticos de se submeter o ser humano com o auxílio de máquinas. Hoje só os afegãos, iraquianos e paquistaneses sabem o que é ser atacado por um robô controlado remotamente, mas e quando eles começarem a atuar dentro do próprio território dos Estados Unidos? E quando um robô matar por engano um ser humano, quem será julgado? E quando um regime totalitário utilizar robôs para controlar seus cidadãos? São perguntas que teremos que responder em breve.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

The Mars Underground

The Mars Underground é um documentário sobre a possibilidade de futuras missões tripuladas ao planeta Marte utilizando o Mars Direct, criado pelo engenheiro aeroespacial Robert Zubrin. O vídeo questiona os motivos de missões tripuladas à Marte ainda não terem acontecido, discute a necessidade da exploração e colonização humana do planeta vermelho e sua importância para o futuro da humanidade. Outro assunto discutido no documentário é a atual estagnação do programa espacial americano. Após o sucesso total do Programa Apollo, que colocou os primeiros seres humanos na Lua, a NASA optou pelo desenvolvimento dos ônibus espaciais e a construção da Estação Espacial Internacional, em detrimento de uma missão tripulada à Marte.

Planeta Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar e fica distante entre 206 e 249 milhões de quilômetros do Sol, bem mais afastado que a Terra, que fica entre 147 e 152 milhões de quilômetros. Ele possui 6.792 Km de diâmetro, pouco mais da metade do diâmetro da Terra, que tem 12.756,2 Km. A atmosfera é constituída em cerca de 95% por dióxido de carbono, mas a pressão atmosférica equivale a menos de 1% da terrestre, com temperaturas baixíssimas de até -143 0C, mas que podem chegar acima de 20 0C durante o verão equatorial. Ele possui um dia de 24 horas e 40 minutos, quase o mesmo que o dia terrestre. Apesar da atmosfera extremamente rarefeita e das baixas temperaturas, é o local mais parecido com a Terra em todo o Sistema Solar e possui uma área de terra firme maior que a de nosso planeta, pelo fato de não possuir oceanos. Devido a todas essas características, Marte tem o melhor potencial para se tornar o segundo lar dos seres humanos. Robert Zubrin argumenta que com a tecnologia atual, uma missão tripulada poderia ser desenvolvida num prazo de 10 anos, caso houvesse recursos financeiros e vontade política.

Robert Zubrin
Robert Zubrin faz duras críticas à NASA, que segundo ele, estaria sem rumo desde os últimos pousos na Lua no início dos anos 70. Após o Programa Apollo, ao invés de investir em uma missão à Marte, a opção pelo desenvolvimento dos Ônibus Espaciais e posteriormente a construção da Estação Espacial Internacional, e desde então nenhum ser humano deixou a órbita baixa terrestre nas últimas 4 décadas. Em 1989, durante o governo Bush, houve uma tentativa de se criar um programa espacial que levaria o homem à Marte, que resultou em um projeto orçado em 450 bilhões de dólares e que envolvia a construção de uma gigantesca estação espacial, instalações industriais na Lua e a montagem de uma enorme nave com propulsão nuclear que faria uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho com a previsão de apenas alguns dias de estada na superfície. Este projeto foi imediatamente rejeitado pelo congresso americano devido ao seu custo astronômico.

Ônibus Espacial
Após a rejeição do projeto, Robert Zubrin e alguns colaboradores que trabalhavam na empresa Martin Marietta Astronautics (atual Lookhed Martin) desenvolveram um projeto de missão que ficou conhecido como Mars Direct, cuja filosofia era viajar leve, rápido e barato. Diferentemente da gigantesca nave nuclear prevista no plano proposto durante a administração do presidente Bush, uma nave pequena aproveitaria o melhor alinhamento entre a Terra e Marte viajando apenas com o combustível de ida. Um módulo lançado previamente produziria o combustível da viagem de retorno utilizando como matéria prima a própria atmosfera marciana na superfície. Como mais de 90% do peso de um foguete é o seu combustível, o peso da nave seria bem menor, ela poderia viajar mais rápido e o seu custo seria bem mais baixo. A tripulação ficaria um ano e meio explorando a superfície e por fim aproveitaria o melhor alinhamento entre os planetas para realizar a viagem de retorno.

Estação Espacial Internacional
Zubrin faz uma defesa apaixonada da exploração humana de Marte e sua colonização, como forma de se criar um novo e dinâmico ramo da civilização, que poderia trazer benefícios para toda a humanidade. Além das novas tecnologias para o dia a dia que surgiriam no desenvolvimento da missão, se criaria um capital incalculável através da inspiração dos mais jovens a se tornarem engenheiros e cientistas, que desenvolveriam as novas tecnologias a serem utilizadas pelas futuras gerações. Além disso, aqueles que realizassem tais missões gravariam eternamente seus nomes como heróis na história da humanidade. Outra ideia, esta mais especulativa, seria a possibilidade de “terraformar” Marte, tornando o planeta mais parecido com Terra e habitável para os seres humanos.

Excelente documentário. Inspirador na forma como mostra que o futuro pode ser belo e vibrante se investirmos agora em grandes projetos para o bem das gerações futuras. Como citado no documentário, daqui a alguns séculos ninguém saberá quais eram as crises econômicas, as disputas políticas e as guerras da década de 60, mas todos se lembrarão dos primeiros passos do homem na Lua. Muita gente acha que investimentos em ciência e exploração são gastos desnecessários que poderiam ser usados melhor na solução dos problemas atuais da humanidade. Mas as soluções dos problemas atuais virão do futuro, e o futuro tem que ser construído no presente, e envolve novas tecnologias e a distribuição e o aperfeiçoamento das que já existem.



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Estreia de Robocop

José Padilha e o novo Robocop
Para quem ainda não sabe, a estreia do novo Robocop nos cinemas brasileiros é nesta sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014. Seria apenas mais um da interminável série de remakes e continuações de hollywood se não fosse por um detalhe: José Padilha. É primeiro filme americano do diretor de Tropa de Elite e Tropa de Elite 2: O inimigo agora é outro. O filme já arrecadou 100 milhões de dólares na primeira semana em cartaz.

Segue abaixo o trailer:



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Edge of Infinity, editado por Jonathan Strahan

Edge of Infinity é uma coletânea de contos de ficção científica hard editados por Jonathan Strahan, lançada no ano de 2012. Todos os contos se passam dentro de nosso Sistema Solar, que é a última fronteira do infinito até as estrelas que dá título ao livro. São 13 contos dos autores Pat Cadigan, Elizabeth Bear, James S. A. Corey (pseudônimo de Daniel Abraham e Ty Franck), Sandra McDonald, Stephen D. Covey, John Barnes, Paul McAuley, Kristine Kathryn Rusch, Gwyneth Jones, Hannu Rajaniemi, Stephen Baxter, Alastair Reynolds, An Owomoyela, e Bruce Sterling.
Jonathan Strahan
Entre os contos há até um ganhador do prêmio Hugo, “The Girl-Thing Who Went Out for Sushi”, de Pat Cadigan, que particularmente não gostei. Destaco os excelentes “Macy Minnot’s Last Christmas on Dione, Ring Racing, Fiddler’s Green, the Potter’s Garden”, de Paul McAuley, “Obelisk”, de Stephen Baxter, “Vainglory”, de Alastair Reynolds, e “The Peak of Eternal Light”, de Bruce Sterling, como os quatro melhores contos da antologia. Também dignos de registro são os contos “Drive”, de James S. A. Corey, “The Road to NPS”, de Sandra McDonald e Stephen D. Covey, e “Safety Tests”, de Kristine Kathryn Rusch. Segue abaixo as sinopses dos contos presentes no livro, com minha classificação pessoal, que vai de horrível (*), ruim (**), médio (***), bom (****), e excelente (*****).

“The Girl-Thing Who Went Out for Sushi”, de Pat Cadigan** – Pós-humanos conhecidos como “suhis” estão trabalhando em uma base de operações em órbita de Júpiter e resgatam uma garota humana após um acidente. Em um futuro onde seres humanos podem mudar de forma, a garota decide durante a recuperação se submeter a uma série de cirurgias e se transformar em uma “sushi”. Misteriosamente esta história é a mais prestigiada da coletânea, ganhando o cobiçado prêmio Hugo de melhor noveleta em 2012.

“The Deeps of the Sky”, de Elizabeth Bear*** – Uma nave de coleta de gases trabalhando na atmosfera de Júpiter encontra uma nave alienígena à deriva na grande mancha vermelha, que é um furacão permanente e principal marca do planeta.

“Drive”, de James S. A. Corey (pseudônimo de Daniel Abraham e Ty Franck)**** – Um engenheiro de Marte trabalha em um novo sistema de propulsão na véspera de um possível ataque militar da Terra. Por causa de um defeito, a nave acelera descontroladamente a várias gravidades terrestres deixando-o imobilizado ao assento enquanto ele tenta desesperadamente se comunicar com sua companheira para que ela desligue a nave.

“The Road to NPS”, de Sandra McDonald e Stephen D. Covey**** – Um funcionário de uma empresa baseada em Europa, uma lua de Júpiter, tenta provar a viabilidade de uma rota de transporte de cargas através da superfície. Se conseguir, ficará rico e poderá cumprir a cláusula de rescisão de seu contrato e voltar para a Terra, caso contrário, terá de trabalhar o resto da vida para pagar os custos da empreitada. Mas um acidente com seu sócio e copiloto, uma passageira clandestina e algumas surpresas na superfície, mostram que a viagem será bem mais difícil do que parecia e ele primeiro terá de sobreviver no ambiente hostil de Europa.

“Swift as a Dream and Fleeting as a Sigh”, de John Barnes*** – Uma inteligência artificial que auxilia humanos em uma empresa de mineração automatizada decide ir contra a lógica de sua programação e aconselhar um casal em crise. A filha nascida desta união mudará os rumos da humanidade e, principalmente, da própria inteligência artificial.

“Macy Minnot’s Last Christmas on Dione, Ring Racing, Fiddler’s Green, the Potter’s Garden”, de Paul McAuley***** – Em um dos melhores contos da antologia, uma filha decide viajar para Dione, uma lua de Saturno, a fim de cumprir o último desejo do pai falecido. Lá ela conhece o interessante modo de vida e a cultura dos habitantes do Sistema Solar exterior e as histórias e lendas de personalidades que deixaram sua marca nestas pessoas, incluindo o pai dela. A história se passa no mesmo universo de um romance do autor, “The Quiet War”.

“Safety Tests”, de Kristine Kathryn Rusch**** – Excelente conto sobre um funcionário rabugento e desmotivado, responsável por avaliar candidatos a piloto de naves espaciais. Quando uma ex-piloto militar suspensa de suas atividades por insubordinação e desrespeito às normas de segurança precisa realizar um exame voltar a pilotar, ele confirma o quanto sua profissão pode ser perigosa.

“Bricks, Sticks, Straw”, de Gwyneth Jones*** – Uma releitura moderna do conto dos três porquinhos passada nas luas de Júpiter, cujos protagonistas são robôs inteligentes que possuem a mesma personalidade dos pesquisadores que os construíram. Após uma grande tempestade solar, eles tentam continuar com suas atividades de exploração e retomar o contato com a Terra diante da ameaça de uma estranha fera virtual que ameaça destruí-los.

“Tyche and the Ants”, de Hannu Rajaniemi***– Uma mistura de ficção científica com o que de início parece ser fantasia. Uma garota criada por robôs nos subterrâneos da Lua precisa fugir de estranhas formigas mecânicas enviadas pela Terra em seu encalço. Ela descobre então que seu mundo e os seres mágicos que o povoam não são o que parecem e tudo o que ela acreditava pode ser uma grande ilusão.

“Obelisk”, de Stephen Baxter***** – Melhor conto da antologia, conta a história de um piloto chinês que heroicamente consegue levar sua nave avariada para Marte, mas com várias baixas na tripulação. Agora prefeito de uma colônia no planeta, ele se associa a um ex-golpista exilado da Terra que o convence a construir um imenso obelisco no local do pouso e morte do piloto chinês que foi o primeiro ser humano a pisar em Marte. Uma vigorosa economia se desenvolve durante a construção do obelisco, transformando a colônia em uma imensa cidade e o planeta na grande potência econômica e tecnológica do Sistema Solar.

“Vainglory”, de Alastair Reynolds***** – Em outro excelente conto da antologia, uma escultora em busca de emprego em Tritão, uma lua de Netuno, é procurada por uma investigadora particular que conhece um segredo perturbador de seu passado. Ela relembra então a produção de sua obra-prima desconhecida do público, a cabeça de Davi esculpida em um gigantesco asteroide, e qual a sua ligação com a colisão de um asteroide que destruiu a lua Naiade, que matou centenas de pessoas e criou um novo anel ao redor de Netuno.

“Water Rights”, de An Owomoyela*** – Um acidente destrói parte de um elevador espacial que é o principal meio de transporte da Terra para o espaço e corta o suprimento de água para uma imensa colônia agrícola que abastece a população em órbita. A administradora agora tem que negociar proteção e água para evitar a revolta da população diante de um duro racionamento por vir e a morte das plantações.


“The Peak of Eternal Light”, de Bruce Sterling***** – Uma colônia no planeta Mercúrio abriga uma sociedade matriarcal com rígidas e conservadoras regras de casamento. Após a morte do homem que transformou a colônia mercuriana em uma potência do Sistema Solar após uma sangrenta guerra civil, um casal e seu filho acompanham o funeral no “Pico da Luz Eterna”, o cume de uma montanha no lado oculto do planeta que recebe permanentemente a luz do Sol.