segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sobre os rolezinhos

O assunto mais falado do momento é a questão dos rolezinhos, que são reuniões com dezenas ou até centenas de jovens, marcadas pelas redes sociais e que acontecem principalmente em shopping centers. Eles têm reunido milhares de jovens, causado alguns transtornos e munido os meios de comunicação com uma boa dose de polêmica. Já ouvi de tudo quando se fala sobre o assunto. Alguns os consideram perturbação da ordem pública, outros os consideram manifestações democráticas de protesto. A forma como os shoppings têm tentado barrar estas multidões de adentrar suas portas tem sido criticada por muitos, e até palavras como apartheid, fascismo e racismo eu já ouvi por aí.

Vamos imaginar dois casos hipotéticos:

1) Você está em um shopping center (não tenha vergonha de imaginar, pois não há nada errado em frequentar um, afinal milhões de brasileiros frequentam e trabalham neles, sejam pobres ou ricos) e um grupo de uns cinco jovens que estava passeando pelas lojas decide ir para a praça de alimentação. Estão conversando e se divertindo sem perturbar ninguém quando aparecem alguns seguranças e policiais e os expulsam do shopping sem justificativa.

2) Você está no mesmo shopping center, mas temos um grupo não de cinco, mas de duzentos jovens, cantando e gritando ofensas às pessoas presentes. Tente imaginar como você se sentiria quando esta multidão viesse em sua direção. Você sentiria medo? Seria correto sentir medo em uma situação destas? Continuando nosso caso imaginário, as pessoas ao verem a turba correm apavoradas, as lojas fecham as portas e logo em seguida vem a segurança do shopping e a polícia e expulsam o grupo do shopping.

Não sei você, mas por um brevíssimo momento um tênue pensamento surgido em algum recanto escondido da minha consciência me diz que os dois casos são bem diferentes. Mas após tantos "dotôres" e "intelectualóides" classificarem o segundo caso como segregação social e violação dos direitos e garantias individuais, e eu ter achado que isso só ocorreria na primeira hipótese e não na segunda, acho que há alguma coisa errada comigo. Talvez eu seja um escroto, ditador, mau caráter, fascista, racista e intolerante. Um ser desprezível.

Acho que existem direitos como a liberdade de expressão, educação, ir e vir, e tantos outros, que ninguém questiona e toda pessoa sensata concorda, assim como acredito que todos deveriam abominar a segregação social, o racismo e a violência. Mas como ocorre em toda discussão polêmica, certos ideais nobres e belos não poderiam deixar de sequestrados pelos guardiães da hipocrisia e do politicamente correto. O respeito aos direitos do cidadão e o combate à discriminação são bandeiras que todos gostam de levantar e ideais que qualquer um concordaria em apoiar.


O grande problema é que existem aqueles que promovem a desordem e a violência, mas não querem assumir que estão hasteando a bandeira do crime, mas sim, as bandeiras do respeito aos direitos do cidadão e a do combate à discriminação, pois estas são mais bonitinhas e bem vistas pela sociedade quando estão no alto de seus mastros. É como um navio pirata que em vez de hastear aquela bandeira negra com a caveira e os ossos cruzados hasteia uma branca com uma pomba carregando um ramo verde, mas que continua saqueando, matando e roubando pelos sete mares. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, ou talvez aquela do lobo na pele de cordeiro. Talvez sejam estas as ideias destas pessoas.

2 comentários:

  1. Caraca! Gostei do artigo. Isso me remete ao caso do menor preso ao poste com uma trava de bicicleta, no qual alguns hipocritas foram para midia e ate choraram com pena do ladrao/menor, mas nao os levam p casa. Hoje saiu no jornal que o mesmo menor foi pego por policiais roubando turistas. Gostaria de ver os humanitarios que choraram frente a TV se manifestarem.

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  2. É a hipocrisia. Todos adoram se nomear guardiões da justiça, mas acabam ajudando quem não merece.

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