Política: para não ser idiota, de Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro, Papirus 7 Mares |
Nestes tempos em que
manifestações tomam conta das ruas e todos parecem cada vez mais desacreditados
com a política, acho oportuno divulgar este pequeno livro muito interessante
que li recentemente, Política: para não
ser idiota, de Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro (Papirus 7
Mares, 2010). Em apenas 112 páginas, acompanhamos o debate de dois grandes
pensadores sobre um tema importantíssimo para nossa sociedade democrática e que
deveria interessar a todos os seus cidadãos.
O idiota no título não se refere
ao uso mais comum e depreciativo que damos a esta palavra, mas sim, é utilizado
no sentido original do termo, que vem da palavra grega idiótes, que significa aquele que se recolhe em sua vida privada.
Nada poderia ser mais relevante na sociedade em que vivemos, onde temos
verdadeira ojeriza à palavra política, sem ao menos perceber que ela é mais
ampla que imaginamos e domina quase todos os aspectos de nossas vidas, seja no
trabalho, escola, em casa, na igreja, bar, no prédio em que vivemos, na rua,
bairro, cidade, estado, país e planeta. Acredite: se você não vive em uma
caverna sozinho como um ermitão, você pratica política e é influenciado por
ela.
O problema é que confundimos a
política com a politicagem, corrupção, incompetência de algumas autoridades e a
ineficiência de alguns serviços públicos. Política na verdade é algo muito mais
amplo e trata da convivência pacífica entre as pessoas, onde a administração
pública é apenas uma - ainda que mais importante - faceta. Sempre reclamamos
dos políticos, mas poucos de nós sequer nos lembramos em quem votamos nas
últimas eleições, onde fica a Câmara Municipal de sua Cidade, e sequer sabemos
com segurança as atribuições do Presidente da República, dos Senadores,
Deputados Federais, Ministros do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal
de Justiça, Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores e tantas
outras autoridades que dirigem os rumos da nação e tanta influência exercem
sobre nosso cotidiano. Ao invés disso, criamos uma entidade monstruosa,
corrupta, malévola, onisciente, onipresente chamada governo, que é culpada de
todos os nossos problemas e que é personificada pelo Presidente da República e
às vezes pelo Governador ou Prefeito, mesmo quando nos referimos a problemas que
não faz parte das atribuições destas autoridades.
Neste contexto acho muito
proveitosa a leitura deste livro, que trata a política de forma muito mais
ampla do que apenas falar sobre a administração pública, mostrando como a
política faz sim parte do dia-a-dia de todos nós, quer queiramos ou não. Após a
leitura deste livro, cheguei a conclusão de que mais que a corrupção e a
incompetência, o maior problema da democracia brasileira é a apatia política de
seus cidadãos. Esta em parte é resultado de falta de investimento na educação
das massas, mas afeta também a parcela mais rica e esclarecida da população,
pessoas que muitas das vezes se declaram orgulhosamente apolíticas, quando na
verdade são apenas politicamente apáticas, o que deveria ser um motivo de
vergonha e não orgulho.
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