Capa do livro Interplanetary Outpost, de Erik Seedhouse |
No livro Interplanetary Outpost – The Human and Technological Challenges of
Exploring the Outer Planets, de Erik Seedhouse, acompanhamos os desafios
tecnológicos de uma missão ao Sistema Solar Exterior, como é chamado o domínio
dos planetas Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e suas luas, que ficam localizados
além de Marte e do Cinturão de Asteroides, centenas de milhões de quilômetros
do Sol. Apesar de ser inviável um pouso nestes planetas, que são gigantes
gasosos sem uma superfície sólida onde se pousar e possuem diâmetro e gravidade
dezenas de vezes maior que os da Terra, suas luas por outro lado são mundos a
se explorar e os locais mais promissores (junto com Marte) de abrigar vida alienígena.
A descoberta de uma forma de vida que surgiu de forma independente a partir de
matéria inorgânica em outro lugar fora do planeta Terra a partir de processos
naturais, seria a maior descoberta da história da humanidade, pois provaria que
a vida pode ser um fenômeno comum no universo e lançaria luz na questão da
origem da vida em nosso planeta.
Em uma época em que as agências
espaciais lutam para obter recursos e vontade política para uma missão a Marte,
que está localizado em nossa vizinhança planetária em uma média de 150 milhões
de quilômetros da Terra, é estranho imaginar um passo muito além, até Júpiter,
que fica a mais de 800 milhões de quilômetros do Sol. Por isso ao ler este
livro imagino ter tido a mesma sensação de uma pessoa que no fim do século XIX
e início do Século XX lia as obras de Júlio Verne e suas viagens ao centro da
Terra, ao fundo do mar e à Lua.
Nave interplanetária Nautilus-X. |
O autor Erik Seedhouse leva a
atual tecnologia astronáutica ao limite e imagina avanços que hoje só existem em
conceito ou estão em seus em estágios iniciais de desenvolvimento, como
Sistemas de Suporte de Vida Autônomos, Hibernação Humana, Sono Criogênico,
Gravidade Artificial, Propulsão Iônica, Propulsão Nuclear e outros. Alguns destas
tecnologia ainda são ficção científica e estão presentes em filmes como 2001: Uma Odisseia no Espaço, Alien - O Oitavo Passageiro, Cargo, Pandorum, Avatar e
outros.
A base para o livro é a HOPE (Human Outer Planets Exploration)
da NASA, uma missão-conceito desenvolvido pelo RASC (Revolutionary Aerospace Systems Concept) que descreve as
novas tecnologias em propulsão, suporte de vida, comunicações, robótica, entre
outras, que seriam necessárias para uma missão tripulada à lua Calisto, de
Júpiter. Calisto foi escolhida como destino em detrimento da mais promissora Europa,
também uma lua de Júpiter, dada sua posição mais afastada do poderoso campo
magnético deste planeta gigante, que produz altíssimos níveis de radiação devido
ao aprisionamento de partículas eletricamente carregadas do vento solar, que
fritou os circuitos eletrônicos das primeiras sondas enviadas pelo homem para
explorar o sistema jupiteriano e apresentaria mais um formidável desafio para a
exploração humana. Outros destinos como Titã e Enceladus, ambas luas de
Saturno, foram deixados de lado pela distância ainda maior deste planeta em
relação à Terra, em média 1,5 bilhão de quilômetros do Sol, quase o dobro da
distância de Júpiter.
A lua Calisto com Júpiter ao fundo. |
O livro é um estudo sério sobre o
tema, recheado de gráficos, fotos e dados de pesquisas em curso nos
laboratórios das agências espaciais, empresas privadas e até na Estação
Espacial Internacional. Para os entusiastas da exploração espacial vale a pena
a leitura, que nos faz imaginar um futuro possível onde a humanidade explorará
os recantos mais distantes do Sistema Solar e dará os primeiros passos que nos
levarão à expansão da presença humana no universo em busca de suas origens, sua
sobrevivência e da resposta à questão primordial: Estamos sós no universo?
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