segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Como Proust pode mudar sua vida

Mais um livro muito interessante do filósofo Alain de Botton, que apesar do nome que soa francês é suíço de nascimento e vive na Inglaterra. Considero-o um dos melhores popularizadores da filosofia na atualidade, junto com André Comte-Sponville, Michel Onfray, Luc Ferry, Julian Baggini, Jeremy Stangroom e Jostein Gaarder. Recentemente ele visitou o Brasil e fundou uma ONG que ensina filosofia nas comunidades que compõem o Morro do Alemão.
Neste livro ele continua seu trabalho de trazer o conhecimento dos filósofos para nos ajudar em nosso cotidiano, mostrando como a filosofia é fascinante e pode nos ajudar trazendo reflexão e conforto. Desta vez ele não utiliza um filósofo, mas o grande escritor francês Marcel Proust, que com os sete volumes que compõe o seu Em Busca do Tempo Perdido se tornou um dos maiores escritores do século XX. Em nove capítulos o autor nos apresenta a inspiradora visão de Proust sobre assuntos diversos como literatura, o sentido da vida, tempo livre, sucesso, expressar emoções, amizade, esclarecimento, amor e o hábito da leitura.
Um trecho do livro que gostei muito foi a resposta de Marcel Proust a uma enquete do jornal parisiense de L’Intransigieant feita à celebridades francesas pedindo a opinião sobre o que as pessoas fariam se soubessem que um cientista americano anunciasse um enorme cataclismo que traria o fim do mundo em breve:

Acredito que a vida nos pareceria subitamente maravilhosa se estivéssemos ameaçados de morrer da forma como você diz. Pense em quantos projetos, viagens, casos amorosos e estudos ela – a nossa vida – afasta de nós, tornando-os invisíveis devido à nossa preguiça, que, certa da existência de um futuro, os adia incessantemente.
Mas deixe todos esses projetos se tornarem impossíveis para sempre: como tudo se tornaria belo de novo! Ah! Se pelo menos o cataclismo não acontecer desta vez, não vamos deixar de visitar as novas galerias do Louvre, nem deixaremos de nos jogar aos pés da srta. X, nem viajar para a Índia.
Entretanto, se o cataclisma não acontece, nós não fazemos nada disso, porque estamos de volta ao coração da vida normal, na qual a negligência supera o desejo. E, no entanto, a verdade é que não precisamos do cataclisma para amar a vida hoje. Deveria ser suficiente pensarmos que somos humanos, e que a morte pode chegar nesta tarde.

Me recorda um pensamento de Mario Quintana:

No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem... Confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importância?

Como Proust pode mudar sua vida foi relançado pela Editora Intrínseca, que vem relançando vários títulos de Alain de Botton no Brasil e começou a lançar títulos inéditos também. Para conhecer um pouco as ideias do autor, veja uma palestra que ele deu para o TED:




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