sexta-feira, 21 de março de 2014

Pobre Marinheiro, de S. A. Harkham


Pobre Marinheiro (Balão Editorial, 2013), é uma história em quadrinhos do americano S. A. Harkham, publicada no Brasil pela editora Balão Editorial na excelente coleção Zug. Ela é baseada no conto No Mar, do escritor e poeta francês Guy de Maupassant, e conta a história de um homem que vive de forma simples e feliz com sua esposa em uma localidade remota no campo. Um dia ele recebe a visita de seu irmão, que o convida a conhecer o mundo a bordo de um navio pesqueiro. O homem então tem de escolher entre permanecer em seu mundo confortável ou iniciar uma aventura cheia de promessas e perigos no mar.

S. A. Harkham
Muito se fala em “deixar a zona de conforto”, “saltar no escuro”, “viver a vida”, “arriscar-se mais”. Estas atitudes são o motor de praticamente todas as histórias. O que nos faz gostar de um personagem e nos identificar com ele é justamente a forma como ele enfrenta o dilema universal entre permanecer em nosso mundo conhecido entre as coisas que amamos, ou abandonar tudo e seguir por um caminho cheio de promessas de glória, mas que sempre apresenta um perigo iminente que pode pôr tudo a perder – até nossas vidas. Na maior parte da ficção, o personagem vence todos os obstáculos e retorna cheio de glória em um final feliz, mas poucos relatos mostram o lado negro da derrota e suas consequências.

Nesta história não temos o tradicional esquema com final feliz que já é quase um cliché. Os sofrimentos e agruras por que passa o marinheiro nos mostra que ao perseguir nossos sonhos, o caminho pode não ser tão empolgante e o resultado pode não ser assim tão agradável quanto nos faz crer a ficção. É trágico o destino do marinheiro, mas inspiradora a lição que ele nos dá ao superar suas perdas e seguir em frente.

Uma grande obra que mostra todo o poder dos quadrinhos para narrar uma história. Os desenhos tão simples, mas mostram em poucos e belos quadros e raros diálogos, coisas que a literatura levaria muitas páginas para descrever. É por isso que os quadrinhos são conhecidos como a “Nona Arte”, uma fusão da escrita com o desenho com o seu modo próprio de nos emocionar.



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