quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Política: Para não ser idiota

Política: para não ser idiota, de Mario Sergio
Cortella e Renato Janine Ribeiro, Papirus 7 Mares
Nestes tempos em que manifestações tomam conta das ruas e todos parecem cada vez mais desacreditados com a política, acho oportuno divulgar este pequeno livro muito interessante que li recentemente, Política: para não ser idiota, de Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro (Papirus 7 Mares, 2010). Em apenas 112 páginas, acompanhamos o debate de dois grandes pensadores sobre um tema importantíssimo para nossa sociedade democrática e que deveria interessar a todos os seus cidadãos.
O idiota no título não se refere ao uso mais comum e depreciativo que damos a esta palavra, mas sim, é utilizado no sentido original do termo, que vem da palavra grega idiótes, que significa aquele que se recolhe em sua vida privada. Nada poderia ser mais relevante na sociedade em que vivemos, onde temos verdadeira ojeriza à palavra política, sem ao menos perceber que ela é mais ampla que imaginamos e domina quase todos os aspectos de nossas vidas, seja no trabalho, escola, em casa, na igreja, bar, no prédio em que vivemos, na rua, bairro, cidade, estado, país e planeta. Acredite: se você não vive em uma caverna sozinho como um ermitão, você pratica política e é influenciado por ela.
O problema é que confundimos a política com a politicagem, corrupção, incompetência de algumas autoridades e a ineficiência de alguns serviços públicos. Política na verdade é algo muito mais amplo e trata da convivência pacífica entre as pessoas, onde a administração pública é apenas uma - ainda que mais importante - faceta. Sempre reclamamos dos políticos, mas poucos de nós sequer nos lembramos em quem votamos nas últimas eleições, onde fica a Câmara Municipal de sua Cidade, e sequer sabemos com segurança as atribuições do Presidente da República, dos Senadores, Deputados Federais, Ministros do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores e tantas outras autoridades que dirigem os rumos da nação e tanta influência exercem sobre nosso cotidiano. Ao invés disso, criamos uma entidade monstruosa, corrupta, malévola, onisciente, onipresente chamada governo, que é culpada de todos os nossos problemas e que é personificada pelo Presidente da República e às vezes pelo Governador ou Prefeito, mesmo quando nos referimos a problemas que não faz parte das atribuições destas autoridades.

Neste contexto acho muito proveitosa a leitura deste livro, que trata a política de forma muito mais ampla do que apenas falar sobre a administração pública, mostrando como a política faz sim parte do dia-a-dia de todos nós, quer queiramos ou não. Após a leitura deste livro, cheguei a conclusão de que mais que a corrupção e a incompetência, o maior problema da democracia brasileira é a apatia política de seus cidadãos. Esta em parte é resultado de falta de investimento na educação das massas, mas afeta também a parcela mais rica e esclarecida da população, pessoas que muitas das vezes se declaram orgulhosamente apolíticas, quando na verdade são apenas politicamente apáticas, o que deveria ser um motivo de vergonha e não orgulho.


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