O Reencontro (The Magic of Belle Isle, 2012) é um drama dirigido pelo
ator e diretor Rob Reiner e escrito por Guy Thomas, estrelando Morgan Freeman e
Virginia Madsen. O filme mostra a história do famoso escritor de faroestes Monte
Wildhorn (Freeman), paraplégico em uma cadeira de rodas, e que está há anos sem
inspiração para escrever depois de ter a vida destruída pelo alcoolismo. Após
muita insistência do filho, ele vai passar o verão em uma casa à beira de um
lago na bucólica Belle Isle. Lá ele é
recebido como uma celebridade pelos habitantes locais e conhece sua nova
vizinha, Charlotte O'Neil (Madsen), uma bela mulher de meia idade que luta para
criar sozinha suas filhas adolescentes. Sua vida muda após Charlotte lhe pedir
para que tome conta de suas filhas por uma noite para que ela possa ir até uma
cidade próxima para cuidar de assuntos relacionados ao divórcio dela. O
ranzinza Wildhorn é conquistado pelas filhas de Charlotte e reencontra a
inspiração para escrever, além de iniciar uma das garotas, que aspira se tornar
escritora, na arte da escrita.
Um belo filme de baixo orçamento
que por aqui foi lançado diretamente em DVD e que quase ninguém ouviu falar. Recomendado
para todos que gostam do ator Morgan Freeman, que aqui faz um personagem
fantástico que nos ensina que apesar da idade avançada e das tragédias pessoais,
nunca é tarde para mudar o rumo de nossas vidas e reencontrar a inspiração e a
felicidade.
O filme pode ser encontrado em
DVD ou Bluray no site da Livraria Cultura.
Esta é a transcrição da palestra para o TED da cientista planetária Carolyn Porco, que trabalha para a NASA na missão Cassini-Huygens. Ela fala um pouco sobre
a história da exploração do espaço e sobre algumas das descobertas realizadas
pela sonda Cassini, que chegou em Saturno no ano de 2004 e até hoje orbita o
planeta, e da Huygens, que em janeiro
de 2005 pousou na lua Titã. Esta gigantesca lua possui uma densa atmosfera que
acredita-se ser parecida com a atmosfera da Terra há bilhões de anos atrás, e
possui imensos lagos de metano líquido nos pólos. Ficamos sabendo ainda das
incríveis descobertas realizadas na lua Encélado, que se mostrou um dos locais mais
interessantes do Sistema Solar para a busca de vida fora da Terra. Esta pequena
lua possui um oceano subterrâneo de água líquida e gêiseres que expelem vapor a
centenas de quilômetros no espaço.
Gêiseres em Encélado
Titã atrás dos anéis de Saturno
Imagens de radar de alguns lagos e rios de metano em Titã
Para ver o vídeo legendado clique
aquie em Show transcript acione
as legendas Portuguese, Brazilian.
Carolyn Porco nos leva a Saturno
Durante os próximos 18 minutos, eu os
levarei em uma jornada. E é uma jornada em que eu e vocês estivemos por muitos
anos agora, e ela começou a aproximadamente 50 anos atrás, quando humanos pela
primeira vez deram um passo para fora de nosso planeta. E nesses 50 anos, não
apenas nós literalmente, fisicamente pisamos na Lua, mas também lançamos sondas
robóticas para todos os planetas -- todos os oito -- e aterrissamos em asteroides,
fizemos contato com cometas, e neste exato momento, temos uma nave em seu caminho
para Plutão, o corpo celeste previamente conhecido como um planeta. E todas
essas missões robóticas são parte de uma jornada humana maior: uma viagem para
entender algo, para termos uma noção do nosso lugar no cosmos, para entender
algo de nossas origens, e como a Terra, nosso planeta, e nós, vivendo nela,
surgimos.
E de todos os lugares no sistema solar aos
quais nós podemos ir procurar respostas para perguntas como essas, há Saturno.
E nós já estivemos em Saturno antes -- nós o visitamos no início dos anos 80 --
mas nossas investigações de Saturno tornaram-se muito mais profundas e
detalhadas desde que a sonda Cassini, viajando através do espaço
interplanetário por sete anos, planou para órbita em Saturno no verão de 2004,
e tornou-se naquele momento o mais distante posto robótico que a humanidade já
estabeleceu em torno do Sol.
Saturno é um sistema planetário muito rico.
Ele oferece mistério, conhecimento científico e, obviamente, um esplendor sem
igual. E a investigação desse sistema oferece um enorme entendimento cósmico.
Na verdade, estudando apenas os seus anéis, aprendemos muito sobre os discos de
estrelas e gás que nós chamamos de galáxias espirais. E aqui está uma bela
imagem da Nebulosa de Andrômeda, que é a maior e mais próxima galáxia da Via
Láctea. E eis uma bela imagem composta da Galáxia do Rodamoinho, tirada pelo
telescópio espacial Hubble.
Então essa viagem de volta para Saturno é na
verdade parte de -- e também uma metáfora para -- uma jornada humana muito
maior para entender as inter-conexões de tudo o que nos cerca, e também onde os
humanos se encaixam nisso. E é uma pena que eu não possa lhes dizer tudo o que
aprendemos com a Cassini -- eu não posso lhes mostrar todas as belíssimas fotos
que tiramos nos últimos 2 anos e meio, porque eu simplesmente não tenho esse
tempo. Então eu vou me concentrar em duas das histórias mais interessantes que
emergiram dessa grande expedição exploratória que estamos conduzindo em torno
de Saturno, e em que estivemos nos últimos 2 anos e meio.
Saturno é acompanhado por uma grande e
diversa coleção de luas. Elas variam de tamanho de poucos quilômetros até o
tamanho dos EUA. A maioria das fotos que tiramos de Saturno, na verdade,
mostram Saturno acompanhado de algumas de suas luas. Aqui está Saturno com
Dione, e aqui está Saturno mostrando os anéis em pefil, mostrando o quanto eles
são finos verticalmente, com a lua Encélado. Duas das 47 luas de Saturno são
especiais.
Elas são Titã e Encélado. Titã é a maior lua
de Saturno, e até Cassini chegar lá, era a maior área única de terreno
inexplorado que tínhamos em nosso sistema solar. E é um corpo que há muito tem
intrigado pessoas que observam os planetas. Ela tem uma grande e espessa
atmosfera, e, na verdade, acreditava-se que o ambiente de sua superfície fosse
mais semelhante ao ambiente que temos aqui na Terra, ou ao menos que tivemos no
passado, do que qualquer outro corpo no sistema solar. Sua atmosfera é
predominantemente de nitrogênio molecular, como o que vocês estão respirando
aqui nesta sala, exceto que sua atmosfera é impregnada de substâncias orgânicas
simples como metano, propano e etano. E essas moléculas no alto da atmosfera de
Titã são quebradas, e seus produtos se combinam para formar partículas de
névoa. Essa névoa é onipresente, global e envolve Titã por completo. E é por
isso que não podemos observar a superfície com nossos olhos, utilizando a
região visível do espectro.
Mas essas partículas de névoa, se
conjecturou, antes de chegarmos lá com Cassini, no decorrer de bilhões e
bilhões de anos lentamente se depositaram e cobriram a superfície na forma de um
espesso lodo orgânico. O que seria o equivalente, em Titã, ao alcatrão, ou
petróleo -- nós não sabíamos o quê. Mas isso é o que nós suspeitávamos. E essas
moléculas, especialmente o metano e o etano, podem ser líquidos à temperatura
da superfície de Titã. E então acontece que o metano é para Titã o que a água é
para a Terra. Ele se condensa na atmosfera, e ao se reconhecer essa
circunstância abre-se um mundo de possibilidades bizarras. Podemos ter nuvens
de metano, Ok, e acima dessas nuvens existem dezenas de quilômetros de névoa
que impedem que qualquer raio solar chegue à superfície. A temperatura na
superfície é de aproximadamente 210 ºC abaixo de zero.
Mas apesar desse frio, poderia haver chuva
caindo na superfície de Titã. E fazendo em Titã o que a chuva faz na Terra, ela
escava ravinas, forma rios e cataratas. Pode criar cânions, acumular-se em
grandes bacias e crateras. Ela pode arrastar o lodo do alto de montanhas e
colinas para planícies. Então pare e pense por um minuto. Tente imaginar o que
a superfície de Titã pode parecer. É escuro -- a noite em Titã é tão escura
quanto o crepúsculo subterrâneo na Terra É frio, é sombrio, é nebuloso, pode
estar chovendo, e você pode estar às margens do Lago Michigan completamente
preenchido com thinner.
Esta era a visão que nós tínhamos da
superfície de Titã antes de chegarmos lá com Cassini, e eu posso lhes dizer que
o que encontramos em Titã, embora não seja o mesmo em detalhe, é tão fascinante
quanto essa história. E para nós tem sido como -- para o pessoal da Cassini tem
sido como uma verdadeira aventura de Júlio Verne. Como eu disse, ela tem uma
espessa e extensa atmosfera. Essa é uma imagem de Titã contra o Sol, com os
anéis formando um belo plano de fundo. E mais uma lua ali -- eu nem mesmo sei
qual é. É uma atmosfera muito extensa. Nós temos instrumentos na Cassini que
podem observar a superfície através da atmosfera, e meu sistema de câmeras é um
deles. E nós tiramos fotos como essa. E o que você vê são regiões claras e
escuras, e isso é até onde nós podemos chegar. Foi tão mistificante -- nós não
conseguíamos entender o que estávamos vendo em Titã. Quando você olha mais
próximo para esta região, você começa a ver coisas como canais sinuosos, nós
não sabíamos. Você vê algumas coisas redondas. Isso, nós descobrimos mais
tarde, é na verdade uma cratera, mas existem muito poucas crateras na
superfície de Titã, significando que essa é uma superfície muito jovem. E
existem alguns artefatos que parecem ser tectônicos. Parecem que eles foram
separados. Sempre que você vê algo linear num planeta, quer dizer que houve uma
fratura, como uma falha. Então, foi tectonicamente alterado.
Mas nós não conseguíamos achar sentido em
nossas imagens, até seis meses depois de entrar em órbita, ocorreu um evento
que muitos consideraram o auge da investigação de Titã pela Cassini. E isso foi
o lançamento da sonda Huygens, a sonda espacial Huygens, construída na Europa,
que Cassini carregou durante sete anos através do sistema solar. Nós a lançamos
na atmosfera de Titã, e ela levou duas horas e meia para descer, aterrissando
na superfície. E eu só gostaria de enfatizar o quão significante é esse evento.
Esse é um dispositivo fabricado por humanos, e ele aterrissou no sistema solar
externo pela primeira vez na história da humanidade. Isso é tão significante
que, na minha cabeça, esse foi um evento que deveria ter sido celebrado com
grandes paradas em todas as cidades através dos EUA e Europa, e infelizmente
esse não foi o caso. (Risos)
E foi significante por outra razão. Essa foi
uma missão internacional, e essa evento foi celebrado na Europa, na Alemanha, e
as apresentações celebratórias foram dadas em sotaques ingleses, sotaques
americanos, sotaques alemães, franceses, italianos e holandeses. Foi uma
demonstração comovente do que as palavras "Nações Unidas" deveriam
significar: uma verdadeira união de nações, juntas num colossal esforço para o
bem. E nesse caso, foi um empreendimento massivo para explorar um planeta e
chegar ao entendimento de um sistema planetário que por toda a história da
humanidade tem sido inalcançável, e agora, humanos o tocaram. Então foi -- quer
dizer, eu estou tendo arrepios só de falar nisso, foi um evento tremendamente
emocional e é algo que eu pessoalmente nunca esquecerei, e vocês também não
deveriam. (Aplausos)
Enfim, a sonda fez medições da atmosfera no
seu caminho para a superfície, e também tirou fotos panorâmicas. E eu não sou
capaz de descrever como foi ver as primeiras fotos da superfície de Titã vindas
da sonda. E isso foi o que nós vimos. E foi uma surpresa, porque era tudo o que
nós queríamos que aquelas outras imagens tiradas em órbita fossem. Era um
padrão não-ambíguo, um padrão geológico. É um padrão de drenagem dendrítica que
só pode ser formado pelo fluxo de líquidos. E você pode seguir esses canais e
ver como todos eles convergem. E eles convergem nesse canal aqui, que drena
para essa região. Vocês estão olhando para um litoral. Era um litoral de
fluidos? Nós não sabíamos. Mas era algo como um litoral.
Essa imagem foi tirada a 16 quilômetros de
altura. Essa foi tirada a 8 quilômetros, Ok? De novo, a margem do litoral. Ok,
então 16 quilômetros, 8 quilômetros -- é aproximadamente a altitude de cruzeiro
de um avião. Se você fosse fazer uma viagem de avião através dos EUA, você
estaria voando nessas altitudes. Então essa seria a imagem que você teria se
estivesse na janela de um avião das Aerolinhas Titânicas ao sobrevoar a
superfície de Titã. (Risos)
E então, finalmente, a sonda pousou na
superfície, e eu irei lhes mostrar, senhoras e senhores, a primeira foto já
tirada da superfície de uma lua no sistema solar externo. E aqui está o
horizonte, Ok? Isso são, provavelmente, pedras de água congelada, sim!
(Aplausos) E, obviamente, a sonda pousou em uma dessas regiões planas e escuras
e ela não afundou. Então não era fluido, aquilo em que aterrissamos. Aquilo no
que a sonda pousou era basicamente o equivalente a uma superfície lamacenta em
Titã. Isso é um terreno não-consolidado que é impregnado de metano líquido. E
esse material provavelmente foi arrastado dos planaltos de Titã através desses
canais que nós vimos, e foi drenado através de bilhões de anos para encher
essas bacias. E foi nisso em que a sonda Huygens aterrissou.
Mas ainda assim, não havia sinais em nossas
imagens, ou mesmo nas imagens da Huygens, de quaisquer grandes corpos de
fluidos. Onde eles estavam? As coisas ficaram ainda mais enigmáticas quando
achamos dunas. Ok, então esse é o nosso filme da região equatorial de Titã,
mostrando essas dunas. Essas são dunas com 100 metros de altura, separadas por
alguns poucos quilômetros, e elas continuam por milhas e milhas e milhas.
Existem centenas, chegando a 1600 ou 1900 quilômetros de dunas. Esse é o
deserto Saara de Titã. É um lugar obviamente muito seco, ou então não haveriam
dunas.
Então, de novo, foi enigmático não existirem
fluidos, até que finalmente nós vimos lagos nas regiões polares. E aqui está a
cena de um lago na região polar sul de Titã. É aproximadamente do tamanho do
Lago Ontário. E então, há apenas uma semana e meia atrás, nós sobrevoamos o
pólo norte de Titã e achamos, novamente, nós achamos uma formação do tamanho do
Mar Cáspio. Então, aparentemente, líquidos, por alguma razão que nós não
entendemos, ou durante pelo menos essa estação, estão aparentemente nos pólos
de Titã. E eu acho que vocês concordariam que nós achamos Titã um lugar
excepcional e místico. É exótico, alienígena, mas, no entanto, ainda muito
parecido com a Terra, e tendo formações geológicas que lembram as Terrestres e
uma tremenda diversidade geográfica, e é um mundo fascinante, cujo único rival
no sistema solar em complexidade e riqueza é a própria Terra.
E então, agora, partimos para Encélado.
Encélado é uma pequena lua, aproximadamente um décimo do tamanho de Titã, e
você pode vê-la aqui ao lado da Inglaterra. É só para lhes mostrar o tamanho;
não é para ser considerado uma ameaça. (Risos) E Encélado é muito branco, muito
brilhante, e sua superfície é obviamente devastada por fraturas, é um corpo
muito ativo geologicamente. Mas a grande quantidade de descobertas em Encélado
foram feitas no pólo sul -- e nós estamos olhando para o pólo sul aqui -- onde
nós achamos esse sistema de fraturas. E elas são de uma cor diferente porque
tem uma composição diferente. Elas são revestidas. Essas fraturas são revestidas
de materiais orgânicos. Além disso, toda essa região, a região do pólo sul,
possui temperaturas elevadas. É o lugar mais quente do planeta, do corpo. Isso
é tão bizarro quanto descobrir que a Antártica na Terra é mais quente que os
trópicos.
E então, quando nós tiramos mais fotos,
descobrimos que dessas fraturas são expelidos jatos de finas partículas de gelo
que se estendem por centenas de milhas para o espaço. E quando nós colorizamos
essa imagem para realçar os fracos níveis de luz, nós vemos que esses jatos
alimentam uma pluma que nós de fato vemos, em outras imagens, se estende por
milhares de milhas para o espaço sobre Encélado. Meu time e eu examinamos
imagens como essa, e como essa, e pensamos sobre os outros resultados de
Cassini, E nós chegamos à conclusão de que esses jatos podem estar irrompendo a
partir de bolsões de água líquida sob a superfície de Encélado.
Então nós temos, possivelmente, água
líquida, materiais orgânicos e calor em excesso. Em outras palavras, nós
provavelmente nos topamos com o Graal da exploração planetária moderna. Ou, em
outras palavras, um ambiente que é potencialmente adequado para organismos
vivos. E eu não acho que eu preciso lhes dizer que a descoberta de vida em
algum outro lugar do nosso sistema solar, quer seja em Encélado ou outro lugar,
teria enorme implicações culturais e científicas. Porque se nós pudéssemos
demonstrar que a Gênese ocorreu não uma, mas duas vezes, independentemente em
nosso sistema solar, então isso significa, por dedução, que ela ocorreu um
imenso número de vezes através do universo e durante sua história de 13,7
milhões de anos.
Neste momento, a Terra é o único planeta que
conhecemos que está repleto de vida. Ela é preciosa, é única, ela ainda é, até
agora, o único lar que conhecemos. E se qualquer um de vocês esteve alerta e
coerente nos anos 60 -- e nós perdoamos se você não esteve, Ok -- você se
lembraria dessa famosa imagem tirada pelos astronautas da Apollo VIII em 1968.
Foi a primeira vez que a Terra foi fotografada do espaço, e ela teve um enorme
impacto na percepção do nosso lugar no universo, e nosso senso de
responsabilidade pela proteção de nosso próprio planeta.
Bem, nós, com a Cassini, também tiramos uma
"primeira" equivalente, uma imagem que nenhum olho humano viu antes.
É um eclipse total do Sol, visto do outro lado de Saturno. E nessa foto
inacreditavelmente bela você vê os principais anéis de Saturno contra a luz do
Sol, você vê a imagem refratada do Sol e você vê o anel criado, na verdade,
pelas exalações de Encélado. Mas como se isso não fosse brilhante o suficiente,
nós podemos achar nessa bela imagem, uma vista do nosso próprio planeta,
embalado nos braços dos anéis de Saturno.
Agora, existe algo profundamente comovente
em a nós mesmos de tão longe, e capturar a vista do nosso pequeno planeta
azul-oceano nos céus de outros mundos. E isso, e a perspectiva de nós mesmos
que ganhamos disso, pode ser, no final, a melhor recompensa que receberemos
dessa jornada de descobertas que começamos meio século atrás. E muito obrigado.
Ataque dos Titãs é um mangá
escrito e desenhado pelo japonês Hajime Isayama, lançado em 2010 e que chegou ao
Brasil em novembro de 2013 pela Panini Comics. O primeiro número esgotou-se
rapidamente e uma segunda edição chegou nas bancas no mês de janeiro, quase
junto com o número dois. Para quem não sabe, os mangás são os quadrinhos
japoneses, cujas principais características são os desenhos de pessoas com
olhos gigantes e a leitura no sentido oriental, da direita para a esquerda. A
história se passa em um futuro distópico onde a civilização foi destruída por
gigantes parecidos com zumbis, que comem seres humanos e são quase invulneráveis.
O que aparentemente sobrou da humanidade vive em uma gigantesca área cercada
por três muros concêntricos de 50 metros de altura em um mundo com tecnologia
que lembra um pouco o steampunk.
Todos vivem bem há mais de cem anos sem qualquer ataque, quando um titã
gigantesco aparece e faz um buraco na muralha mais externa e uma invasão de
titãs começa. Milhares morrem, incluindo a mãe do protagonista, um garoto
chamado Eren Yeager, que sonha em conhecer o mundo além das muralhas.
Ataque dos Titãs #2
Depois do massacre, Eren e sua
irmã, uma garota chamada Mikasa Ackerman, alistam-se no exército responsável
por fazer o policiamento das cidades, proteger as muralhas e realizar missões
de reconhecimento nas florestas além das muralhas para tentar descobrir mais
sobre os titãs. Como armas os soldados deste exército utilizam o Equipamento de
Manobras Tridimensionais, que é um cilindro de gás pressurizado que fica nas
costas do combatente, com dois jatos laterais presos nas pernas para voos
curtos, que também disparam arpões presos a cabos de aço e servem de bainhas
para duas espadas, com dois controles manuais que ficam presos aos cabos destas.
A história é muito violenta e com
classificação de imprópria para menores de 16 anos. As cenas dos titãs
mastigando as pessoas são chocantes e há muitas mortes, mutilações e sangue nas
páginas. O que achei mais legal na história foi o visual dos soldados em seus
Equipamento de Manobras Tridimensionais e o mistério em torno da origem dos
titãs, que aparentemente matam os humanos não para se alimentar, mas com o
simples propósito de destruí-los. A trama é envolvente e quando comecei a ler
não consegui parar até acabar o primeiro volume.
Imagem do anime de Ataque dos Titãs
Também existem um anime, jogos de
vídeo game e está sendo produzido um filme em live action previsto para estrear em 2015. O anime ainda não foi
lançado no Brasil, mas dado o sucesso que o mangá tem feito no país, com os
exemplares se esgotando nas bancas no dia em que são lançados, isto é só uma questão
de tempo. Ataque dos Titãs está saindo em volumes com quatro números
encadernados com 196 páginas no total, por apenas R$ 11,90, e os números 1 e 2
ainda podem ser encontrados nas bancas. Ataque dos Titãs é uma boa entrada no fascinante
mundo dos mangás.
Esta é a transcrição da
fantástica palestra do físico do CERN Brian Cox, um dos melhores divulgadores
da ciência da atualidade, autor de diversos livros e apresentador de diversos
documentários que pretendo divulgar aqui em breve. Nesta palestra ele fala um
pouco sobre a importância da ciência para a humanidade, principalmente as áreas
voltadas para a exploração dos limites do conhecimento, como por exemplo a
exploração do espaço e a física de partículas. São áreas que exigem o trabalho
de milhares de técnicos, engenheiros e pesquisadores e consomem bilhões anualmente,
cujos recursos sempre são diminuídos em tempos de crise. Ele nos mostra como as
descobertas realizadas pela ciência tornam possíveis tecnologias que rendem
muito mais recursos do que aqueles que são aplicados.
Mas infelizmente os governos
ainda consideram os investimentos em ciências como gastos desnecessários e
ainda gastam milhares de vezes mais com gastos militares do que com pesquisa.
Isto falando de países desenvolvidos, que ainda investem, pois se falarmos
sobre países em desenvolvimento como o Brasil...
Para ver o vídeo legendado clique
aquie em Show transcript acione
as legendas Portuguese, Brazilian.
Brian
Cox: Por que precisamos dos exploradores
Nós vivemos em tempos econômicos difíceis e
desafiadores, é claro. E uma das primeiras vítimas de tempos econômicos
difíceis, é gasto público de qualquer natureza, mas certamente na linha de tiro
no momento é gasto público com ciência, em específico a ciência levada pela
curiosidade e exploração. Então, quero tentar convencê-los em cerca de 15
minutos que isso é uma coisa ridícula de se fazer.
Mas para explicar a situação, quero mostrar
-- o próximo slide não é uma tentativa de mostrar o pior TED slide na história
do TED, mas é um pouco desorganizado. (Risos) Na verdade, não é minha culpa; é
do jornal The Guardian. E é na verdade uma linda demonstração de quanto a
ciência custa. Pois, já que eu quero falar sobre continuar investindo em
ciência pela curiosidade e exploração, devo mostrar o quanto custa. Este é um
jogo chamado "ache o orçamento para a ciência." Este é o gasto governamental
do Reino Unido. Como podem ver, é cerca de 620 bilhões por ano.
O orçamento da ciência está -- se olharem
para a esquerda, tem um conjunto de bolhas roxas e um conjunto de bolhas
amarelas. E é um dos conjuntos de bolhas amarelas em volta da grande bolha
amarela. É cerca de 3,3 bilhões de libras por ano dos 620 bilhões. Isso
financia tudo no Reino Unido de pesquisa médica, exploração espacial, aonde eu
trabalho, na CERN em Genebra, física de partículas, engenharia, até mesmo artes
e humanitárias, financiados pelo orçamento da ciência, que é minúscula bolha
amarela de 3,3 bilhões em volta da bolha laranja no canto esquerdo da tela. É
sobre isso que estamos discutindo. Aquela porcentagem, na verdade, é mais ou
menos a mesma nos EUA, na Alemanha e na França. Pesquisa e Desenvolvimento na
economia, financiado pelo governo, consiste em cerca de 0,6% do PIB. Então é
isso que estamos discutindo.
A primeira coisa que quero dizer, e isso vem
direto do [programa da BBC] "Maravilhas do Sistema Solar," é que nossa
exploração do sistema solar e do universo nos mostrou que é indescritivelmente
lindo. Esta é uma foto que foi mandada pela sonda espacial Cassini em Saturno,
depois que filmamos "Maravilhas do Sistema Solar." Então não está na
série. É da lua Encélado. Então aquela esfera grande no canto é Saturno, que
está no fundo da foto. E aquela crescente ali é a lua Encélado, que é tão
grande quanto às Ilhas Britânicas. Tem cerca de 500 km de diâmetro. Lua
minúscula. O que é fascinante e lindo... esta é uma foto não processada, devo
dizer. É preta e branca, direto da órbita de Saturno.
O que é lindo é -- vocês podem ver ali na
borda tufos de uma quase fumaça bem fraca saindo da borda. É assim que
visualizamos isso no "Maravilhas do Sistema Solar." É uma imagem linda.
Descobrimos que aqueles tufos fracos são na verdade fontes de gelo saindo da
superfície desta lua minúscula. É fascinante e lindo por si só, mas achamos que
o mecanismo que que dá força a essas fontes requer a existência de lagos de
água líquida embaixo da superfície desta lua. E o importante nisso é que, no
nosso planeta, na Terra, aonde encontramos água líquida, encontramos vida.
Então, encontrar fortes evidências de líquido, poças de líquido, abaixo da
superfície de uma lua a mais de um bilhão de quilômetros da Terra é realmente
impressionante. O que estamos dizendo essencialmente é que talvez haja um
habitat para vida no sistema solar. Bom, isso foi um gráfico. Eu quero mostrar
esta foto. É mais uma foto de Encélado. Foi quando Cassini voou embaixo de
Encélado. Foi um voo bem baixo, somente alguns quilômetros acima da superfície.
E, de novo, uma foto real das fontes de gelo levantando para o espaço,
absolutamente fascinante.
E este não é o primeiro candidato à vida no
sistema solar. Existe um lugar, que é uma lua em Júpiter, Europa. E tivemos que
voar até o sistema Joviano para ter uma ideia de que esta lua, assim como
outras luas, não era apenas uma bola morta de rochas. É na verdade uma lua de
gelo. Estamos olhando para a superfície da lua Europa, que é uma camada grossa
de gelo, provavelmente uns 100 km. Mas ao medir a maneira que Europa interage
com o campo magnético de Júpiter, e ao observar como as rachaduras no gelo que
vocês veem ali naquele gráfico se movem inferimos enfaticamente que existe um
oceano de líquido envolvendo toda a superfície de Europa. Então abaixo do gelo,
existe um oceano de líquido em volta da lua. Achamos que poderia ter
quilômetros de profundidade. Achamos que é água salgada, e isso significa que
existe mais água nessa lua de Júpiter do que existe em todos os oceanos da
Terra juntos. Então esse lugar, uma lua ao redor de Júpiter, é provavelmente o
primeiro candidato para achar vida numa lua ou num corpo fora da Terra, que
temos conhecimento. Uma descoberta enorme e linda.
Nossa exploração do sistema solar nos
ensinou que o sistema solar é lindo. Também pode ter indicado o caminho para
responder uma das questões mais profundas que podemos imaginar, "Estamos
sozinhos no universo?" Existe algum outro uso para exploração e ciência
além de questionamentos? Bem, existe sim. Esta é uma foto muito famosa tirada
na minha primeira véspera de Natal, 24 de dezembro de 1968, quando eu tinha
mais ou menos oito meses. Foi tirada pela Apollo 8 à medida que passava por
trás da Lua. O "nascer da Terra" da Apollo 8. Uma foto famosa; muitos
dizem que foi a foto que salvou 1968, que foi um ano turbulento -- a revolta
dos estudantes em Paris, o auge da Guerra do Vietnã. A razão porque muitas
pessoas pensam isso desta foto, e Al Gore disse isso muitas vezes no palco do
TED, é que esta foto foi, possivelmente, o começo do movimento ambientalista.
Porque, pela primeira vez, nós vimos nosso mundo não como um lugar sólido,
imóvel e meio que indestrutível, mas um mundo muito pequeno e frágil pendurado
na escuridão do espaço.
O que geralmente não é dito sobre exploração
espacial, sobre o programa Apollo, é a sua contribuição econômica. Ao mesmo
tempo que você argumenta que foi uma façanha tremenda e maravilhosa e
proporcionou fotos como esta, foi muito caro, certo? Na verdade, muitos estudos
foram feitos sobre a efetividade econômica, o impacto econômico do [programa]
Apollo. O maior deles foi em 1975 pela Chase Econometrics. E mostrou que para
cada dólar gasto no Apollo, 14 dólares retornaram para economia dos EUA. Então
o programa Apollo se pagou em inspiração, em engenharia, conquistas e ao
inspirar jovens cientistas e engenheiros 14 vezes mais. Então exploração pode
se pagar.
E quanto à descoberta científica? E quanto
ao incentivo à inovação? Isto parece uma foto de quase nada. Isto é uma foto do
espectro de hidrogênio. Nos anos 1880, 1890, muitos cientistas, muitos
observadores, olharam para a luz que saía dos átomos. E eles viram imagens
estranhas como esta. O que você vê quando coloca isso através de um prisma é
que você esquenta hidrogênio e isso não brilha como uma luz branca, isso emite
luz em cores específicas, vermelho, azul claro, alguns azuis escuros. Isso
levou a um entendimento da estrutura atômica pois isso explica que o átomo é um
núcleo singular com elétrons movendo-se ao seu redor. E os elétrons só podem
estar em lugares específicos. E quando eles pulam para o próximo lugar possível
e voltam para o lugar anterior, eles produzem luz de cores específicas.
Então o fato de que os átomos quando
aquecidos emitirem luz de cores muito específicas, foi um dos incentivos chave
que levou ao desenvolvimento da teoria quântica, a teoria das estruturas dos
átomos. Eu gostaria de mostrar esta foto pois isso é extraordinário. Esta é uma
foto do espectro do Sol. E esta é uma foto de átomos na atmosfera do Sol
absorvendo luz. E novamente, eles só absorvem luz em cores diferentes quando
elétrons pulam e voltam, pulam e voltam. Mas olhem para o número de linhas
pretas naquele espectro. E o elemento Hélio foi descoberto somente por observar
a luz do Sol porque algumas das linhas pretas vistas não correspondiam a um
elemento existente. E é por isso que Hélio é chamado de Hélio. É chamado
"helios" -- helios do Sol.
Isso pode parecer esotérico, e na verdade
foi uma busca esotérica, mas a teoria quântica rapidamente levou ao
entendimento dos comportamentos dos elétrons em matérias, como o silício, por
exemplo. A maneira como o silício se comporta, o fato de podermos construir
transístores, é um fenômeno puramente quântico. Então sem o entendimento levado
pela curiosidade da estrutura dos átomos, que resultou nessa teoria esotérica,
mecânica quântica, não teríamos os transístores, não teríamos chips de silício,
não teríamos o que é simplesmente a base da nossa economia moderna.
Tem mais uma surpresa neste conto
maravilhoso. Em "Maravilhas do Sistema Solar," enfatizamos várias
vezes que as leis da Física são universais. Uma das coisas mais incríveis sobre
a Física e a compreensão da natureza que temos na Terra, é que podemos
transportar, não somente aos planetas, mas até as estrelas e galáxias mais
distantes. E uma das previsões surpreendentes da mecânica quântica, somente ao
olhar para estrutura dos átomos -- a mesma teoria que descreve os transístores
-- é não existem estrelas no universo que atingiram o fim de sua vida que são
maiores que, especificamente, 1,4 vez a massa do Sol. Este é o limite imposto à
massa das estrelas. Você pode calcular num pedaço de papel no laboratório,
pegar um telescópio, apontar para o céu e descobrir que não há estrelas mortas
maiores do que 1,4 vez a massa do Sol. Esta é uma previsão incrível.
O que acontece quando se tem uma estrela
quase no limite dessa massa? Bem, esta é uma foto. Esta é uma foto de uma
galáxia, uma galáxia típica "nosso jardim" com, o quê?, 100 bilhões
de estrelas como nosso Sol. É somente uma das bilhões de galáxias no universo.
Existem bilhões de estrelas no centro galático, e é por isso que brilha tão
intensamente. Está distante cerca de 50 milhões de anos-luz, então é uma das
nossas galáxias vizinhas. Mas aquela estrela brilhante ali é uma das estrelas da
galáxia. Então aquela estrela também está distante 50 milhões de anos-luz. É
parte da galáxia, e brilha tão intensamente quanto o centro da galáxia com um
bilhão de estrelas. É uma explosão supernova Tipo 1a. É um fenômeno incrível
porque é uma estrela que só está lá. É chamada de anã carbono-oxigênio. Ela é
mais ou menos 1,3 vez a massa do Sol. E tem uma companhia binária que move ao
seu redor, então uma estrela grande, uma grande bola de gás. E o que ela faz é
sugar o gás da sua estrela companheira, até chegar ao limite chamado limite
Chandrasekhar, e então ela explode. Ela explode e ela brilha tão intensamente
quanto um bilhão de estrelas por cerca de duas semanas, e ela libera não
somente energia, mas uma quantidade enorme de elementos químicos no universo.
Na verdade, aquela é uma anã carbono-oxigênio.
Agora, não havia carbono e oxigênio no
universo no Big Bang. E não havia carbono e oxigênio no universo durante a
primeira geração de estrelas. Foi produzido em estrelas como esta, aprisionado
e então devolvido ao universo em explosões como essa para então recondensar em
planetas, estrelas, novos sistemas solares e, de fato, pessoas como nós. Acho
que esta é uma demonstração extraordinária do poder e beleza e universalidade
das leis da Física, porque entendemos o processo, porque entendemos a estrutura
dos átomos aqui na Terra.
Esta é uma citação que achei -- estamos
falando sobre acaso aqui -- de Alexander Fleming. "Quando eu acordei logo
após a aurora em 28 de setembro de 1928, certamente não planejei revolucionar
toda a medicina ao descobrir o primeiro antibiótico do mundo." Agora, os
exploradores do mundo do átomo não pretendiam inventar o transístor. E
certamente não pretendiam descrever a mecânica das explosões de supernovas, que
acabou no fim nos dizendo onde os blocos de montar da vida foram sintetizados
no universo. Então, acho que ciência pode ser -- acaso é importante. Pode ser
lindo. Pode revelar coisas surpreendentes. Também pode finalmente revelar as
ideias mais profundas sobre nosso lugar no universo e realmente o valor do
nosso planeta.
Esta é uma foto espetacular do nosso
planeta. Não parece ser o nosso planeta. Parece ser Saturno porque, é claro, é
Saturno! Foi tirada pela sonda espacial Cassini. Mas é uma foto famosa, não por
causa da da beleza e majestade dos anéis de Saturno, mas por causa de um
pequeno ponto apagado pendurado embaixo de um dos anéis. E se eu aumentar a
área, vocês podem ver. Parece ser uma lua, mas é na verdade uma foto da Terra.
Foi uma foto da Terra tirada naquela parte de Saturno. Aquele é o nosso planeta
a mais de um bilhão de quilômetros de distância. Acredito que a Terra tem um
estranho fator que quanto mais nos distanciamos dela, mais linda ela se parece.
Mas esta não é a foto mais distante ou mais
famosa do nosso planeta. Foi tirada por essa coisa, que é chamada de nave
Voyager. E esta é uma foto minha na frente da nave para uma ideia de tamanho. A
Voyager é uma máquina minúscula. Está atualmente a 16 bilhões de quilômetros da
Terra, transmitindo com aquela "antena" com uma potência de 20 watts,
e ainda estamos em contato com ela. Visitou Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. E
depois que a nave visitou esses quatro planetas, Carl Sagan, que é um dos meus
maiores heróis, teve a maravilhosa ideia de girar a Voyager e tirar uma foto de
cada planeta visitado. E tirou esta foto da Terra. É difícil ver a Terra ali, é
chamada de foto do "Ponto Azul Fraco", mas a Terra está suspensa
naquela faixa de luz. Esta é a Terra a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros.
E eu gostaria de ler para vocês o que Sagan
escreveu sobre isso, para terminar, porque eu não consigo achar palavras tão
lindas para descrever o que ele viu na foto que ele acabou tirando. Ele disse:
"Considere de novo aquele ponto. Aquilo é aqui. Aquilo é nossa casa.
Aquilo somos nós. Sobre ele, todos que você ama, todos que você conhece, todos
que você já ouvir falar, cada ser humano que já viveu sua vida. O conjunto de
alegria e sofrimento milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas
confiantes, cada um que caça e busca comida, cada herói e covarde, cada criador
e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal apaixonado,
cada mãe e pai, criança esperançosa, inventor e explorador, cada professor de
moral, cada político corrupto, cada celebridade, cada líder supremo, cada santo
e pecador na história de nossa espécie, viveu ali, numa bola de poeira,
suspensa num raio de sol. Foi dito que astronomia é uma experiência humilde e
formadora de caráter. Talvez não haja demonstração melhor da insensatez da
prepotência humana do que esta imagem distante do nosso pequeno mundo. Para
mim, isso destaca nossa responsabilidade em lidar melhor com os outros, e
preservar e estimar o ponto azul fraco, o único lar que conhecemos."
Lindas palavras sobre o poder da ciência e
exploração. O argumento foi sempre dito, e sempre será dito, que conhecemos o
suficiente sobre o universo. Poderia ser dito nos anos 1920; não teríamos tido
a penicilina. Poderia ser dito nos anos 1890; não teríamos o transístor. E é
dito hoje nessa época de dificuldades econômicas. Certamente, sabemos o
suficiente. Não precisamos descobrir mais nada sobre o universo.
Deixarei as últimas palavras para alguém que
está rapidamente se tornando um herói meu, Humphrey Davy, que foi cientista na
virada do século 19. Ele estava claramente sob fogo cruzado o tempo todo.
Sabemos o suficiente na virada do século 19. Apenas explore, apenas construa
coisas. Ele disse isso: "Nada é mais fatal para o progresso da mente
humana do que achar que nossas visões da ciência são definitivas, que nossos
triunfos são completos, que não há mistérios na natureza, e que não há mundos
novos a conquistar."
All You Need Is Kill (Haikasoru/VIZ Media, 2011), é um livro de
ficção científica militar do escritor japonês Hiroshi Sakurazaka. Nele a
humanidade luta há décadas contra uma horda de alienígenas conhecidos como mimics, que estão tornando o planeta
Terra inabitável. Acompanhamos então a história do soldado Keiji Kiriya, um recruta
da divisão de armaduras de combate do exército japonês que morre em sua
primeira batalha mas acorda no dia anterior à sua morte. Antes de morrer ele
encontra a lendária Full Metal Bitch,
uma supersoldado das forças especiais americanas que luta com um machado
gigantesco e vale por um exército inteiro. Não importa o que aconteça, ele
sempre acaba morrendo e retornando ao mesmo dia anterior à batalha e decide
então aproveitar a situação para melhorar suas habilidades de combate, como se
tudo não passasse de um grande jogo de vídeo game. Em seu novo treinamento ele
é ajudado pelo Sargento Ferrell Bartolome, um veterano de muitas batalhas
contra os mimics, e que curiosamente
é brasileiro, e por Rita Vrataski, a Full
Metal Bitch.
HQ de All You Need Is Kill
O livro é muito bom, com combates
sensacionais. Apesar de se tratar de uma guerra contra alienígenas, o
relacionamento entre os soldados e as a descrição das batalhas são espetaculares.
O personagem principal é muito bem desenvolvido e a história nos passa algo
próximo ao que deve ser perder um companheiro em uma guerra. A explicação do loop temporal em que o soldado Keiji
Kiriya está preso e a origem e motivação dos mimics, são bem coerentes e fundamentais no desenvolvimento da trama.
O desfecho é arrasador e nos deixa chocados no final. Particularmente gostei
muito da Rita Vrataski, a Full Metal
Bitch, e de sua opção, em meio de uma guerra com armaduras tecnológicas de
última geração, pelo uso do milenar machado e sua justificativa para tal, que é
bem sensata.
Mangá de All You Need Is Kill
Poster do filme Edge of Tomorrow
O livro está sendo adaptado para
o cinema americano sob o nome Edge of
Tomorrow, com Tom Cruise no papel principal e Emily Blunt como Rita Vrataski/Full
Metal Bitch, com estreia prevista para junho de 2014. Há ainda uma adaptação
para mangá desenhada por Takeshi Obata, conhecido pelos desenhos de Hikaru No Go, Death Note e Bakuman, que começou a sair em janeiro
de 2014 no Japão. Uma adaptação para os quadrinhos nos Estados Unidos está
programada para ser lançada em maio de 2014, cuja capa horrorosa foi divulgada
no ano passado.
Emily Blunt como Full Metal Bitch
Editoras brasileiras, lancem logo
este livro em português por que o filme está chegando! Não demorem os mais de
trinta anos que levaram para lançar por aqui o Forever War, do Joe Haldeman. Para quem dominar o inglês e não
tiver paciência, há uma versão para o Kindle
que você pode comprar pela Amazon e ler
de imediato.
O assunto mais falado do momento é
a questão dos rolezinhos, que são reuniões com dezenas ou até centenas de
jovens, marcadas pelas redes sociais e que acontecem principalmente em shopping
centers. Eles têm reunido milhares de jovens, causado alguns transtornos e munido
os meios de comunicação com uma boa dose de polêmica. Já ouvi de tudo quando se
fala sobre o assunto. Alguns os consideram perturbação da ordem pública, outros
os consideram manifestações democráticas de protesto. A forma como os shoppings
têm tentado barrar estas multidões de adentrar suas portas tem sido criticada
por muitos, e até palavras como apartheid, fascismo e racismo eu já ouvi por
aí.
Vamos imaginar dois casos
hipotéticos:
1) Você
está em um shopping center (não tenha vergonha de imaginar, pois não há nada
errado em frequentar um, afinal milhões de brasileiros frequentam e trabalham
neles, sejam pobres ou ricos) e um grupo de uns cinco jovens que estava
passeando pelas lojas decide ir para a praça de alimentação. Estão conversando
e se divertindo sem perturbar ninguém quando aparecem alguns seguranças e
policiais e os expulsam do shopping sem justificativa.
2) Você
está no mesmo shopping center, mas temos um grupo não de cinco, mas de duzentos
jovens, cantando e gritando ofensas às pessoas presentes. Tente imaginar como
você se sentiria quando esta multidão viesse em sua direção. Você sentiria
medo? Seria correto sentir medo em uma situação destas? Continuando nosso caso imaginário,
as pessoas ao verem a turba correm apavoradas, as lojas fecham as portas e logo
em seguida vem a segurança do shopping e a polícia e expulsam o grupo do
shopping.
Não sei você, mas por um
brevíssimo momento um tênue pensamento surgido em algum recanto escondido da
minha consciência me diz que os dois casos são bem diferentes. Mas após tantos "dotôres" e "intelectualóides" classificarem o segundo caso como segregação social
e violação dos direitos e garantias individuais, e eu ter achado que isso só
ocorreria na primeira hipótese e não na segunda, acho que há alguma coisa
errada comigo. Talvez eu seja um escroto, ditador, mau caráter, fascista, racista
e intolerante. Um ser desprezível.
Acho que existem direitos como a
liberdade de expressão, educação, ir e vir, e tantos outros, que ninguém questiona
e toda pessoa sensata concorda, assim como acredito que todos deveriam abominar
a segregação social, o racismo e a violência. Mas como ocorre em toda discussão
polêmica, certos ideais nobres e belos não poderiam deixar de sequestrados
pelos guardiães da hipocrisia e do politicamente correto. O respeito aos
direitos do cidadão e o combate à discriminação são bandeiras que todos gostam
de levantar e ideais que qualquer um concordaria em apoiar.
O grande problema é que existem
aqueles que promovem a desordem e a violência, mas não querem assumir que estão
hasteando a bandeira do crime, mas sim, as bandeiras do respeito aos direitos
do cidadão e a do combate à discriminação, pois estas são mais bonitinhas e bem
vistas pela sociedade quando estão no alto de seus mastros. É como um navio
pirata que em vez de hastear aquela bandeira negra com a caveira e os ossos
cruzados hasteia uma branca com uma pomba carregando um ramo verde, mas que
continua saqueando, matando e roubando pelos sete mares. Faça o que eu digo,
mas não faça o que eu faço, ou talvez aquela do lobo na pele de cordeiro. Talvez
sejam estas as ideias destas pessoas.
O ano de 2013 foi um ano de muitos livros lidos, 58 no total. Foram 14.922 páginas, segundo o “paginômetro” do Skoob. Não foi o ano em que li mais livros, mas também não foi o que
li menos. O grande destaque foi que vários deles foram lidos no Kindle, o leitor de ebooks da Amazon.
Continuo sendo um fã dos livros impressos, mas para os livros importados, quase
todos que li foram digitais. Outra novidade foi que comecei a ler livros em
espanhol, então agradeço muito a minhas maestras
Paloma e Carla pela ajuda no vocabulário e gramática. Toda vez que aprendemos a
ler em um novo idioma, um novo universo de possibilidades de leituras se abre à
nossa frente. Destaco também a minha entrada no Skoob, uma rede social de leitores de livros para quem está cansado
das idiotices do Facebook.
Infelizmente não registrei os quadrinhos que li no ano que se passou, mas
pretendo começar em 2014. Segue abaixo a longa lista:
FICÇÃO
(13 LIVROS)
Kafka à Beira-Mar
Haruki Murakami - 576 páginas – Alfaguara
O Bom Soldado
Ford Madox Ford - 240 páginas – Objetiva
Um Conto de Natal
Charles Dickens - 146 páginas - L&PM
O Lado Bom da Vida
Matthew Quick - 256 páginas – Intrínseca
As Aventuras de PI
Yann Martel
- 371 páginas - Nova Fronteira
1Q84 – Livro 2
Haruki Murakami - 376 páginas – Alfaguara
As Crônicas de Gelo e Fogo Vol. 3 - A Tormenta de
Espadas
George R. R. Martin - 884 páginas - LeYa Brasil
Glória Sombria
Roberto de Sousa Causo - 176 páginas – Devir
Em Algum Lugar do Passado
Richard Matheson - 364 páginas - Edições Bestbolso
O Pacto
Joe Hill - 320 páginas – Sextante
Lolita
Vladimir Nabokov - 320 páginas - Biblioteca Folha
Juliette Society
Sasha Grey - 236 páginas - Quinta Essência
Proibida – The Black Door
Velvet - 276 páginas - Novo Século
COLETÂNEAS DE CONTOS (4
LIVROS)
Duplo Fantasia Heroica 2
Christopher Kastensmidt, Roberto de Sousa Causo -
128 páginas – Devir
Space Opera II
Carlos Orsi, Fábio Fernandes, Lidia Zuin, Marcelo
Augusto Galvão, Octavio Aragão, Roberto de Sousa Causo, Tibor Moricz, Carlos
Orsi, Fábio Fernandes, Lidia Zuin, Marcelo Augusto Galvão, Octavio Aragão, -
384 páginas – Draco
As Armas Secretas
Julio Cortázar - 160 páginas – Bestbolso
O Casamento da Lua
Vários autores - 128 páginas - Boa Companhia
POESIA (3 LIVROS)
Cartas a Um Jovem Poeta
Rainer Maria Rilke - 123 páginas – Globo
Caderno H
Mario Quintana - 368 páginas – Alfaguara
Para Viver com Poesia
Mario Quintana - 118 páginas - Editora Globo
NÃO-FICÇÃO (20 LIVROS)
Política – Quem Manda, Por Que Manda, Como Manda
João Ubaldo Ribeiro - 192 páginas – Objetiva
Imobilismo em Movimento
Marcos Nobre - 216 páginas - Companhia das Letras
Story – Substância, Estrutura, Estilo e os
Princípios da Escrita de Roteiro
Robert Mckee - 432 páginas - Arte e Letra
Vou Chamar a Polícia
Irvin D. Yalom - 264 páginas – Agir
A Incrível Viagem de Shackleton
Alfred Lansing - 352 páginas – Sextante
A Magia da Realidade
Richard Dawkins - 272 páginas - Companhia das
Letras
Por Que o Mundo Existe?
Jim Holt - 320 páginas – Intrínseca
1889
Laurentino Gomes - 416 páginas - Globo Livros
A Filosofia de Tyrion Lannister
George R. R. Martin - 160 páginas – LeYa
Roube Como Um Artista
Austin Kleon - 160 páginas – Rocco
Oficina de Escritores
Stephen Koch - 315 páginas - Martins Fontes
O Amor
André Conte-Sponville - 120 páginas - Martins
Fontes
Quem Disse Que Não Tem Discussão?
Alberto Carlos Almeida - 308 páginas – Record
Não Há Dia Fácil
Mark Owen, Kevin Maurer - 264 páginas – Paralela
Escrever Melhor
Dad Squarisi, Arlete Salvador - 224 páginas –
Contexto
Cartas a Um Jovem Escritor
Mario Vargas Llosa - 182 páginas - Campus /
Elsevier
Os Segredos da Criatividade
Silvia Adela Kohan - 104 páginas – Gutenberg
Escrever Com Criatividade
Luciano Martins - 120 páginas – Contexto
O Livro da Economia
Vários - 352 páginas - Globo Livros
Pura Picaretagem
Daniel Bezerra, Carlos Orsi - 176 páginas – LeYa
LIVROS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
(18 LIVROS)
EM INGLÊS
First Landing
Robert Zubrin - 272 páginas - Ace
Stories of Your Life and Others
Ted Chiang - 320 páginas - Big Mouth House
The Elephant Vanishes
Haruki Murakami - 336 páginas – VINTAGE
Writing Fiction for Dummies
Randy Ingermanson, Peter Economy - 384 páginas -
For Dummies
Living Off the Land In Space
Gregory L. Matloff - 247 páginas – Copernicus
Mars Direct – Space Exploration, the Red Planet,
and the Human Future
Robert Zubrin - 50 páginas - Penguin / Tarcher
Godless And Free
Pat Condell - 272 páginas - lulu.com
The Story Template
Amy Deardon - 260 páginas - Taegais Publishing
The Roving Mind
Isaac Asimov - 349 páginas - Prometheus Books
Make Good Art
Neil Gaiman - 80 páginas - William Morrow
Interplanetary Outpost - The Human and Technological Challenges of Exploring the Outer Planets
Erik Seedhouse - 261 páginas – Springer
The "Alabama Insert"
Richard Dawkins - 52 páginas - NewSouth Books
The Debunking Handbook
John Cook, Stephan Lewandowsky - 9 páginas - University
of Queensland
The Anatomy of Story
John Truby - 445 páginas - Faber and Faber
EM
ESPANHOL
El Principito
Antoine de Saint-Exupery - 111 páginas – Salamandra