quinta-feira, 30 de outubro de 2014

The Martian, de Andy Weir

Me desculpem Arthur C. Clarke, Kim Stanley Robinson, Robet Zubrin, e outros grandes escritores do gênero – gosto muito de vocês, mesmo –, mas esta é a melhor ficção científica hard sobre Marte já escrita! O novato Andy Weir criou um carismático astronauta que está encalhado em Marte; sozinho, sem comunicação com a Terra e que só pode contar com sua engenhosidade, força de vontade e bom humor para vencer o ambiente hostil de um planeta que pode matá-lo de todas as formas imagináveis. Cada detalhe da história, cada reviravolta na trama e cada solução encontrada está firmemente baseada na realidade. Esta com certeza será uma leitura obrigatória para todos os técnicos, engenheiros e astronautas que estarão envolvidos nas futuras missões tripuladas à Marte.

Andy Weir
O autor Andy Weir é um programador que criou a história despretensiosamente, liberando periodicamente os capítulos em sua página na internet. Depois de vários pedidos de seus leitores ele publicou um ebook na Amazon através da plataforma Kindle Direct Publishing. O ebook foi um sucesso e rapidamente vendeu dezenas de milhares de cópias. Weir foi procurado então por um agente de uma grande editora dos Estados Unidos que republicou o livro de forma profissional nos formatos impresso e digital, e este chegou ao topo da lista dos livros mais vendidos de ficção científica da Amazon, chegando até mesmo a figurar na lista dos mais vendidos do jornal New York Times. Os direitos foram comprados para uma adaptação cinematográfica que está sendo produzida diretor Ridley Scott, com Matt Damon no papel principal. A previsão de estreia é para novembro de 2015.

Capa da edição brasileira
Na história o botânico e engenheiro Mark Watney é um astronauta da terceira missão tripulada à Marte, que é abortada após uma colossal tempestade de areia que destrói a antena de comunicação do módulo de habitação e atravessa um pedaço de metal em seu corpo. Seus companheiros decolam às pressas achando que ele está morto, e ele fica ferido, com suprimentos limitados e sem ter como se comunicar com a Terra para avisar que está vivo, em um ambiente totalmente hostil à qualquer forma de vida. Marte tem uma temperatura de dezenas de graus abaixo de zero, atmosfera equivalente a menos de 1% da atmosfera terrestre (quase vácuo) e com água quase inexistente; o planeta é mais gelado que a Antártida e mais seco que o deserto mais estéril aqui da Terra; qualquer ser vivo exposto à estas condições morreria instantaneamente fora de um ambiente pressurizado. Mesmo contra todos estes obstáculos, Mark Watney não desiste e segue em uma obstinada luta pela sobrevivência.

Sua única esperança é sobreviver até a chegada da próxima missão tripulada, prevista para chegar quase quatro anos depois. Ele então contabiliza minuciosamente seus suprimentos, como água, alimentos, etc e traça um plano para viver até lá. Cada obstáculo apresentado pelo planeta vermelho é superado com soluções bem engenhosas, como sua ideia de criar uma plantação no módulo de habitação utilizando uma mistura de solo terrestre, solo marciano e suas próprias fezes, que servem como adubo para cultivar batatas e estender seu suprimento de alimentos – apesar do cheiro horrível!  Eventualmente a Nasa descobre que ele está vivo ao detectar suas atividades na superfície, e um ousado plano é iniciado para trazê-lo de volta. Mas Marte é muito mais perigoso que Watney e os cientistas da Nasa imaginam, e muitos imprevistos mortais surgirão.

O livro é de tirar o fôlego. Mark Watney é como um MacGyver do espaço, adaptando o que tem à sua disposição para inventar uma solução criativa para cada desafio que Marte o faz encarar. A história tem muito suspense a cada página; o azarado astronauta tem que lutar o tempo todo para sobreviver aos perigos do planeta e às falhas nos equipamentos em momentos cruciais. Cada solução é genial e firmemente calcada na realidade; as descrições da missão e seus equipamentos são impressionantes. Com o sucesso das primeiras versões do livro, Andy Weir recebeu sugestões de alguns cientistas e técnicos que o ajudaram a corrigir algumas falhas técnicas na história.

A história lembra muito o épica resgate dos astronautas da Apollo 13 na década de 70, quando parte desta nave foi danificada em uma explosão quando viajava à Lua. Nesta história real a tripulação, engenheiros e técnicos da Nasa somaram forças e também criaram soluções engenhosas para trazer todos vivos para a Terra, em um evento que causou comoção mundial.

O livro foi traduzido para o português e lançado pela editora Arqueiro em outubro deste ano com o horroroso título “Perdido em Marte”. A capa é a mesma da edição americana. Torço outros livros do gênero como Red Mars, de Kim Stanley Robinson, ou First Landing, de Robert Zubrin, também sejam lançados por aqui.

Não perca por nada este livro!


Website do autor:

Página onde o autor comenta a criação do Livro:

Nenhum comentário:

Postar um comentário