sábado, 24 de setembro de 2016

Trees, de Warren Ellis e Jason Howard

Trees (Image Comics) é uma nova série de quadrinhos de ficção científica escrita por Warren Ellis (Transmetropolitan, Planetary, Global Frequency, RED) e desenhada por Jason Howard (Super Dinosaur, Astonishing Wolf-Man). A série está em andamento e após vários atrasos encontra-se no nº 14 – publicado com 8 meses de atraso em relação ao nº 13! Duas edições encadernadas já foram lançadas.

Warren Ellis
A história se passa em um futuro próximo, 10 anos após uma estranha invasão alienígena. Nada de naves espaciais com ETs malignos matando pessoas com raios laser para destruir a humanidade e conquistar o planeta. Em Trees a descoberta de que não estamos sozinhos no universo veio com o surgimento de gigantescos artefatos alienígenas em forma de haste com vários quilômetros de altura, chegando até o espaço. Estas estruturas foram apelidadas de “árvores” (trees em inglês) e ninguém faz a menor ideia do que são; estão espalhadas pelo globo sem um padrão aparente e ignorando completamente a presença humana no planeta. Após o choque inicial, a humanidade acaba se acostumando à presença das misteriosas estruturas alienígenas – até favelas surgem ao redor delas no Rio de Janeiro! –, quando após anos em silêncio total, coisas estranhas começam a ocorrer e pela primeira vez surgem sinais de atividade nestes intrigantes objetos.

Jason Howard
No início da trama temos uma eletrizante sequência de ação em uma favela carioca ao redor de uma das estruturas, em que traficantes de drogas são perseguidos por uma polícia de pacificação altamente tecnológica, que utiliza drones em suas ações. As outras subtramas se passam em uma Nova York invadida pelas águas após a chegada das árvores; uma área cultural especial criada ao redor de uma árvore, chamada de Cidade de Shu, na China; uma Itália dominada por gangues fascistas, onde vive um misterioso professor aposentado; um incidente internacional envolvendo tropas militares russas nas árvores da Somália; e um grupo de cientistas em uma estação de pesquisas no ártico que parecem estar descobrindo o segredo por trás da recente atividade das árvores ao redor do mundo.

A trama criada por Warren Ellis é instigante e os desenhos de Jason Howard estão fabulosos. Há muitos mistérios na série que prendem completamente nossa atenção, com muitas conspirações e segredos guardados por alguns personagens, mas o principal deles ainda parece longe de uma resposta: afinal, o que são estas malditas árvores e qual é a intenção dos seus criadores? Espero que acabem os atrasos na série e que possamos saber algumas destas respostas em breve. Infelizmente ainda não há previsão de publicação no Brasil, e os interessados em ler a série terão que adquirir a versão digital na Comixology ou loja Kindle da Amazon; ou comprar os encadernados, que podem ser encontrados à venda no site da Amazon.com.br.





quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Ancillary Justice, de Ann Leckie

Ancillary Justice (Orbit, 2013) é um livro de ficção científica escrito pela americana Ann Leckie. É a estreia da autora, que ganhou os principais prêmios de ficção científica de 2014, entre eles o Hugo Award, Nebula Award, BSFA Award, Arthur C. Clarke Award e Locus Award, além de ter sido nomeado para diversas outras premiações.

A história se passa milhares de anos no futuro no espaço Radch, um império em permanente estado de guerra se expandindo por vários sistemas estelares da galáxia, anexando planetas e espalhando sua civilização e religião, apesar de assimilar alguns aspectos da cultura dominada – principalmente religiosos. Este império galáctico lembra muito o Império Romano, herdeiro dos gregos e que também assimilou aspectos culturais de outras civilizações em sua expansão. Já a religião lembra o cristianismo, que no início também assimilou várias características e rituais pagãos, o que facilitava a conversão entre os povos conquistados. Os Radchaai se veem como mais avançados e civilizados, e a assimilação de outras civilizações é violenta cruel, incluindo a transformação de milhares de prisioneiros em ancillaries. Neste processo a consciência é apagada, e através de implantes cibernéticos estes indivíduos passam a ser meros receptáculos das inteligências artificiais que comandam as naves de guerra e estações.

Naves do Império Radch
Acompanhamos então a história de Breq, a inteligência artificial de uma imensa nave estelar de guerra que agora habita apenas uma ancillary humana. Ela foi a única sobrevivente da destruição desta nave em uma conspiração, e se encontra sozinha e abandonada em um planeta gelado. Breq busca vingança contra o Lorde de Radch Anaander Mianaai, o imperador que de alguma forma foi o responsável pela destruição de sua nave. Em capítulos alternados, acompanhamos flashbacks que mostram Breq quando era a nave de guerra Justice of Toren e controlava milhares de ancillaries durante a conquista de um planeta oceânico. Durante o desenrolar das duas linhas narrativas alternando passado e presente, Breq descobre as raízes de uma conspiração que pode ameaçar o futuro do próprio Império Radch.

Ann Leckie
Nos capítulos em flashback a autora encontra uma forma inovadora de contar a história, através do ponto de vista em primeira pessoa da nave Justice of Toren, que se confunde com um ponto de vista em terceira pessoa, já que a consciência dela está espalhada por várias ancillaries, e desta forma, acompanhamos simultaneamente vários personagens em locais diferentes. Outro aspecto singular do romance é o fato de não haver definição de gênero – Breq se refere a todos como she (ela) – e temos muita dificuldade em definir o sexo dos personagens, mas que acaba se provando irrelevante para a história.

O livro Ancillary Justice faz parte da trilogia Imperial Radch e é seguido por Ancillary Sword (2014) e Ancillary Mercy (2015). Já há um projeto de transformar a história em uma série de televisão pela produtora Fabrik, que produz a série The Killing, para o canal Fox Television Studios. A editora Aleph prometeu o lançamento da versão em português para o segundo semestre de 2016.