sábado, 5 de outubro de 2013

Elysium: Zona Sul do Rio e Baixada Fluminense no ano de 2154


Poster de Elysium
Este sábado fui ver Elysium, o novo filme do diretor sul-africano Neill Blomkamp. Depois do curta Alive in Joburg e do longa Distrito 9 (favor não confundir com 13º Distrito, aquele filme policial cheio de le parkour), fui ao cinema empolgado esperando um filmaço. No caminho para o cinema, após atravessar parte da Baixada Fluminense indo de Nova Iguaçu até São João de Meriti enfrentando um engarrafamento na Rodovia Presidente Dutra, lutar meia hora para encontrar uma vaga para estacionar e enfrentar um Shopping abarrotado, já me sentia um pouco no planeta terra superpopuloso de 2154 do filme.
Elysium é um habitat espacial onde vivem os ricos, que fugiram de uma terra devastada e superpopulosa que parece uma favela gigantesca. É como se você pegasse a faixa litorânea que vai do Flamengo passando por Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, encaixasse estes bairros numa roda giratória de vários quilômetros de diâmetro girando em órbita da terra para produzir gravidade artificial e não permitisse que ninguém que não fosse morador entrasse nas praias e circulasse nos Shoppings Centers e ruas. Seguindo esta analogia a Baixada Fluminense estendida a todo o planeta seria o planeta terra de 2154.


Planeta Terra em 2154.
Uma das grandes atrações do filme para nós brasileiros é o ator Wagner Moura, arrebentando em sua estreia em Hollywood. O filme não foi muito bem aceito nos Estados Unidos, mas deve fazer muito sucesso nos países subdesenvolvidos como o nosso, cujos habitantes poderão se identificar com Max (Matt Damon) um ex-presidiário tentando se reabilitar trabalhando em uma fábrica de robôs e sofre um acidente em que é exposto a níveis letais de radiação. Para salvar sua vida ele deve ir para o único lugar em que existe tecnologia médica para curá-lo: Elysium. Para isso ele procura a única pessoa que consegue colocar alguém ilegalmente em Elysium, Spider (Wagner Moura), que é uma mistura de hacker, coyote e traficante carioca, que dará a Max um exoesqueleto que o tornará tão forte e rápido quanto os robôs policiais que patrulham a terra e que também fazem a segurança de Elysium.

Mulher toma banho de sol acompanhada por um empregado
robô em Elysium.
Como toda boa ficção científica o filme é uma metáfora para um problema de nosso mundo, neste caso o imenso abismo que existe entre os países ricos e pobres. A ambientação é assustadora, ainda mais se pensarmos que um planeta superpopuloso, exaurido de recursos e ecologicamente destruído é uma perspectiva bem real em um futuro não muito distante. Apesar de se passar mais de um século no futuro o filme retrata bem a realidade de centenas de milhões de pessoas pobres que não tem nenhuma perspectiva para o futuro. É sobre a segregação, seja entre países, seja entre camadas sociais dentro de mesmo país, que condena a maioria a viver como párias, sonhando com uma vida melhor em um outro lugar, seja emigrando para um país desenvolvido ou se mudando para um bairro mais rico dentro de sua própria cidade.

Elysium vista do espaço com a Terra ao fundo.

Spider (Wagner Moura) e Max (Matt Damon).
O que não gostei foi que o filme em certo momento sucumbe ao que parece ser uma norma dos filmes produzidos em Hollywood, que é abandonar a história para mostrar cenas inverossímeis e sem sentido de explosões e lutas onde pessoas são arremessadas dezenas de metros destruindo paredes, carros e tudo que estiver pela frente sem quebrar um osso sequer. Em certos momentos o Matt Damon parecia um robô do Transformers lutando. Ainda assim achei Elysium um bom filme, que diverte e traz reflexão no mesmo pacote e merece ser visto. Pela reflexão, pelo Wagner Moura, pela Alice Braga e o restante do elenco internacional, pelos efeitos especiais deslumbrantes e pela história diferente, contada a partir do ponto de vista do mundo subdesenvolvido, uma visão diferente da que costumamos ver nos grandes blockbusters.



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