Pobre Marinheiro (Balão Editorial, 2013), é uma história em
quadrinhos do americano S. A. Harkham, publicada no Brasil pela editora Balão
Editorial na excelente coleção Zug.
Ela é baseada no conto No Mar, do
escritor e poeta francês Guy de Maupassant, e conta a história de um homem que
vive de forma simples e feliz com sua esposa em uma localidade remota no campo.
Um dia ele recebe a visita de seu irmão, que o convida a conhecer o mundo a
bordo de um navio pesqueiro. O homem então tem de escolher entre permanecer em
seu mundo confortável ou iniciar uma aventura cheia de promessas e perigos no
mar.
S. A. Harkham |
Muito se fala em “deixar a zona
de conforto”, “saltar no escuro”, “viver a vida”, “arriscar-se mais”. Estas atitudes
são o motor de praticamente todas as histórias. O que nos faz gostar de um
personagem e nos identificar com ele é justamente a forma como ele enfrenta o dilema universal
entre permanecer em nosso mundo conhecido entre as coisas que amamos, ou
abandonar tudo e seguir por um caminho cheio de promessas de glória, mas que sempre
apresenta um perigo iminente que pode pôr tudo a perder – até nossas vidas. Na maior
parte da ficção, o personagem vence todos os obstáculos e retorna cheio de
glória em um final feliz, mas poucos relatos mostram o lado negro da derrota e
suas consequências.
Nesta história não temos o
tradicional esquema com final feliz que já é quase um cliché. Os sofrimentos e
agruras por que passa o marinheiro nos mostra que ao perseguir nossos sonhos, o
caminho pode não ser tão empolgante e o resultado pode não ser assim tão
agradável quanto nos faz crer a ficção. É trágico o destino do marinheiro, mas
inspiradora a lição que ele nos dá ao superar suas perdas e seguir em frente.
Uma grande obra que mostra todo o
poder dos quadrinhos para narrar uma história. Os desenhos tão simples, mas
mostram em poucos e belos quadros e raros diálogos, coisas que a literatura
levaria muitas páginas para descrever. É por isso que os quadrinhos são conhecidos
como a “Nona Arte”, uma fusão da escrita com o desenho com o seu modo próprio de
nos emocionar.
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